s e s s e n t a e s e t e

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Maria João

Assim que abri a porta atirei-me para os braços de André. Este não era um dos meus melhores dias e agradecia por ele estar aqui.

- Hm Maria, a Margarida ? - Afonso perguntou com as mãos nos bolsos.

- Está lá fora no terraço, ela sofre todo o ano ao lembrar-se. - apontei para a minha irmã.

- Eu vou lá.

- Afonso... - André disse.

- Não vou mandar bocas, vou acalmá-la. - levantou os braços e caminhou lá para fora.

Margarida Jota

Eu estava lá no dia em que o meu pai deixou a terra e subiu para o céu. Eu vi a sua morte lenta e fria. Foi das piores coisas que já presenciem.

- Margarida... - olhei para trás e vi Afonso junto da porta de vidro.

O meu primo que estava a aquecer o meu fino corpo levantou-se, beijou a minha testa e saiu do terraço. Ele também fica emocional neste dia.

- Não quero discutir hoje. - baixei a cabeça e limpei os olhos.

- Não venho discutir. - sentou-se à minha frente. - Sei o que é perder alguém de quem gostamos muito. Não é fácil.

- É o primeiro ano sem ele, vai ser o primeiro Natal sem ele. - chorei. - Ele sempre se vestiu de Pai Natal lá em casa junto com a sua Mãe Natal. - ri fraco.

- E é isso que tens de recordar, os bons momentos. - semtou-se ao meu lado e pegou nas minhas mãos. - Estão geladas.

O inverno estava a aproximar-se e o tempo ficava mais frio.

- Já estou aqui há algum tempo. - sussurrei.

Afonso olhou para mim, colocou o meu cabelo atrás da orelha e sussurrou.

- Acho que me estou a apaixonar.

- Isso é bom ? - perguntei.

- Não sei, mas acho que sim. - riu e beijou-me.

Eu já não odeio este rapaz. Ele fez-me despertar certos sentimentos e esquecer problemas. Tenho de esquecer o passado e pensar no futuro se quero ser feliz.

Opostos - André Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora