♤ CAPÍTULO 1 ♤

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Fazes da vida, uma coisa que na minha opinião é totalmente desnecessária. Tá eu sei que sem esses estágios é impossível evoluirmos, mas precisava ser tão difícil passar por isso?! É claro que como  tentativa de conforto dizemos a nos mesmos que é necessário para nos tornarmos gratos e darmos o devido valor a tudo que conseguimos , e não importa o quanto a vida nos estraçalhe tentamos miseravelmente achar algum significado no sofrimento para justificarmos a existência. Oque pra mim não passa de uma grande perda de tempo.

   Bom a minha atual faze de sofrimento consiste em ficar presa no castelo que gentilmente apelidei de hospício.  Meus pais sempre me diziam  como o mundo era caótico e perigoso para a única herdeira do trono, minha segurança totalmente exagerada era pra me proteger de doenças contagiosas e sequestros seguidos de assassinato.
  A única coisa que me impedia de enlouquecer quando pequena eram as histórias  que minha mãe contava enquanto me colocava pra dormir , histórias de monstros e lobos criados por deuses , criaturas fantásticas  e ao mesmo tempo aterrorizantes, eu nunca entendi bem mas toda vez que ela sussurrava " durma bem, eu estarei aqui pra sempre por você" enquanto sua mão deslizava em meus cabelos eu sentia um turbilhão de sentimentos e por fim uma paz enorme que me fazia aturar tudo, inclusive  o desejo de sair e conhecer o mundo. Mas isso era apenas por um instante , assim que o sol aparecia o desejo voltava .

  Após varias tentativas de fuga frustradas  eu meio que aceitei a prisão, os dias eram longos,  o jardim particular com meus animaizinhos a internet e os livros já não me eram tão atrativos. Claro que as coisas mudaram quando conheci meu melhor amigo o álcool. não havia um dia em que eu não o consumisse para esquecer  o vazio e a solidão nesse imenso castelo com paredes frias, e pra piorar nenhum estranho podia circular pelos corredores do Castelo , eu nunca em hipótese alguma podia ser vista, não havia fotos minhas , era como se eu n existisse para o resto do mundo.

Nunca entendi o real motivo de toda essa proteção já que do outro lado dos muros parecia está tudo normal,  e ainda assim aqui estava eu.

Presa.

- Dessa vez você se superou Liana! - a voz grave em um tom raivoso do meu pai atordoou minha cabeça me fazendo pular da cadeira em que eu estava desmaiada.

- Eu não to bêbada !  - segurei contra a barriga a garrafa de vinho pela metade que estava abraçada.

- Qual é o seu problema? está bêbada e o sol nem se pôs ! - esbravejou cruzando os braços.

- Eu não estou ! - escondi a garrafa de vinho atrás das costas na tentativa frustrada de sustentar minha mentira.
- Então que porra são essas? - ele foi até minha mesa de cabeceira pegou as duas garrafas de whisky e as balançou.
- Eu...ham... - fitei o chão tentando pensar em alguma desculpa. - por quê veio até aqui ?

mudei rapidamente de assunto.
- Vim pra saber por que caralho aqueles 3 ratos infernais estavam na sala de jantar no meio de uma reunião de negócios?!
- Eu não faço ideia. - tomei um gole enorme de vinho.
- A por favor Liana, eu sei que você fez isso pra como sempre chamar atenção ! 
- Não precisa exagerar, até parece que foi o início de uma guerra mundial. - debochei já sentido o efeito da bebida.
-  A essa altura o tratado deve ter ido por água a baixo. O embaixador não vai esquecer da humilhação que passou , ele ficou tão desnorteado que saiu correndo e levou toda mesa de jantar junto,  Você arruinou a porra de uma coisa importante ! - meu pai puxou o ar com toda força e olhou pra cima, devia estar rezando por paciência.
- Bom... em minha defesa...- tomei outro longo gole.  - não eram ratos, apenas meus porquinhos da índia que fugiram das gaiolas. - dei de ombros me divertindo com a situação.
- Eu não ligo  - ele me fitou com seus olhos verdes e furiosos. - nada do que me disser vai mudar oque aconteceu , isso aqui... -pegou as duas garrafas de whisky. meu  coração parou por um instante quando as garrafas colidiram com o chão e viraram cacos. 
- QUE PORRA VOCÊ TA FAZENDO !  - gritei ferozmente.
- Nem ouse elevar seu tom comigo , ainda sou o rei e posso castiga-la a altura.- seu tom era ameaçador. senti um arrepio na espinha e me calei. - Chega de toda essa zona de bebedeira e drogas, não tem ninguém aqui que vai sentir pena ou dedicar toda a atenção do mundo á você ! cresça e encare a vida. Essa é a última vez que quero vê bebidas por aqui ! Você tem agido de forma inapropriada a anos, isso coloca o nosso reino todo em perigo, quando chegar a hora as pessoas precisarão de uma rainha comprometida não de uma garota que enche a cara e fica chapada o tempo todo !
 tentei ficar quieta mas não consegui.
- Eu nunca realmente fiz parte desse reino então nada disso é problema meu! eu vou beber o quanto quiser ,e  ninguém muito menos você vai me impedir.  -entornei o resto do vinho.
- Eu agradeço aos céus por sua mãe não está aqui pra ver a fracassada que você está se tornando. - olhei para ele incrédula . ele sabia o meu ponto fraco , entendia que falar sobre ela mexia comigo de formas inimagináveis, principalmente quando ele era o culpado.  
- Acho melhor sair do meu quarto. - falei quase num sussurro já que o nó na minha garganta me impedia de falar em voz alta.
  houve um  silêncio perturbador enquanto ele se dirigia a porta. apenas acompanhei seus movimentos, assim que parou ao lado da porta ajeitou a postura e passou a mão pelo paletó, meu pai tinha uma aparência respeitável seus cabelos negros estavam ficando grisalhos, seu porte continuava atlético, mesmo com a expressão cansada ninguém lhe daria 56 anos, os olhos eram verdes iguais aos meus e sua pele estava bronzeada.

 -  Liana se todo esse seu comportamento for por causa da sua mãe tenha em mente que ela já morreu ,te deixou sozinha, supere isso e pare de ser essa pessoa insuportável, nenhuma de suas birras trará ela de volta, a escolha egoísta de tirar a própria vida e nos abandonar foi toda dela, lide com isso antes que te destrua.

- SAI DO MEU QUARTO !! - berrei sem pensar.
Ele fechou a porta com tanta força que pude sentir a mobília estremecer. 

joguei a garrafa contra a porta assim q ele a fechou.

Meu coração doía e a vontade de chorar me consumia, por um longo tempo fiquei encarando o chão sem saber oque pensar.
A imagem da minha mãe sem vida começou a me assombrar então fui até o closet paguei o whisky  reserva e a erva na gaveta, eu tinha um estoque escondido dessas belezinhas.
Esse era o meu modo de lidar com os problemas, me entorpecer ao ponto de sair daquela realidade odiosa.
Abri a garrafa liguei o som me sentei na sacada e acendi meu baseado. 

olhei para lua e por um instante uma paz semelhante a que me preenchia quando criança na hora de dormir me inundou, e foi ai tive uma vaga esperança de que as coisas iam melhorar.
Então um brinde a isso !

A PRINCESA E O GUARDIÃO (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora