Capítulo XV

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  Quando de fato vejo Ed ao alcançar o jardim, respiro fundo mais uma vez. Ele está ao lado de Blair, e Fernando tem uma cadeira livre ao seu lado. Vai ser tão monótono aguentar esse café recheado de mentiras e falsidades, em meio a essa situação tão urgente. Quando meu noivo me avista, exclama:

– Celine! Estávamos somente a aguardar vossa mercê!

Talvez Fernando não compreende minhas expressões, contudo, eu olho Ed e ele sabe que algo de errado, de muito errado, ocorreu.

– Olá Fernando! Boa tarde a vossas mercês, Blair e Edgar. Perdoem-me o atraso para nosso compromisso, houve um inconveniente em meu passeio ao Orfanato Avita.

– Mas tudo está bem, Celine? – Meu amor questiona, atrás de alguma pista sobre minha preocupação.

– Espero que sim, Ed.

Eu me sento-me e ouço a voz excessivamente gentil de Blair, comentar:

– "Ed"! Esse é um ótimo apelido, deveria chamar-te assim também.

Edgar solta um sorriso falso, alarmado para saber o que há de errado. "Pode chamar de Ed o quanto quiser, Blair, até essa madrugada, e nunca mais o verá", eu penso.

– Conte-nos como foi no Orfanato Avita, Celine – solicita Fernando.

– Passei a tarde com uma criança adorável, chamada Kathy. Estava chateada, pois, nos últimos tempos não fui vê-la. Conheci ela há algum tempo...

– A admiro por fazer ter atitudes bonitas e caridosas, Celine! – Exclama meu noivo.

– Qualquer dia, eu poderia ir com Vossa Alteza, ao Orfanato Avita? – Questiona Blair, ansiando parecer uma boa pessoa.

– Sim, poderias...

O chá é servido a nós, e eu como somente uma torrada com geleia de morango. Eu queria agarrar a mão de Edgar e correr para longe deste palácio, e nunca mais ver Dipertionis em minha vida.

– E, me desculpem pela curiosidade, mas para onde anda o relacionamento de vossas mercês? – Fernando pergunta a Ed e Blair.

Quase solto um riso irônico, Fernando na busca de trazer conversa, traz um momento muito constrangedor. Quase respondo por eles "a lugar nenhum".

– No momento, estamos a nos conhecer somente... – murmura Edgar, concentrado em seu salgado.

Por cima de mesa, a mão de Blair acaricia a mão de Edgar.

Alguém sabe sobre nós, o povo saberá, revoltas se alastraram e eles vão me afastar de quem eu amo! E tenho que permanecer sentada, vendo uma qualquer acariciar a mão de Edgar. As malditas imagens dele beijando Blair retornam, e repassam em minha mente de novo. Os lábios do meu Ed tocaram os lábios dela, enquanto ele a segurava em seus braços. Ele disse que me ama incontáveis vezes, declarou-se, jurando que sou a única. Entretanto, uma voz egoísta e insegura em minha mente, capaz de coisas que eu jamais faria, insisti em sussurrar que ele sente algo por Blair, que me abandonará e se casará com ela.

É engraçado como podermos estar numa guerra interna, com pensamentos conflitantes e sufocantes, e externamente, parecermos estar em paz.

Fito Blair, e ela parece o contrário de mim. Não é pálida como eu, seus cabelos são escuros, é gentil como eu costumava ser e não deve ter problemas. Eu respiro fundo. Definitivamente, não estou bem. Eles continuam a dialogar, sobre meu casamento, o tempo, vestimentas, futuros passeios que nunca acontecerão, sobre a magia do nosso reino ou sobre o amor. Eu concordo, entretanto não estou neste lugar. Solto comentários vagos. Minha cabeça está recheada de preocupações. Perdida em pensamentos, vejo Fernando se levantar.

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