02. PAPA COOPER

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• NATALIE COOPER •

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• NATALIE COOPER •

Que coisa velha! Foi meu primeiro pensamento, assim que vi Merle Dixon entrar na caminhonete azul-desbotado.

Notei a ferrugem em alguns pontos pelo lado de fora e os pneus carecas. Nunca tinha andado em um veículo tão velho em toda minha vida. Acabei sorrindo com a ideia, adorava coisas que eu nunca tinha feito antes. Tentei abrir a porta, mas Merle teve que fazê-lo por dentro.

— A Darlyna está precisando arrumar essa lata velha. — Ouvi o homem resmungar.

Não pensei duas vezes para aceitar a carona do estranho que disse conhecer seu pai. Isso porque eu não era alguém muito ajuizada, tampouco precavida. Já tinha me dado mal por isso, mas não era como se realmente me importasse com o perigo. Eu era uma adolescente um tanto inconsequente e nunca neguei isso.

Me acomodei no banco, notando o estofado com marcas de cigarro em vários pontos, o cheiro de tabaco se misturando ao da gasolina. Merle deu a partida e o ronco do motor me pegou de surpresa.

— Nunca ouviu um carro que faz barulho, Bonequinha? — Ele quase teve que gritar pra ser ouvido.

Não respondi, apenas lancei um sorrisinho falso e sem humor. Assim que a caminhonete pegou velocidade o ronco diminuiu consideravelmente, ou talvez eu estivesse me acostumando ao barulho.

— Como conhece o Peter? — Perguntei, abrindo os vidros imundos de barro.

— Éramos parceiros nos negócios. — Respondeu o homem, em um tom que denunciava algo mais.

— Que tipo de negócios?

— O tipo de negócios que o papai não gostaria que a garotinha dele soubesse. — Retrucou, enigmático.

Revirei os olhos e voltei minha atenção para as ruas, aos poucos as casas iam ficando mais espaçadas. Reparei que as moradias não seguiam padrão algum, eram todas simples, mas cada uma de um modo. Aquilo em nada tinha a ver com meu bairro. Por lá, sempre que acordava, eu me sentia em algum tipo de cidade cenográfica. Tudo era entediantemente parecido.

— Então, Bonequinha, que ventos te trouxeram pra ver o papai aqui em "tão tão distante"? — Merle perguntou, alternando o olhar entre mim e a estrada.

— Não é uma visita. — Declarei somente.

— Uh, olha só! Filhota rebelde foge da Mamacita. O sangue Cooper não segue mesmo as regras. Mas já pensou que o Papito pode não querer companhia?

Eu não sabia bem se queria rir do jeito debochado, ou se queria socar a fuça dele. Provavelmente os dois. Mas as palavras trouxeram uma dúvida real à tona. Sim, eu tinha pensado naquilo, tinha pensado durante toda a viagem...

Estralei os dedos. Era uma das coisas que fazia quando ficava nervosa ou ansiosa. Depois apenas respirei fundo e segurei uma mecha do meu cabelo, enrolando-a no indicador.

LIFELINE¹ - BEFORE THE END | Daryl Dixon ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora