O incidente

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Andei observando Christopher; nada acontecia quando ele estava muito feliz ou muito zangado, o que mais me frustrava era que ele parecia feliz e não preocupado que uma bruxa das trevas estivesse à solta querendo matar bruxos e trouxas, ele era apenas um humano; sem magia no sangue; não-magico; trouxa.

- Pai ele é um trouxa. - falei em uma segunda-feira à noite, eu estava comendo pudim de carne e tomando suco de abobora.

- Como pode ter tanta certeza? - perguntou ele sentando se à mesa e se servindo de um bom pedaço de pudim.

- Andei o observando. - falei. - Ele fica feliz nada acontece, nadinha, e quando fica zangado as orelhas ficam avermelhas e só! - exclamei. - Lembra que aos meus nove anos eu fiz um pássaro explodir só por que eu queria comer biscoitos com leite em vez de rosbife?

- Como eu poderia esquecer! - exclamou ele. - Você ficou muito mal por ter matado o pobre bichinho. - nós dois rimos.

- Mas você tem que se lembrar que já estão grandes! - falou ele me olhando. - Já sabem se controlar.

- Não sei pai.

Comemos em silêncio, e quando eu terminei levantei recolhendo os pratos.

- Vá para cama filha eu limpo tudo e logo vou dormir. - ele falou sorrindo, eu me levantei da mesa e sai pela porta da cozinha, parei ali espiando o meu pai puxar a varinha e acenar, os pratos sujos foram para a pia, o resto do pudim para a geladeira trouxa, a toalha de mesa foi dobrada e guardada, as cadeiras estavam em cima da mesa, uma vassoura varria a pequena cozinha, enquanto meu pai apontava a varinha para a pia e sussurrava "Limpar" e a sujeira desaparecia e eles voltavam para a estante. Aquela noite eu dormi como um anjo.

Na manhã seguinte eu estava feliz, acordei bem-disposta, me arrumei e fiz um belo café da manhã trouxa, a mesa estava linda quando papai levantou.

- Bom dia querida.

- Bom dia papai.

Ele me beijou na testa.

- Bela mesa. - falou ele sentando. - Acho que irei me atrasar.

- Obrigado. - agradeci sorrindo.

Comemos em silêncio e depois, que papai se fora para a escola, eu arrumei tudo e corri para a parada, Christopher estava lá, com Joana, eles estavam rindo.

- Oi Lumière. - cumprimentou Christopher, mas ele não obteve resposta minha.

O ônibus acabara de chegar, e eu entrei e me sentei do lado de Pattie Walsh.

- Oi Lumière. - ela sorriu.

- Olá Pattie. - cumprimentei. - Como vai as aulas de Literatura?

- Ótimas, nunca pensei que eu ia gostar tanto de livros antigos!

- É, é realmente incrível as obras que estudamos. - falei meia desinteressada.

Nós não falamos mais nada durante o caminho, e o ônibus estava cheio de burburinhos dos outros estudantes, eu estava entediada, então tirei o meu velho livro da mochila; As Forças das Trevas: Um Guia de Autoproteção de Quintino Trimble.

Meu pai jamais poderia saber que eu havia trazido um pouco do mundo bruxo para a escola trouxa.

E ali fiquei lendo coisas que eu já sabia, coisas que já havia estudado em Hogwarts.

- Lumière?

Era Christopher Peale, eu o ignorei.

- Lumière?

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