Eu Trouxa

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Na manhã ensolarada de julho eu estava receosa do que iria encontrar, estava mudando. Meu pai iria dar aula na escola que eu estudaria, isso não era nada bom, tenho quinze anos, isso implicaria com diversas responsabilidades.

Quase não tenho amigos, eles não gostam de uma sabe tudo, é assim que eles me rotulam. Passo horas intermináveis lendo livros, literatura antiga, meu pai faz eu ser o exemplo de aluna por isso ninguém me aguenta tagarelando frases intermináveis de Shakespeare, sinceramente nem eu mesmo me aguento.

Sou diferente dos jovens atuais, sou responsável, estudiosa e dedicada, não tenho tempo de me divertir e quando tenho um tempo livre eu saio de casa deito na grama pela escaldante luz solar e me encharco de vitamina D.

Nessa manhã, eu e meu pai, saímos mais cedo que o habitual, eu estava tentando ser otimista, mas eu não estava conseguindo, eu estava irritada com o fato de ter saído da melhor escola do mundo. Estávamos no carro, já a caminho quando ele falou:

¬ - Lumière se quiser pode ir de ônibus nos dias que seguirem.

- Tudo bem, se preferir pai. - eu falei olhando pela janela.

- Eu preferia que fosse comigo, mas eu saio muito cedo e você fica muito mal-humorada quando acorda cedo.

- Tudo bem então.

Percorremos pela cidade trouxa até chegarmos na tal escola, era horrível. Eu odiava aquela maldita escola. As pessoas eram todos ocupados demais, eu odiava ser trouxa. Teríamos de passar intermináveis horas fazendo algo que eu faria em segundos, mas naquele momento eu era trouxa.

Segui com meu pai até a direção da escola, e acabei descobrindo algo no qual temia tanto.

- Senhorita Martinez prazer em conhece-la, seu pai me falou muito de você! - a diretora falou e eu apenas sorri.

- Esse é o seu horário escolar, e lhe sinto informar que outro professor não poderá lhe dar aulas.

- Meu pai terá de me dar aulas?

- Sim, sinto muito.

- Tudo bem. - respondi ainda com uma forçada compreensão.

- Lumière?

- Sim pai? - respondi procurando-o.

- Sinto muito querida.

-Tudo bem pai. - respondi ao encontrar lo.

Ele sorriu e saiu da sala, eu peguei minhas coisas e sai em direção a uma porta que levava para fora. O sol estava esplêndido, os passarinhos cantavam, já havia muitos alunos no local, me sentei em um banco, observando o ônibus escolar, desceu diversos alunos, uma menina de cabelos longos e negros estava vindo em minha direção.

- Se importa se eu me sentar? - perguntou ela.

- Não, pode se sentar. - falei sorrindo.

Ela se sentou ao meu lado e tirou um livro, muito antigo, de sua mochila.

- Esse novo professor de literatura pedi livros quase impossíveis de se

Encontrar!

- Você só precisa saber onde ir! - falei sorrindo. - Me chamo Lumière Martinez.

- Pattie Walsh. - falou ela. - Você é francesa ou latina?

- Não, isso é coisa do meu pai, era o título de um livro de mag.... antigo.

- Literatura antiga?

- Sim, meu pai é o novo professor.

- Tá explicado. - disse ela guardando o livro. - Eu vou indo, prazer em te conhecer Lumière.

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