( - RIDE ~ Somo // - LIKE A STAR ~ Corinne Bailey Rae)
>>Caique<<
Eu nao conseguia pensar em nada. Nao consegui nem ao menos ligar pro meu pai ou pra mãe da Cams. Me vi sentado naquela cadeira fria na sala de espera do hospital, era 4:30am, eu comprei um pacote de bala e tava na minha mao quase intacto, eu nao conseguia nem se quer comer uma bala. Ainda mais aquela bala. Aquela bala que a gente comeu juntos e conversamos e damos risadas antes de ir para aquela festa. Eu tinha que pegar justamente essa? Olhei pro pacote colorido e a unica coisa que vinha na minha mente eram meus momentos com a Camila.
"~CADE MINHA FILHA? O QUE VOCE FEZ COM ELA?'' - ouvi uma voz conhecida vir do corredor.
Bruna. Puta que pariu. Se eu nao morrer hoje, me considero um cara de sorte. A Dona Bruna chegou perto de mim com as bochechas coradas com uma feição de preocupação.
"~oi dona bruna... podemos conversar?" - eu estava tentando ser sensato e ao mesmo tempo eu estava destruído por dentro diante de toda aquela situação.
"~nao tem o que falar com voce, moleque!" - disse Bruna com a voz meio falha
"~moleque nao!... - me levantei- ... eu tava tentando nao ser grosso com voce, mas voce ta pedindo" - eu não podia perder o controle, ainda mais com aquela mulher.
"~ OLHA SÓ COMO VOCE FALA COMIGO!! JA TE ATUREI DEMAIS!!!"
Ela levantou a mao pra mim como se fosse me bater e eu segurei.
"~ Nunca mais levante essa mao pra mim. voce nao é nada minha e se me bater eu nao vou me segurar nao"
"~ nao sou nada sua mesmo nao, graças a deus!!! eu que nao queria ser tua mãe!"
Pra que ela falou da minha mae neh? Pediu. Fui pra cima dela com tudo mas uns dois enfermeiros me seguraram. Confesso que isso foi bom, eu nao queria bater nela. Meu pai nao me criou assim...
Fui pra cantina do hospital, eu nao aguentava nem ficar no mesmo ambiente que a Bruna. Tudo aquilo estava me deixando apavorado, a Camila naquela cama, e ainda saber que ela perdeu o nosso filho, aquilo só podia ser um pesadelo.
>>Bruna<<
Depois dessa briga idiota com o Caique eu so queria ver minha filha. Falei com uma enfermeira bem simpatica ate e ela me levou ate o quarto que a Camila estava, deitada naquela cama, pálida, eu sentei na cadeira ao seu lado e segurei sua mão firme.
"~Filha, vai ficar tudo bem!" - eu dizia pra ela mas tentando me convencer se realmente iria, senti que ela estava me ouvindo e naquele instante os monitores dos aparelhos começaram a apitar.
"Enfermeira, alguém, tem alguma coisa errada, socorro!!!"
Naquele momento foi confuso, o médico chegou gritando dizendo "ela tá fibrilando" mandando trazer o carrinho e eu não estava entendendo absolutamente nada.
~"carrega em 300 rápido, afasta" - disse Dr.Karev nervoso e com uma voz trêmula.
~"Droga, carrega em 360, afasta"
Naquele momento minha filha simplesmente deu um pulo na cama e abriu os olhos. Os médicos começaram a examinar ela e eu só queria saber o que realmente estava acontecendo, ninguém me disse oque tinha acontecido.
~"Dr. Karev o senhor que é médico dela? O que aconteceu?"
~" Devido ao atropelamento sua filha teve um aneurisma cerebral e infelizmente ela teve um aborto, eu lamento"
aborto? eu ouvi direito? Nao consegui digerir essa informaçao e fui pegar um cafe expresso, pra tentar entender essa situação.
>>Caique<<
Vi a Bruna saindo do quarto da Camila, e fui até la. Eu precisava ver como ela estava, abri a porta devagar e vê aquele médico em cima da minha namorada, e quem era ele pra ficar com a mão perto dos seios dela?
Forcei uma tosse.
~"Caique oque aconteceu comigo? Dr oque esta acontecendo?"
~"Senhora, devido ao acidente você teve um aneurisma cerebral e você teve um aborto expontâneo"
"Oque? Eu perdi meu filho?"
Camila começou a chorar, eu não estava aguentando mais suportar aquilo, eu não sabia oque fazer até que..
~"Caique oque aconteceu comigo? Dr oque esta acontecendo?"
~"devido ao acidente você teve um aneurisma cerebral e você teve um aborto"
"Eu perdi meu filho?"
O médico olhou pra mim e eu olhei pra ele, sem saber oque estava acontecendo.
~"Caique oque aconteceu comigo? Dr oque esta acontecendo?"
~"Fique tranquilo que isso é devido à cirurgia, daqui a alguns minutos o cérebro volta ao normal"
Eu não sabia o que dizer pra ela naquele momento. Sai do quarto e sentei no corredor de frente pra maquina de doces e veio um filme na minha cabeça de todos os meus momentos com a Camila, por mais que eu nao demostrasse tanto quanto ela queria, eu realmente gostava dela. Fiquei por um bom tempo sentado lá olhando a maquina, eu só sabia chorar, eu não conseguia ver a minha vida sem ela. Ela me fez enxergar que eu precisava mudar, virei um homem melhor por ela, e a cada dia que passa eu me apaixono mais por ela.
"~ Será que podemos falar um instante?" - ouvi uma voz aveludada do lado oposto do corredor.
"~ oi...podemos...e desculpa naquela hora eu nao queria me exaltar tanto!" -levantei
"~tudo bem,caique...- ela olhou nos meus olhos- foi voce nao foi?"
"~ a gente tava na festa... e nós brigamos,ela saiu sem rumo pela rua. eu nao deveria ter brigado com ela... eu sinto muito mesmo!"
"~nao isso...ate onde eu sabia minha filha era virgem... e do nada eu recebo a noticia que ela sofreu um aborto espontaneo...Foi com voce que ela teve a primeira vez,nao foi?"
"~Olha Bruna, eu amo a sua filha e esse bebê, ela nem queria, eu tava na duvida e eu na hora que ela falou eu também não queria, mais aí depois eu comecei a querer e fiquei sabendo que ela perdeu."
Ela ficou me olhando uns segundos sem dizer nada e me abraçou chorando, retribui o abraço.
Horas se passaram e eu estava ali no chão do corredor, a Bruna foi pra casa e eu só sabia pensar em tudo oque vivemos juntos, nos momentos bons e ruins, nos momentos do telhado, nas horas que a Camila brigou comigo por eu não ser oque eu deveria ser, eu prometo que se ela ficar eu deixo ela seguir a vida dela como ela quiser, eu não tava mais conseguindo olhar a minha namorada naquela cama com uma pequena mangueira na sua boca, sem se mover, de olhos fechados e completamente sedada.
>>Camila<<
Há algumas horas estavamos numa festa, e de repente, aqui estou eu. Numa cama, praticamente imóvel,olhando pra um ponto fixo no teto branco, sem ninguem pra me dizer o que eu devo ou nao fazer. Alguns flashs estavam começando a voltar na minha memoria, o Caique gritando comigo, uma buzina forte e um barulho bem forte, provavelmente do carro que me atropelou. Dai em diante eu nao lembro de muita coisa, muitas vozes passaram pelo quarto, entre elas minha mae e o caique, as outras vozes devem ter sido medicos. Eles falavam alguma coisa tipo "Droga, carrega em 360, afasta", o que esse droga queria dizer? que eu estava morrendo? Muitas vezes nossa vida vira de ponta a cabeça e o que parecia ser um sonho, desmorona . Mas a verdade é, que se nao fossem esses momentos que desmoranam, nao haveriam os sonhos. A gente perde muito tempo e nos esquecemos de aproveitar as pequenas coisas do dia-a-dia. Talvez um dia, la na frente, nós vamos olhar pra trás e pensar que podiamos ter sorrido mais,abraçado mais,viajado o mundo e socializado com os vizinhos. Para e pensa. Qual foi a conversa mais longa que voce teve com seu vizinho? Talvez um bom dia,boa tarde e um papo sobre a temperatura ou sobre o jogo de futebol de domingo. Quando eu sair desse hospital eu quero viver cada segundo intensamente porque nunca sabemos o dia de amanha ou nosso proximo passo.
Já me sentia bem melhor, mas o Dr. Karev disse que seria melhor ficar uns dias em observação, dois dias pra ser mais exata. Passaram voando, todo dia minha mae ia me ver no fim da tarde e o Caique ia depois da aula.
***
Hoje era quarta-feira e o médico me deu alta por volta da hora do almoço, minha mae tinha deixado uma muda de roupa na noite anterior, e eu me troquei e fui pra frente do hospital,minha mãe estava no carro me esperando.Entrei em pleno silêncio, o único barulho que se ouvia era o rádio na estação de notícias. Apoiei minha cabeça no vidro do carro e fui assim todo o caminho.
"~ Sério,mãe?! Eu acabei de sair do hospital e vc nem pergunta se eu To bem?"
"~Voce ta bem,Camila?Espero que sim porque em casa teremos uma conversa bem seria"
"~ ah super!" -revirei os olhos-
"~isso foi um deboche camila?"
"~claro que nao minha querida mae"
Ela estacionou o carro na garagem. A bmw preta do nathan nao estava na garagemm, o que significava que ele tambem nao estava em casa. Menos um pra falar no meu ouvido. Minha irma e os meninos deveriam estar chegando da escola a qualquer momento o que seria horrivel, porque minha mae ia me dar uma bronca do tamanho do ceu e teria testemunhas. Eu so queria fechar meus olhos e acordar na faculdade de Nova York. É pedir muito?
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Quase irmãos
RomanceQuase irmãos Ela era de Áries. Ele era de leão. Ela era toda romântica, e ele todo garanhão. Ela fazia teatro. E ele tinha uma banda. Ela era de Nova York. E ele da Califórnia. Ela não tinha pai. E a mãe dele morava longe. Duas pessoas completame...