O Cavaleiro 13°

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"Vos partistes e eu chorei lagrimas de sangue

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"Vos partistes e eu chorei lagrimas de sangue. A minha dor cresce. E não foi somente porque partistes. Mas quando vos fostes, levastes os meus olhos consigo. Como irei eu agora chorar?" Rumi


A Mulher que vagava pelo deserto com o semblante miserável, não se importava de arrastar os seus pés sobre a areia quente. Seu cavalo já respirava ofegante, pois ela andou por horas sem rumo, mais uma vez, procurando se perder e nem mesmo ela poder achar o caminho de volta.

Por um segredo que ela não contara a ninguém, mas não deixava de ser menos humilhante. Allah o sabe! Sabe bem o que tem nos corações dos homens. Mesmo aquilo que os homens desconhecem de si mesmo, do fundo dos seus corações, Allah o sabe. E ele sabe que ela não foi cuidadosa o suficiente ao deixar escancarada a portinhola de seu coração. E ela agora se apercebe, que sem querer não trancou seu coração, pensado ela ser impermeável, quando não era. É somente mais uma filha de Adão, uma Humana, uma mulher, a merce daquilo que são as armadilhas da paixão.

Esqueceu de trancafiar seu coração e ali a dentro penetrou algo pior que Ifrit (um demónio, Jinn, que tem azas e voa). O filho dum dos piores seres que ela conhece. Não tinha nada mais humilhante para Zulmira naquele momento. No meio de uma guerra, ela não tinha nada que se apaixonar pelo seu maior inimigo. Apenas não havia espaço e nem sequer afeto suficiente para nutrir e amamentar aquele sentimento; para fazer crescer e dar frutos.

Sua irmã não entendia, Zaitun não entendia. Ninguém a podia entender. O impensável aconteceu. Nunca se sentira ela tao frágil.

Quando deu por si, viu que seus passos, a guiaram a um poço. Sua garganta quase rachava de tao seca que estava. Mas ela somente desejava morrer de cede. Valia mais morrer de cede, a ter que morrer de amor. Na cabeça de Zulmira, era mais digno.

Sem pressa e vontade buscou água e deu ao seu cavalo, enquanto o acariciava. Encostou o seu rosto no focinho do animal e chorou. Não tinha quem a amparasse naquele momento. Somente o seu cavalo, uma das fontes de sua força como cavaleira.

Logo sentou-se e encostou na parede do poço, esperava que a morte a levasse a qualquer momento; e assim recusava-se a tomar uma gota sequer daquele precioso líquido que chamava por ela com muita insistência.

Logo apercebeu-se que alguém se aproximava do lugar, não deu muita importância, ate que notou que o infeliz derramou toda sua água no chão. Espiou através do canto de seus olhos e viu enquanto a senhora já de idade avançada, recolhia o seu balde pacientemente.

Tentou ignorar, mas não resistiu, viu o quanto ela respirava ofegante e mal conseguia carregar o seu próprio corpo ate a fonte de agua, diga carregar a agua consigo. Levantou impaciente e pôs-se a ajudar a senhora sem ao de menos proferir uma única palavra.

"Shukran, Bint ya hallal (Obrigada, oh filha do bondoso)." Era normal acreditar que boas maneiras vinham de pessoas cujos seus pais são de boa índole e de coração puro. Para a senhora, aquilo era resultado de uma boa educação. E não se enganara, o pai de Zulmira foi um dos homens mais justos que os desertos árabes já conheceram, mas ela pouco se recorda dele, ou de sua mãe. Uma infância e família foi roubada dela, e agora ela não pode nem amar, pois estará amando um criminoso. Seu coração escolheu assim.

O Cavaleiro do DesertoOnde histórias criam vida. Descubra agora