Capítulo 1.

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-Eu estou exausto. Não quero mais trabalhar hoje!

Seu corpo alto e elegante cai sobre o banco do carro ao meu lado. Mas eu ainda assim tento manter a compostura enquanto ele já tinha perdido totalmente a dele ao afrouxar  a sua gravata azul escura.

-Devo cancelar o discurso que você tinha programado para mais tarde? Por qual razão? Fadiga ou algo do tipo...

Ele suspira.

-Não dá. Eu tenho deveres como político. Infelizmente comparecerei em todas as reuniões com fadiga ou sem.

Olho para sua agenda, analisando seus horários como seu secretário político, tudo deveria estar as ordens.

-Bom, você tem três horas livres gostaria de voltar para casa por enquanto?

Ele sorriu. E todo minha compostura foi para o maldito espaço.

Eu estava perdido, perdido por Nevill Rudd o congressista de 32 anos mais cobiçado do estado.

Só podia ser alguma espécie de praga eu ter caído justamente nas garras do lobo em pelo de cordeiro.

Nevill nunca havia sido justo comigo ele me teve no exato momento que me quis e sabia disso. No fim eu sairia perdendo. No fim o cara com o coração partido seria eu. Então por que eu insistia em continuar com essa relação absurda? Essa relação que me leva direto para o fundo do poço que eu tanto custei para sair.

As vezes amar Nevill era um fardo que eu mal conseguia carregar sozinho e isso me matava.

-Paul? -olho desatento para Nevill.

-Sim?

-Você está bem? Não disse nada a viagem todo.

Viagem toda?

-A quanto tempo chegamos? -digo atordoado ao olhar pelo vidro escuro sua grande mansão.

-Ah, alguns minutos.

-Certo, me desculpe, eu só estava pensando em algumas coisas. -abro a porta do carro mais sou puxado repentinamente.

-Se estou te sobrecarregando demais, por favor me diga. -disse em um murmurou suave.

-Não é nada Nevill, eu realmente estava distraído.

Me retiro do carro antes que a conversa incomoda se prolongasse, eu realmente não queria ter que perturba-lo com meus tormentos quando ele mesmo já tinha os dele.

-Senhor Rudd gostaria de comer alguma coisa? - a governanta da casa o aborda com sua postura rígida e impecável.

-Não precisa se incomodar, eu e meu secretário teremos uma longa conversa em meu quarto reservado então de mudo algum por motivo algum venha nos incomodar. -as palavras um pouco rude dele vinha acompanhando por um charmoso sorriso que fazia até a dura governanta suspirar.

Nevill maldito arrebatador de corações alheios!

-Sim senhor.

-Obrigado Judith, agora já pode ser retirar e se certifique de passar o recado a todos na casa.

-Sim senhor, com sua licença. -ele assenti e ela se retira.

-Vamos. -ele disse autoritário e eu cegamente o acompanhei. Não tinha o por que da reluta, eu não queria relutar. Só amar seu corpo pelo pouco de tempo que me restava.

Me deixei ser levado por suas mãos grandes até a cama macia. Me deixei ser despido lentamente por ele como todos as outras vezes. E deixei seus beijos sugarem para si o pouco que restava da minha alma.
E quando eu menos percebi já havia despejado as palavras antes só alarmantes em minha mente.

-... o que os eleitores pensariam... -ele lambeu meu pescoço, até então ignorando minhas palavras. -... Se eles te vissem assim?

Então Nevill para olhando de um modo indescritível para meus olhos, e eu continuo com as palavras que me assombram.

- Se eles descobrissem que seu homem ideal está dormindo com seu secretário... Seria impossível para você se reeleger.

Nevill continua com seu olhar pragmático sobre mim, mas depois de poucos segundos lá estava seu sorriso descontraído e malicioso ressaltando seus olhos azuis que brilhavam juntos ao seu cabelo incrivelmente loiro.

Deus, ele era perfeito.

-Então nesse tempo todo é nisso que está pensando?

Ele me abraça.

-Me fale mais sobre isso. -sussurra me beijando. Ah, droga eu já estava quase rendido.

-Espera, eu tenho uma pergunta. Você está me usando para motivos públicos e privados ? -minha voz treme involuntariamente ao seu toque ousado e descompromissado em minha nádega.

-Não é bom saber que você serve para ser usado? -O sorriso sacana se esticou no canto do seus lábios rosados.

Ah, droga...

-Por favor diga que isso não é verdade.

Nevill riu e me beijou lentamente.

Ah, eu me apaixonei completamente por ele.

No fim eu sempre perdia. Perdia feio para Nevill. Por isso... Não consigo deixar de ter esperanças, sempre que minha mente começa a divagar. Eu me pergunto se ele realmente me ama com todo o seu coração e se não, será que eu suportaria saber a verdade?

Observei seus traços, observei como se fosse a última vez, tenho a impressão que em algum momento será a última vez, mas nunca me sinto preparado o suficiente, por que nunca vai ser o suficiente. Sinto que eu sempre vou querer mais de Nevill. Sinto que sempre vou querer mais do que ele pode me dar.

-Olha só, a entrevista de hoje cedo. - aponto para TV onde entrevistaram uma das inúmeras garotinhas da fundação de orfanato que Nevill havia construído.

Aumentei o volume.

-"Hoje o congressista Rudd apareceu na abertura de organização de serviços em prol do bem estar das crianças, o Lar Mary. Amélia querida o que tem a dizer para o Nevill Rudd?"

-"Se não fosse por esse abrigo, eu estaria dormindo na rua agora. Todos os dias agradeço ao senhor Rudd em minhas orações."

Sinto meu peito apertar a onde batalhava a inocência e a dor constantemente na vida de Nevill não haveria tempo para meu amor, não haveria tempo para mim ocupar mais espaço do que aquele que eu já ocupava.

Eu nunca conseguiria odiar Nevill por isso. Ele era o melhor homem do mundo, me amando ou não.
E saber disso só me fazia amar ele ainda mais.

Não havia como competir, por que eu não era uma escolha, eu não era uma opção, eu não era nada. Quando ele tivesse que me deixar, ele deixaria, sem hesitar e eu sabia, eu sempre soube.

Beijo EscandalosoOnde histórias criam vida. Descubra agora