James Morais
— Tem certeza de que não quer que eu leve vocês? — perguntei novamente.
— Não se incomode James — falou pegando as coisas da menina no banco de trás do carro. — A casa fica logo ali, virando aquela esquina. — Apontou sem muita vontade. — Assim que entregá-la, pegarei um ônibus e irei direto para a academia.
Tirei dinheiro da carteira e lhe ofereci.
— Pegue um táxi. — Ela olhou o dinheiro com expressão feia. — Por favor, Emily. Eu só quero ajudar. Ônibus sempre costuma atrasar.
Relutantemente ela pegou o dinheiro. Voltei os olhos para Aninha que me olhava com semblante triste. Curvei-me e beijei sua testa docemente.
— Logo estaremos juntos novamente — murmurei vendo seus olhos amendoados brilharem.
— Nós três?
Emily coçou a garganta fazendo-me encará-la. Sua expressão estava inquieta e preocupada. Ignorei-a e voltei a dar atenção a menina.
— Você, eu e a mana — respondi sendo surpreendido com seu abraço. Ergui-a em meus braços adorando a sua risada infantil no meu ouvido. — Agora vai, e seja uma boa menina.
Soltei-a e ergui os olhos para a Emily. Seu sorriso era contido.
— Até depois James — falou virando-se e caminhando com a filha.
Retornei ao carro e acelerei em direção à academia.
Mais uma semana que se iniciava, mas a cada novo amanhecer eu sentia-me renovado e disposto a lutar por um novo propósito.
Emily Soares
Enquanto caminhava com Aninha, sentia que estava levando-a para o purgatório. Aquela sensação queimava em meu peito a ponto de me faltar o ar. Ao menos se James estivesse comigo... Droga! Odiava aquelas minhas contradições!
— Vou ficar na mamãe agora, mana?
A voz meiga da Ana chamou minha atenção. Disfarcei e com a ponta dos dedos, enxuguei algumas lágrimas teimosas, encarando-a com um sorriso.
— Por pouco tempo amor. Você quer morar comigo? — O sorriso enorme que ela deu, aqueceu meu coração.
— Quero.
— Vou lutar por isso. Vamos ficar juntas de novo. — Prometi convicta. James alimentava minhas esperanças todos os dias. — Confia em mim? — Ela concordou com a cabeça.
Apertei sua mão e continuamos o trajeto. Quando enxerguei a casa da minha mãe, minhas pernas começaram a fraquejar. As lembranças de um passado não muito distante me encheram de rancor e uma sensação de sufocamento.
Abri o portão e o mesmo rangeu chamando a atenção de quem quer que estivesse no interior da casa. Não demorei para notar a presença da minha mãe.
— Oi querida. — Eu fechava o portão enquanto ela falava com Aninha. Até tentava acreditar que ela a amava, mas no fundo, sabia que no coração dela só havia espaço para uma pessoa na face da terra. — Sentiu saudades da mãe?
Revirei os olhos diante de suas palavras. Ela parecia ter prazer em me machucar, sabia o quanto me doía não poder chamar Ana por minha filha.
— Quero conversar com a senhora mãe...
Seu olhar me encontrou e vi quando bufou audivelmente, como se minha presença a desagradasse.
— Entra — resmungou, virando-se de costas. — Estou faxinando a casa.
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Eu sou Dela (DEGUSTAÇÃO)
RomanceSINOPSE A maior aventura de amor é aquela que deixa um gostinho de quero mais, que mesmo você não aceitando, as lembranças estão ali para te dar um bom dia quando acordar. Nem sempre o verdadeiro amor bate em nossa porta em forma de flores, às vezes...