Aprendendo

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Eu nunca mais o vi depois de todo aquele drama, nunca mais conversamos depois de tantas revelações,  pra ser sincera o vi uma vez ou outra andando pelos corredores da escola, mas eu não o dava atenção, eu o achei um covarde completo, era só um garoto bonito que se achava, e tentou me controlar junto com os meus sentimentos,eu o ignorei por alguns dias, pra ser sincera eu ignorei o mundo por uns dias, da escola pra casa, de casa pra escola, telefone direto no modo avião,  conversas básicas ou inexistentes.. eu não estava tão mal, mas estava com tanta raiva de estar me sentindo usada por alguém,  e ainda assim alguém que não se importa se eu morro hoje ou amanhã.
Não me sentia inspirada pra fazer simplesmente nada, eu sei que as pessoas a minha volta esparavam sempre que eu fosse viver por ai, mas eu não posso controlar meus pensamentos, e muito menos quem meu coração escolhe se importar. E mais um dia se passava, minha rotina acabava comigo, os meus pais haviam notado meu comportamento, minha mãe se chama Patrícia e meu pai roberto, meu pai era o tipo clássico de pai antigo e mente fechada, se fosse pelo meu pai eu nunca teria sentimento nenhum por ninguém,  ele não queria que eu saísse ou que me decepcionasse com o mundo lá fora, ele queria tanto me proteger que ele mesmo me quebrava, eu me troquei bem rapido, colocando uma camiseta cor de vinho meio amassa e um short azul marinho e sai, não estava me importando muito com minha aparência,  prendi o cabelo de um jeito depojado e desci as escadas, era cedo digamos assim, cedo o suficiente pra todos da minha família estarem reunidos para o café,  eu passei pela mesa de cabeça baixa e fui até a porta, meu pai deu um tapa leve na mesa e se dirigiu a mim:
- um bom dia já bastaria Hershey.
- bom dia.
- agora não adianta mais, você só vai se prejudicar, imagina se chegasse no trabalho e não comprimentasse o chefe?
- pai eu só ia..- ele me interrompe
- ia fazer qualquer outra coisa ne? menos ficar com a família... quer saber? Pode continuar bancando o fantasma, nessa casa eu nem te vejo mais.
o que meu pai tinha dito foi como uma faca no meu peito , eu sei que precisava de um tempo, mas nao queria que meus amigos deixassem de se importar comigo, eu queria que eles vivessem atrás de mim, as vezez um "oi tudo bem? " já demonstra alguma importância.
eu sai pra caminhar pelo bairro, uma caminhada matineira, pensei em ir na Fernanda mas mudei de ideia, fui andando até a padaria e depois de uns 2 minutos comecei a trotar, meus seios eram muito grandes e infelizmente quando eu corria era extremamente desconfortável, comecei a acelerar o passo e comecei a correr numa velocidade aceitável,  eu queria correr pra longe, não queria ir pra casa, e quanto mais longe eu corria, não conseguia fugir do meu principal problema, eu mesma.
Eu passei na frente da dona Yara que conhecidentemente era avó do Otávio, ela me avistou de longe e me convidou para entrar, eu não recusei , entramos e sentamos no sofá, entrei bem quieta e ela veio me questionar:
- sabe Hershey,  eu nunca vi você tão seria.
- Ai Dona,  você já se decepcionou com um amor?
- a.. minha querida, milhares de vezes.
eu fiquei em silêncio e ela voltou a dizer:
- quem é o felizardo?
- gostaria que seu neto retornasse minhas ligações.
- Meu neto? você e Otávio? - ela sorriu
- é loucura demais eu concordo.
- ele nao me disse nada.
- é que ele não sabe que é o motivo das minhas noites em claro, o motivo dos meus sorrisos, ele nao sabe que tenho tanta vontade de beija-lo e... ai meu Deus me perdoa, falar do seu neto assim.
- ahaha tudo bem Hershey, vocês seriam um lindo casal, mas você deveria dizer tudo isso a ele.
eu abaixei a cabeça e comecei a rir muito, quando uma voz me interrompe:
- Ora, Ora- ele riu- nós formariamos um lindo casal.
Eu congelei de uma forma indescritível, minha boca secou e meu coração disparou, apenas uma pessoa tem esse controle sobre o meu corpo,  levantei os olhos e ele de bermuda preta sem camisa descia as escadas, eu sorri:
- O-Otávio.

As incertezas da minha vida.Onde histórias criam vida. Descubra agora