10- Droga...

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- Ah, a gente encontrou a casa e assim que as aulas fecharem esse mês nós nos mudamos.

- Já? Que bom. Como ela é, é grande?

- Consideravelmente. Mas não precisamos de muito, ela tem dois quartos e nem sei se chegaremos a usar os dois. Tem até piscina, quando você for pra lá já está mais que convidada.

- Poxa, serei a primeira?

- Provavelmente.

- Me senti exclusiva agora! - ela riu

Ela largou o copo em cima da mesinha e virou pra mim - Mas... falando em vocês... Como vão as coisas?

- Fiquei meio sei lá... depois do que o Ron disse, tô meio pra baixo. Nem falei com ela direito esses dias.

- Que merda, hein! Aquele cara nem é tão bonito e não parece ser inteligente também, o que ela viu nele?

- Não sei, cara! Ela deve estar brava por eu ter ignorado ela esses dias.

- Sou mais você do que ele...

- Ah, claro...

- Sério, você é incrível, só eu enxergo isso? Não é possível que ela não sinta nada lá no fundo, mano! É como olhar uma foto da Lauren e não sentir vontade de dar uns amassos nela.

Eu ri - É, talvez lá no fundo, no fundo do fundo, quase achando petróleo.

- Você deveria aproveitar o baile pra dizer o que sente a ela.

- Você tem razão... farei isso.

- Acho melhor terminarmos por aqui, meu pai pode chegar e não quero colocar você numa situação chata.

- Verdade, e está tarde. O tempo passou rápido, foi divertido, valeu por me tirar de casa um pouco e levantar meu ânimo.

- Bruu... que nada - ela me acompanhou até a porta.

- Te vejo segunda?

- Claro, ah, vê se fala com a guria lá tá? A amizade de vocês vale mais que aquele broxa!

- Certo - eu ri. Tchau! - bati a porta e dirigi de volta

23:07

Tirei as chaves do bolso- Mãe? Cheguei! - ela ainda estava acordada, sentada lendo um livro

- Olhe o relógio, se um fiscal pega você dirigindo por aí sem carteira...

- Mãe, eu ainda tenho 1 ano liberado, relaxa. Enfim, desculpa, a gente ficou conversando e acabei nem vendo a hora.

- Tá, vou deitar. Vê se tranca tudo hein, você não é muito boa em lembrar das coisas.

Fui deitar logo depois de trancar a porta, estava com muito sono. Tenho que admitir que foi divertido, mas meu coração não se engana, é a Natalie que eu quero. No mural magnético do meu quarto, preguei a foto que a Benny me deu.

No outro dia...

Eu acordei disposta a fazer uma corrida pelo quarteirão, a tempos não faço isso. Preciso sair do sedentarismo.

- Bom dia, Dona Flora! Quer uma ajudinha no jardim hoje?

- Não precisa, está tudo sob controle! - ah, claro que estava, ela mal conseguia ligar a torneira da mangueira

- Eu te ajudo! - olhei para os dois lados antes de cruzar a rua - Dá aqui que eu resolvo.

Realmente estava difícil de abrir, com algum esforço eu consegui, mas parecia que algo estava empedindo a água de passar pela mangueira. Era uma pequena pedrinha, quando eu finalmente a tirei usando um galho pra empurrá-la, a água saiu numa explosão gigantesca. Eu e a Dona Flora nos molhamos inteiras.

- Desculpa, não tive culpa!

- Tudo bem, mas você vai fechar isso aí, dê seus pulos!

- Hey! - Nat gritou da porta de casa

- Oi! Então, não é meu melhor estado! - ela riu

- O que houve aqui? Jesus... Oi Dona Flora, tudo bom contigo? Vejo que a senhora teve problemas na mangueira de novo - ela falava enquanto se curvava em direção a D. F.

- Vai correr? - Nat estava vestindo malha

- O que acha de ir comigo?

- Ok. D. Flora, desculpa viu? Vou indo, toma aqui.

Ela prendeu o cabelo daquele jeitinho - Andou sumida por que? Tá me evitando é? Sabe que não pode fugir de mim né.

- Não, é que sei lá... não estava me sentindo bem esses dias, me desculpa.

- Poderia ter me dito, né? Poxa, te amo tanto... Cê tem que me contar as coisas!

- Desculpa, ficou brava por isso?

- Claro que não, bobagem, mas espero que não tenha me trocado pela ruivinha. Vi vocês duas saindo no recreio, que foi, é algum lance?

Parei de correr por um instante - Tô zoando, tá?! - ela riu

- Ah, bem... Somos amigas de intervalo agora.

- Só de intervalo?

- Bem, ontem a gente assistiu algumas séries na casa dela e tals...

- Nossa, você me esqueceu mesmo não é?

- Não é bem assim, ela já tinha feito o convite, não vi motivos pra colocar meus problemas em cima disso.

- Sei...

- Não fica puta, tá?

- Poxa, Anne. Primeiro tu saiu daquele jeito, toda estranha, aí some, não fala comigo e agora me diz que ficou na casa daquela lá?

- Eu não dormi lá. Para de querer colocar coisa onde não tem. Não te troquei, só não sabia como falar com você! - agora foi ela que havia parado

- Por que? O que rolou?

- Nada...

- Se você não confia em mim como eu posso confiar em você também? Esperava mais... - ela deu meia volta

- Nat, volta aqui mano!
Natalie, por favor! Que merda...

Agora estava molhada e sozinha... Como eu iria explicar pra ela tudo que tinha acontecido? Eu sei que o baile é importante pra ela, não queria dar motivos pra tornar esse um momento chato.
Tentei ligar mas ela me ignorou o resto do fim de semana. Me vi numa situação difícil, minha melhor amiga iludida ou alguém que acabei de conhecer e já considero pacas? Será que essa é a hora pra falar tudo? Eu deveria ganhar o oscar de pessoa mais estúpida do ano...

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