- Pronto, vê se você gosta - eu virei a cadeira.
- É... dá pro gasto.
- É o que? Tá bem melhor do que antes, todo repicado - cruzei os braços.
- Calma, tava brincando. Está maravilhoso, amei! Valeu.
- E aí, o que temos pra comer aqui?
- Pode abrir a geladeira, se você encontrar algo pode comer. Ou melhor, se você encontrar me avisa, porque né... - eu ria enquanto procurava um petisco
- Acho melhor eu tomar um banho pra tirar esse tanto de cabelo.
- Verdade - disse de boca cheia
- O que é isso que você achou aí?
- Um sanduíche, espero que não seja do seu pai.
- Não é do meu pai, é de frango, legumes...
- Nossa, ri muito.
- Você está realmente linda assim, acho que esse corte te valorizou muito mais.
- Sério?
- Aham... Você vai arrasar nessa festa, acredite em mim!
- Magina... - estava sem graça
- E... olha, quero te dar uma coisa - ela foi até o quarto.
- O que? - ela trouxe uma caixinha de madeira e me deu
- Espero que goste...
Olhei para ela e para a caixa - Nossa, que lindo... Não posso aceitar!
- Claro que pode, eu que não aceito um não. Já que você aceitou ir comigo, achei justo te presentear com algo legal. Eu até ia usar, mas... Sacomé, né - ela riu.
- Poxa, obrigada - a abracei.
- É pra usar no dia, hein!
- Pode deixar! - sorri
Ela havia me dado uma caixinha de madeira e dentro tinha uma flor que cabia na palma da minha mão. Um branco pérola, quase bege, era linda e atrás vinha com um broche. Precisava retribuir aquilo. Esperei ela terminar o banho sentada no sofá com a caixa na mão.
- Me ajuda a escolher um blazer? - ela passou de toalha
- Okay, você ainda vai comprar?
- Vou sim.
- Então, se quiser ir de bike... - eu ri
- Tem garupa?
- Tem sim!
- Então vamos.
- Ou a gente faz assim, eu te levo até lá em casa de bike e a gente pega o carro.
- Pode ser - ela olhou engraçado.
- Tô imaginando a cara da minha mãe quando ver meu cabelo, socorro!
- Ih, relaxa! Me espera trocar de roupa, tá?
Ela fechou as portas, pegou a carteira e a gente saiu. Ela era grande demais para aquela bike, cansei fácil de pedalar. Na primeira rua a gente trocou de papéis, ela ia pedalando e eu fui atrás. Ela soltava as mãos e eu gritava, adorava me deixar apavorada. Cuidado pra não derrubar a caixinha, viada!
- Mãe, posso pegar o carro pra ir ao centro?
- Anne Lorenzzo, o que... - ela pegou meu cabelo
- Curtiu?
- O que você fez no cabelo, guria?! - disse rindo
Benny cobria a boca com a mão tentando segurar a risada - Então, né... quis mudar um pouco.
- Você tá linda!
- Sério? - olhei pra Benny
- Sim, só vai levar um tempo pra acostumar, achei até que uma estranha tinha entrado aqui.
- Então?
- Ah, sim. Pode pegar, mas toma cuidado e não demora! - dei um beijinho na bochecha dela
Na loja...
Aquela loja esbanjava luxo, não era para nós. A cada passo um olhar era atirado contra nós, talvez pelo fato da Benny estar usando uma calça rasgada e um blusão em meio a tantas saias em tons pastéis, ela não era muito o estilo da clientela. Ela se debruçou no balcão e disse para a moça que estava atrás dele: eu quero olhar os blazers, por favor. A mulher olhava meio que sem entender. Moça, não queira entender, apenas nos mostre os blazers, e sim, é para mim, e ela mostrou a carteira.
- Elas tão achando que viemos levar de graça? Odeio isso...
- Relaxa, não liga pra isso - sentei no banquinho apalpando-o para sentir a maciez
- Temos esses aqui - disse a moça. O que acham?
- Rosas demais. Não tem nada cinza ou branco?
- Ah, sim... Esses aqui, pode ser?
- Gostei.
- Fiquem a vontade!
- E aí, Anne?
- Nossa, você tá uma merda, cara!
- Também achei - ela riu
E depois de várias provas e polegares para cima e para baico, ela acabou levando um look completo. Uma calça preta meio rasgadinha nas coxas e uma blusa listrada. Ela seria destaque em meio a um mar de vestidos reluzentes e coroas de plástico. Ela pagou e fomos embora.
- Será que vai ficar bom mesmo?
- Claro que vai. Eu amei!
- Se você gostou, então eu sei que está bom. Amém!
Na porta da casa dela...
- Valeu por me acompanhar, odeio entrar nessas lojas sozinhas.
- Nada... - sorri
- Até amanhã!
- Até, Benny! - ela beijou minha bochecha e abaixou a cabeça pra me observar enquanto eu dava ré.
...
Enquanto eu guardava o carro, vi uma moça encostada na porta, a sombra escondia o rosto.
- Mãe?
- Buuu!
- Que susto! O que foi? - ela olhava sorrindo
- Eu dou o maaaior apoio, viu?
- Que? Mãe!
- Ué, gente. É bonita, parece ser inteligente e tá na cara que ela gosta de ti, só você não tá vendo isso, tá querida?
- Mãe, é só amizade, claro que não...
- Escreve o que eu tô te dizendo. E olha, é melhor do que ficar aí sofrendo por alguém que não te dá nenhuma certeza. Odeio ver filho meu assim...
- Natalie? Fizemos as pazes... E, qual a certeza que eu tenho com a Benny? Eu gosto dela, mas sei lá...
- É sapatão?
- Mãe!
- Fala logo! Pra quem eu contaria?
- Sim, é. Finge que não sabe, por favor... E não, eu não quero nada com ela, já tô com vergonha de trazer ela aqui.
- Tá bom, não está mais aqui quem falou.
- Sai, mãe.
- Continuo apoiando! - a voz dela fazia eco da cozinha
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Experience
RomanceUma adolescente acabara de ganhar uma bolsa numa universidade da capital. Seu maior sonho é formar-se em uma das suas paixões: a música. Ela vai ter que aprender a viver por conta própria na companhia de sua melhor amiga que, aparentemente, também é...