Capítulo 3

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BOM DIA♥


Emily Soares

Depois que eu fui deixada na lanchonete pelo James, logo iniciei meu turno. Engoli diversos palavrões quando meu chefe começou a reclamar do meu atraso. O serviço ali era horrível, mas infelizmente foi o melhor que encontrei e sem depender de favores alheios.

Assim que o intervalo chegou algumas horas depois, resolvi ligar para a Aninha. Estava com muitas saudades dela e no fundo sentia-me inquieta com nossa distância. A faculdade e o trabalho estavam me consumindo.

- Oi amor. – falei assim que ouvi sua voz doce. – Está em casa?

- Estou com o papai. – respondeu. – Estávamos brincando.

- Brincando? E a mamãe?

- Ela está na vizinha, eu acho. – respondeu. – Quer falar com ela? A mamãe vai viajar mana.

Meus batimentos aceleraram.

- Viajar? – perguntei em alerta. – Para onde?

- Não sei, mana.

Ao fundo conseguia ouvir os balbucios do traste, mas não dava para discernir com clareza o que dizia.

- Está bem, amor. Pode levar o telefone até a nossa mãe, sim? É na vizinha do lado ou na que atravessa a rua?

- Na dona Maria.

- Ah ta. Então pode ir que não tem perigo.

Enquanto esperava, levantei da cadeira e me afastei um pouco dos outros funcionários. Minhas mãos estavam tremulas.

- O que foi Emily? – minutos depois, ouvi a voz da minha mãe. – Estou ocupada agora.

Revirei os olhos diante da sua estupidez.

- Porque a Ana estava sozinha em casa?

- O que você está insinuando garota? – sua voz saiu agressiva.

- Eu não estou insinuando nada. – respondi sentindo meus olhos marejarem. Sua rispidez comigo sempre me machucava. – Simplesmente fiquei preocupada.

- Não há motivos para isso. – falou com fadiga. – A propósito, amanhã precisarei viajar. Ficarei fora por uns trinta dias aproximadamente.

- E a Ana?

- Ficará com o Silvio. – respondeu como se fosse o óbvio. – Com quem mais ficaria?

- Comigo! – exclamei agitada. – Irei busca-la amanhã. – ela ficou em silencio por alguns instantes. – Mãe...

- Argh está bem. – cortou-me. – Melhor assim, pelo menos ela não fica incomodando o Silvio.

Afastei o telefone do ouvido e fechei os olhos sentindo a raiva me corroer.

- É só isso. – murmurei. – Boa viagem. – desejei com sinceridade. Apesar de tudo ela era minha mãe.

- Obrigada.

Desliguei com o coração na mão. Meus olhos estavam inundados devido as circunstâncias. Voltei a pegar o celular e dentre os contatos, selecionei o do James.

James Morais

- Porra Jorge! – exclamei pasmo ao olhar para o meu novo investimento. – Ficou incrível.

Eu sou Dela (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora