Capítulo 5

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James Morais

A rua estava repleta de pessoas que se esbarravam. O céu estava carregado e a temperatura havia caído violentamente.

Aninha parecia estar cansada e faminta no banco de trás do carro. Observei-a desviando os olhos levemente do trânsito e pude reparar nos traços semelhantes aos de Emily. Como não notei antes?

— Peço desculpas por isso. — Voltei os olhos para o lado ao ouvir a voz da Emily. — Mas minha mãe resolveu viajar de uma hora para outra e não havia ninguém para ficar com ela — murmurou apreensiva.

Toquei sua mão levemente e sorri.

— Sem problemas — falei. — Só penso que se tivesse me avisado antes, eu teria ido buscá-la com você.

— Não havia necessidade. — Sua voz soou distante. — O importante é que estamos juntas agora. — Um ensaio de sorriso brincou em seus lábios quando ela se voltou para a menina. — Minha mãe ficará fora por uns trinta dias.

— Uma boa oportunidade de vermos como será a convivência a três — murmurei divertido.

— Não brinque com algo sério para mim, James — repreendeu-me em tom baixo. — Não estou interessada em brincar de casinha com você.

Trinquei o maxilar e observei a Aninha pelo retrovisor. Ela havia pegado no sono.

— Apenas fui infeliz em minha colocação — comentei, tentando amenizar o clima. — Porém não pense que estou fazendo pouco caso.

Ela suspirou e se virou para a janela. O silêncio se instalou entre nós, enquanto prosseguíamos no trajeto. A partir daquele momento começaríamos uma jornada juntos. Constatar aquilo ainda era um pouco perturbador.

Minutos depois, precisei carregar Aninha no colo até o apartamento. Suas pequenas mãozinhas agarraram-se ao redor do meu pescoço. Ajeitei-a na cama do meu quarto e logo voltei a sala, encontrando Emily. Seu corpo estava tenso e ela parecia deslocada de alguma forma.

O desejo de abraçá-la foi suprimido quando guardei as mãos nos bolsos. Era nítido o seu cansaço, porém, insistia em lutar comigo a todo instante.

— Está com fome? — perguntei para quebrar o silencio. — Se quiser, podemos pedir pizza ou algum lanche.

— Não se incomode comigo, James — murmurou esquivando-se da minha aproximação. Coçou a garganta. — Vou dar uma olhada na Aninha.

Segurei seu braço quando ela se virou para sair. Puxei seu corpo e o fiz se aconchegar no meu. Aquela atração sexual pairando entre nós estava deixando as coisas difíceis.

— James...

— Aninha está dormindo e você sabe. Por que está agindo assim? Qual o seu medo? — Seus olhos se arregalaram e acariciei seu rosto lindo delicadamente. — Eu garanti que cuidaria de vocês, não?

Ela meneou a cabeça e suspirou.

— Sim.

— Então, o que foi?

— Estou com medo, só isso. As coisas estão acontecendo rápido demais e sinto que estou levando você comigo nessa loucura e...

— Não é loucura nenhuma você lutar por sua filha, aliás, não entendo o porquê de não ter feito isso antes. — Arrependi-me pelo tom acusatório.

Seu rosto se tornou rubro e ela me empurrou.

— Não me julgue James. — Sua voz saiu fraca. — Você sequer me conhece, não sabe nada sobre mim.

Eu sou Dela (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora