Capítulo 16

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Eu respirava lentamente tentando me acalmar, enquanto ela brincava com os dedos e parecia uma garota indefesa.

— Tory. – Ela olhou nos meus olhos, e eu pude ver medo em suas lindas Íris azuis.

— Não tenha medo de mim, eu prometo não te fazer nenhum mal, agora me diga onde fica a sua casa para que eu possa te deixar lá, por favor. – Quando ela abriu a boca para falar algo bateu no carro, e minha cara foi parar no volante. Ela me deixa desnorteado e totalmente desarmado, edqueci de colocar a porcaria do cinto.

Não esperava por esse ataque, quando olhei para a janela vi um vampiro, Tory deu um grito que doeu na minha alma de tão fino que era. Rapidamente pisei fundo no acelerador, fazendo zig zag na rua, enquanto outros estavam atrás de nós. Ela tremia de medo, e eu agradecia internamente por ela está bebada.

Quanto mais fundo eu pisava mais vampiros apareciam, e sinceramente eu não estou com paciência para isso, não hoje, a cada curva Tory gritava e olhava para o retrovisor.

— O que é isso Black? – Sua voz estava trêmula, temerosa, será que ela deveria saber? Por seu estado emocional, é melhor não.

— Ian! – gritei em meio aos ruídos altos que as rodas fazem ao derrapar na pista já molhada da fina chuva que se atrevia a cair.

— Esse é o seu nome?  – Sua voz volta ao tom normal como se tivesse esquecido do que estava acontecendo em volta.

— Sim, é o meu nome. – Falei baixo para não espanta-la de novo, enfim chegamos a uma reta, e meus Betas deram conta dos vampiros. Parei um pouco a beira da estrada para acalmar meu lobo, ele estava agitado, queria quebrar o pescoço de cada ser que se atrevesse a tentar chegar perto dela, ela é nossa.

Eu saí um pouco do carro e fiquei olhando ao redor, vendo se era seguro continuar, ou se tínhamos que esperar mais. Algo começou a vibrar em meu bolso. Peguei o celular e vi que era Rafael.

— Onde você está? – Ele perguntava ofegante.

— A beira da estrada que dá para o condomínio, e você onde está? – Sua respiração estava se acalmando aos poucos.

— Estou indo para casa, os vampiros que se atreveram a sair já foram neutralizados, e o Lycan e seus Omegas foram despistados. – Ótimo. Aquela noticia realmente me deixou feliz.

— Certo Rafael, continue seu bom trabalho em me impressionar, eu estou chegando. – Desliguei e dei um  meio sorriso vencedor. Quando entrei no carro Tory estava tremendo de frio e dormindo com a cabeça encostada na janela, peguei minha jaqueta e a cobri, aos poucos ela parou de tremer.

Tentei andar o mais devagar possível para não acorda-la, afinal não queria ver ela me fazendo um monte de perguntas, não agora. Quando chegamos em frente à minha casa eu a peguei nos braços e coloquei-a em meu verdadeiro quarto, aquele que ninguém tinha permissão de entrar, aquele que nem eu costumava dormir, pois seria guardado para quando eu achasse minha companheira, se eu a achasse... seria apenas nossos cheiros aqui, e de nenhum outro ser. Me lembro de quando Rafael me disse que isso era uma besteira, mesmo sabendo de tudo sobre os genuínos eu ainda tinha esperança quando era jovem, uma esperança que foi se apagando ao longos dos anos.

Coloco-a delicadamente na cama, tirei seu boné, seu casaco, e seus vans, a cobri, e por um momento me perdi em pensamentos. Ela está no lugar que sempre deveria ter estado, ela está ao meu lado, de onde nunca deveria sair, mas será que acontecerá assim? Será que ela vai escolher um estranho do que ao Lycan que já conhece? Será que realmente ela tem dois companheiros, ou aquele imbecil está brincando com minha paciência? Será que ela irá querer que eu a dívida com ele? Não seria um relacionamento saudável, eu o odeio, com todas as minhas forças, e tudo que eu queria era que ele entendesse que ela é só minha e que eu nunca deixaria ninguém tocar nela, e nunca a machucaria. Ela é tão delicada quanto uma flor, do nada se tornou tudo para mim, meu mundo, o centro dos meus pensamentos, ela é meu coração, e enquanto o dela estiver batendo, eu estarei vivo para protegê-la.

Isso meu rapaz, ela é nossa, e cuidaremos muito bem dela, e ela será para sempre nossa, como ja deveria ter sido a muito tempo atrás, eu não cometerei o mesmo erro rapaz, nunca mais.

Meu lobo estava estranho, quem diria, uma parte de mim escondendo algo, que irônico. Nunca me senti tão vulnerável como estou me sentindo agora, tenho medo de perde-la, nunca me senti assim, como um humano. Amar, temer, nunca fez parte da minha vida, e agora são sentimentos que estão me preenchendo sem pedir licença, nem eu sabia que tinha um lado romântico, que só desperta quando estou com ela, minha Luna, minha companheira, minha e apenas minha.

— Ian? – Rafael me tira desse turbilhão de pensamentos que estão em minha mente, e o agradeço internamente por isso, não sei ainda como vou lidar com tudo isso.

— É ela? – Ele se aproxima da cama com cuidado, e quando chega perto de mais dou um rosnado involuntário, que o faz dar um passo para trás e um sorriso de lado. —Te espero lá fora.

Eu assenti e ele saiu, deixando apenas o delicioso cheiro de lírios da minha companheira no quarto, e quero que seja sempre assim. Aproximo meu rosto do seu pescoço e inspiro, dou um beijo em sua testa e me dirijo a porta. Rafael estava na sala, lá em baixo, em questão de segundos eu também estava lá, sentado em uma poltrona de frente à dele.

— Eu estava dando uma folheada nos livros de feiticeiros, e encontrei algumas coisas. — Arqueei as sobrancelhas, indicando que não estava afim de falar, apenas de ouvir. — Como eu disse, os anjos dessa família tendem a ser muito poderosos, alguns têm até dons sobre a vida alheia, o tempo e etc. Mas nada explica como sua linhagem se entrelaça a do genuíno. – Odeio histórias.

— Qual a novidade Rafael?  – Ele me olhou como se eu fosse uma criança leiga e se tratando desse tipo de coisa eu realmente era.

— Ian, é preciso conhecer a história do seu inimigo não acha? Porém o livro não conta a história da família, ou como alguém de linhagem tão alta veio parar na terra. Muito mrnos sobre terem dois companheiros, já vi almas divididas entre irmãos gêmeos, mas pessoas sem parentesco nenhum, é um pouco estranho. – Passei a mão em cabelo rebelde.

—  Um pouco? Eu corro o risco dela me deixar por outro, eu corro o risco dela me odiar pelo que eu sou, corro o risco de alguém mata-la bem na minha frente. – Minha voz saiu como um sussurro cansado, eu não queria ter que pensar nisso, eu só queria olhar para frente, mas as vezes é preciso olhar para trás primeiro. O passado pode mudar drasticamente o futuro, o que eu não imaginava é que eu estaria tão certo, nem tudo está nos livros, a maioria das coisas está em mim mas não tenho acesso.

Em breve você saberá, ainda não é a hora Ian.

Meu lobo me adverte, e eu sei que essa hora não vai chegar tão cedo.
Despenso Rafael e volto ao meu quarto, tomo um banho rápido, e me deito ao lado dela na cama, ela dorme tão tranquila, fico observando ela dormir, até eu mesmo cair no sono.

O Alfa Indomável || L1 Indomável (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora