Otávio

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E lá estava eu, 17 anos, solteira, cabelos castanhos escuros e me descrevendo como se fosse um daqueles perfis de relacionamentos on linne, na verdade.. isso tudo não importa muito, era uma adolescente normal com vontades normais e levemente irritada com o atraso da Fernanda, ahhh como isso me tirava do sério, a Fernanda era a minha melhor amiga desde o jardim de infância eu a conhecia a exatos 11 anos e se tem algo nela que me tira a paciência é a calma com que ela faz todas as coisas, nós eramos opostas em tudo, e finalmente aquela frase de que "os opostos se atraem" caia como uma luva na nossa amizade.
Íamos ao cinema ver Lágrimas do destino, um filme que a Fer estava louca pra ir assistir e eu? nem tanto.
perdi a paciência, peguei o celular e disquei o número dela:
- Nós marcarmos 18:10 na Praça do Castelo Branco não é mesmo?
- Claro, claro que sim
- e por que raios meu relógio ta marcando 18:30?
- oh, oh temos um problema
- você jura?
- Hershey você precisa ser mais paciente só se passaram 10 minutos.
-20 minutos
-tudo bem senhora não se atrase ou eu conto os segundos, estou virando a esquina.
Ela riu e desligou o telefone, logo após o carro virou a esquina e eu estiquei os braços pra cima pra demonstrar gratidão, abri a porta e sentei ao lado dela, ela estava passando um batom rosa quando olhou pra mim e disse:
-Hershey, você está com os ingressos ?
- estou.
- e dinheiro?
-obviamente.
-está empolgada?
-só dirige, vai logo.
Fomos ao Shopping das colinas e pegamos uma sessão das 19:40, chegamos as 19:10 e precisávamos nos distrair durante 30 minutos.
Fomos as lojas de roupas, Fernanda amava rosa, e pro meu azar eu nunca poderia pedir roupas emprestadas, apenas se o tema do lugar que eu iria fosse "casa da barbie" ou "pantera cor de rosa".
Saímos das lojas com mais 4 sacolas de roupas diferentes só que com a mesma cor, quando eu avisto o Otávio, que não era só minha quiedinha, seria mais uma cratera na minha vida.
- Ai meu Deus, Hershey
- o que foi?-me fiz de desentendida.
- aquele ali não é o Octávio?
-Oc? Octavio? que merda é essa?
-o nome dele bobinha
- é Otávio, cabeça de vento
- a senhorita não perdoe atrasos me corrigindo por um C.. me diz por que não estou surpresa?
Vi o Otávio saindo do shopping sozinho e fui atrás, deixei a Fernanda olhando mais uma vitrine com uma jaqueta jeans azul, eu esperava realmente que ela levasse aquela jaqueta.
fui atrás do Otávio e fiquei espiando de longe, ele passa por outro cara, com uma touca sobre a cabeça e casaco preto, pega algo no bolso dele e sai como se nada tivesse ocorrido, eu sai correndo igual uma pata desgovernada atrás da Fernanda e contei tudo o que vi, ela arregalou os olhos mas em seguida riu e soltou um comentário maldoso.
- Ok, o Otávio é um drogado.. podemos ir?
-Fer, você não entende
-juro que to me esforçando
- ele não pode se entregar assim as drogas.
- Sério? e quem vai empedir? deixa o cara ficar louco, o problema não é seu... vamos embora?
- você não gosta dele né?
ela abaixou a cabeça e não havia mais nenhum sorriso em seu rosto, nunca tinha a visto tão séria.
- Fica longe.
- você me mandando ficar longe só me dá mais vontade de me aproximar.
ela agarrou no meu braço com força e olhou no fundo dos meus olhos, deixou escapar as seguintes palavras pelo canto da sua boca:
- O engraçado é que você sempre sabe tudo não é? Só que nessa história, você não sabe nem o início.

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