Reviravolta

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Eu abri meus olhos e não havia ninguém ao meu lado, mas com certeza aquele não era o meu quarto, aquela cama era confortável e o cheiro do perfume dele era tão forte que estava em todo canto,  nas minhas roupas, nos lençóis, no travesseiro,  e nao posso mentir, eu amava isso, mas estava pensando muito em tudo que eu havia escutado do Otávio e o que nós seríamos a partir de hoje,  a partir de todas aquelas palavras, de todos os beijos que ele me deu,  e eu dormi na mesma cama que ele, por mais que eu não havia feito nada demais, não dividia a cama com qualquer um, levantei lentamente e fui andando em direção a uma mesa de computador, várias fotos de quando o Otávio era criança e eu soltei um sorriso bobo, desci as escadas e segui o cheiro de panquecas, quando cheguei na cozinha vi o Otávio no fogão e uma mesa arrumada para duas pessoas, e eu não conseguia acreditar:
- Me beija, dorme comigo e agora, panquecas?- eu disse balançando a cabeça.
- Achei que depois de dormir horas você estaria faminta e... um obrigado já agradeceria. -ele sorriu
- Talvez você leia mentes, porque é só o que falta.
- O que é?  não posso te agradar?
- As coisas estão acontecendo muito rápido Otávio, eu já gostava de você mais algo correspondido não estava nos meus planos, eu te olhei por tanto tempo e agora... por que agora está aqui?.
  - Da pra me parar de fazer perguntas? quando você vai dormir você me beija, e diz coisas incríveis,  quando acorda me lota de perguntas sobre o passado, então para.
- O-otavio eu.... querr dizer, posso me sentar e comer com você?
Ele coloca as panquecas sobre a mesa e me serve, fica me observando comer e diz:
- Vou te levar pra casa, então termina logo de comer.
- Eu, não posso ficar mais um tempinho com você? é que eu..- ele me interrompe
- Não Hershey,  você não pode, você tem que ir.
O jeito que ele me olhou depois,  como se estivesse encondendo algo, ou que estivesse me escondendo me deixou tensa,  mesmo assim engoli toda a panqueca peguei meu casaco e saímos,  caminhamos bastante sem nos falarmos, e chegando perto da rua de casa eu lhe disse:
- Tudo bem,  obrigada pela companhia, mas podemos nos despedir aqui.
- Hershey eu..- eu o cortei
- Não,  está ótimo aqui, vá pra casa.
- eu queria te levar até..
- Estou bem!- rebati.
- como você quiser..
Ele me beija no rosto e sai, puxa a touca sobre a cabeça e desaparece nas sombras,  eu não o vejo mais, vou caminhando até próximo a rua de casa mas me senti mal, porque iria chegar em casa e ir de cara com o mal humor do meu pai, peguei o telefone e liguei pra Fernanda:
- Quem é vivo sempre aparece- ela grita no telefone e eu pude ouvir uma gritaria no fundo e uma musica alta.
- Festa? As 21:00 de uma terça?
- Você poderia vir se não fosse tão esnobe, eu até te buscaria.
- Me busca, estou te esperando na frente do ponto de ônibus, em frente de casa?
- Jura? e o namorado drogado?
- Ele não se droga Fernanda.
- Sério?  você já perguntou?
- Não,  ele não é fã de falar do passado.
- É porque o passado dele é de drogar e ele não pode decepcionar a nova presa?
- acha que sou uma, presa?
- Hershey continua na frente do ponto de ônibus,  vou mandar meu primo Arthur ir te buscar, eu estou bêbada demais pra dirigir.
- Quer saber, deixa pra lá-  ela desliga na minha cara.
Eu sabia que a Fernanda era muito boca aberta, porém ela nunca foi de inventar histórias, e o dia no shopping foi exatamente muito suspeito, mas não conseguia olhar para aquele rosto angelical e inocente e imaginar ele se desviando, eu sabia que o Arthur não ia demorar, da casa da Fer até na minha era muito rápido,  então eu contei 10 minutos no relógio e vi o carro dela virando a esquina, mas não era ela no volante, o carro parou e eu entrei,  Arthur era um primo bem próximo da Fer e nos conhecíamos a pouco tempo,  ele era muito atraente para as garotas da minha idade, o cabelo dele era bem curto e usava uma camiseta preta, ele cheirava a bebida e vômito,  mas eu não me incomodei, o rádio estava desligado e ele ficava cantarolando sem parar,  até que me olhou e sugeriu:
-vamos passar no mercado? Preciso de cigarros e sorvete.
- Ah, claro.
Ele entrou no estacionamento e me pediu pra descer com ele,  eu o acompanhei de bom grado, pegamos os cigarros e sorvetes e fomos ao estacionamento novamente quando eu avisto de longe o Otávio com algumas pessoas, eu peço pro Arthur para poder me aproximar e vejo que era mesmo o Otávio, ele estava bebendo e havia um cigarro em suas mãos, havia uma garota agarrada no braço dele mas nao consegui ver seu rosto, CANALHA, pensei, pedi pra irmos embora e Arthur e eu entramos no carro, eu abaixei a cabeça e fiquei suspirando:
- seu namorado?
- um amigo ...
- olha eu sinto muito, por seja lá o que for, eu sempre te achei incrível e- eu interrompo o Arthur a continuar falando e o beijo, eu não pensei na hora,  mas o beijei, ele começou a colocar as mãos por baixo da minha blusa e eu deixei, o clima foi ficando quente e abaixamos os vidros,  ele desabotou meu sutiã e o jogou no banco de trás, e eu não sabia o porque estava fazendo isso, queria me vingar, mas aquela não era a melhor maneira, eu começo a ficar ofegante e ele também,  quando ouvimos umas batidas na porta do carro e olhamos pra fora, era o James, um amigo próximo do Otávio,  ele riu e disse:
- Meus amigos existe motel, sabiam?- todos riram, quando ele olhou bem pro meu rosto e continuou-  e não é a Hershey?  ahahaha sua garota Otávio?
Otávio consegue me ver e fica sem reação,  nao conseguia identificar se ele estava me odiando, ou o que pensava, ele puxou a touca novamente e continuou andando, eu abri a porta do carro e sai pra fora, dei uns dois passos e gritei:
- Estamos quites agora?
- Agora que eu vejo que tipo de garota você está disposta a ser por vingança Hershey, eu quero que vá pro inferno.

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