IV

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- Liz? Está tudo bem? Eu te machuquei?

  Megan saiu de cima de mim, e me ajudou a levantar, sentamos no chão mesmo, eu olhava constantemente para uma janela na sala.

- Eu te machuquei?

- Não, não Maggie, eu estou bem, você não me machucou, que horas são?

  Ela me olhava com ar preocupado, mas foi ver as horas no seu celular. Enquanto ela estava em pé e de costas pra mim, revirando sua bolsa eu aproveitei para dar uma olhadinha na janela. Meu coração batia forte.

- Você tem que ir embora.

- O que? Liz você está bem?

- Vai embora! Qual parte você não entendeu?!

   Ela franziu o cenho, e começou a guardar as coisas dela. Eu não devia ter sido tão grossa, mas as vezes Megan me irrita muito, só que ela compreende que devo ter um motivo, isso é bom, eu sou um pouco impulsiva as vezes.

  Ela caminhava para a porta mas aí algo estralou na minha cabeça, eu não podia deixa-la ir sozinha para casa as seis da tarde se vi alguém nos observando!

- Não! Megan...err, eu levo você. Me desculpa por ter falado assim.

- Não, tudo bem, eu posso ir sozinha.

- Eu vou levar você.

- O que aconteceu Liz? Pela última vez...

Mordi meus lábios, não sei se contar a verdade para ela seria bom, talvez eu esteja paranoica, pode ser algum policial que ouviu a nossa gritaria lá dentro e foi verificar...

- É que...e-eu, eu só estou preocupada com o que pode ter acontecido, vai que foi um louco que matou alguém e por isso a polícia veio? Não vou te largar aí.

  Okay, isso piorou a MINHA situação, quem vai ficar sozinha em casa com um louco solto no bairro sou eu, não ela. A Megan não caiu na minha desculpa, mas concordou mesmo assim. Fomos pegar meu carro na garagem, eu poderia ligar para o Brian vir ficar comigo em casa, mas meus pais vão chegar às oito, não sei se daria certo, porque fico meio "descontrolada" perto dele. Sacudi a cabeça, estou pensando longe demais.

  Depois de um tempo Megan resolveu quebrar o gelo:

- Liz, você não quer me contar agora?

  Não vou mentir pra ela, isso vai ficar ruim pro meu lado, então só vou omitir  algumas coisas.

- Não, isso me deixaria mais...apreensiva com a situação.

- Você viu alguma coisa?

  Sinceramente, não dá pra passar a perna na Maggie.

- Ahn, é...se vi alguém?- não minta, não minta, não minta - Não...

Ela suspirou.

- Ah bom, então eu to ficando louca mesmo.

 Quase bato o carro. Ela viu também ??

- Você também viu?!

- Rá!Sabia que você estava escondendo alguma coisa! Mas sim, eu vi.

- Meu Deus...

- Poderia ser um policial Liz, relaxa menina!

  A Megan me surpreende as vezes, eu aqui me cagando e ela impassível!

  Deixei-a em casa, e ela me fez prometer que mandaria mensagem quando eu voltasse. Mas bem, eu passei reto quando cheguei na minha rua, virei a próxima e cheguei onde eu queria. Ainda tinha alguns policiais, estacionei meu carro e fui andando até os três tiras que estavam conversando. Ventava muito e anoitecia, o céu estava azul-acinzentado mas ainda dava pra ver os raios de sol no final da rua oposta, as luzes azul e vermelha coloriam a rua.

- Ei, boa noite senhores.

- Humm, boa noite senhorita. O que está fazendo aqui?

- O que aconteceu?

  Os policiais se entreolharam, o que estava escrevendo algo em uma ficha, voltou sua atenção para ela e me respondeu.

- Assassinato, moça.

- Assassinato? Foi algum parente da vítima?

  Ajeitei meu casaco, isso estava ficando interessante.

- Não, ainda não sabemos quem foi, ainda não sabemos de muita coisa...- respondeu um que estava sentado.

- E isso aconteceu na madrugada de hoje e só fomos saber disso à tarde...

  Um policial negro riu da sua observação, e o da ficha tirou sua atenção dela e olhou pra mim, com um sorriso estranho, como se fosse falar algo extraordinário.

- O mais interessante disso tudo é que quem cometeu o crime gosta de brincar.

- C-como assim?

- Qual é o seu nome menina?

- Err...humm, Elizabeth.

  O policial deu um largo sorriso ( o que já estava me assustando), colocou sua ficha de lado e apoiou os cotovelos no joelho.

- Bem Elizabeth, encontramos a vítima esquartejada, e seus membros estavam em uma mesa de brinquedo, em cadeiras, alguns estavam enfeitados com perucas e vestidinhos, e tinha algo escrito a sangue na mesa: chá da tarde.



  

E se tudo de repente mudasse?Onde histórias criam vida. Descubra agora