Tudo o que eu já fiz nunca se tornou bom o suficiente, e eu mesma reconhecia, desperdicei dias e semanas, alguns meses da minha vida me importando e vivendo para os outros, para agrada-los e não decepcionar ninguém além de mim, eu estava focada em viver ou pelo menos tentar me agradar, me olhar diante ao espelho e poder me reconhecer como quem eu sou verdadeiramente, eu acho que todos deveríamos.
Havia se passado mais uma semana em que eu não tinha contato com ninguém, Otávio me ligou e eu não fiz nenhuma questão de retornar, ele apareceu na minha porta algumas vezes e pedi para meus pais disserem que eu não estava, eu o evitava porque a um pouco tempo atrás eu me lembrei de tudo o que nós passamos, e que eu sempre voltava correndo e gritando para os braços dele, ele tinha domínio sobre mim e sobre meus sentimentos, ele sabia disso melhor do que eu mesma, eu não poderia me entregar assim novamente, eu mal sabia sobre sua vida ou seu passado, não sabia seu conceito sobre felicidade e nem se ele sonhava com uma rotina ao meu lado, eu me apaixonei por uma pessoa que eu mesma havia tornado perfeita aos meus olhos, mas quando eu abri meus olhos, não era mais assim.
Então eu resolvi tirar essa semana pra mim, e me organizei, precisava focar nos estudos e pensar em entrar em uma faculdade, tudo que eu sempre ouvia quando estava trancada no meu quarto eram meus pais dizendo que tinham medo de eu nunca ser nada na minha vida, então eu comecei a acreditar nas palavras deles e só me enterrei em tristeza, eu precisava provar pra eles, e para todos que eu era bem mais do que achavam, porque conseguindo isso talvez eu acreditasse que não sou uma pessoa tão ruim.
Levantei da cama, coloquei minhas roupas e peguei um casaco, era quase oito horas da noite, apareci na sala, minha mãe estava preparando o jantar e meu pai na sala, sai de fininho pelas portas dos fundos, precisava de ar, me senti mal a semana inteira e engoli toda a vontade de chorar que eu tinha, eu não sabia se o que eu estava fazendo era besteira, se deixar uma amiga e meus pais pra trás junto de Otávio me faria tão bem quanto eu esperava que fizesse, confusão é uma palavra pequena pra demonstrar como estava dentro de mim, como se eu quisesse mudar, mas tivesse medo das consequências.
Não se da pra amar alguém que quando está junto com você é alguém mas longe vira outra pessoa, eu não posso amar alguém que me beija na despedida e nem me liga no dia seguinte, suportar a decisão de estar sozinha então estava começando a cair bem na minha vida, decisões precisam ser tomadas, conclui. Avistei um balanço em um parquinho na praça enquanto andava e sentei, fiquei balançando e sentindo a brisa gelada no meu rosto, o céu começava a ficar totalmente escuro, e já podia ver algumas estrelas, eu ficaria naquele balanço por horas, mas não poderia.
Enquanto eu continuava com meus pensamentos sobre a minha vida ouvi uns passos e olhei pra trás, vi a Fernanda, ela sentou no balanço ao meu lado:
- Hershey, olá, parece que não sou a única precisando de ar.
- Bela caminhada da sua casa até aqui, não acha?
-Não, quer dizer, não é tão longe quanto pensa, eu iria pra bem mais longe se pudesse.
-E não vai por que?
-Não quero ser um peso para as pessoas próximas, não quero que ninguém se preocupe comigo.
Fernanda sempre foi muito amigável e sempre quis atenção onde ia, ela também se importava muito com as aparências, e eu nunca via ela sem pregar uma peça, dizer algo sarcástico ou rir de alguém, mas nessa noite ela me parecia quieta, abalada.
- você está bem?- perguntei
-Por que não estaria?
- é isso que quero saber, o que houve?
- por que eu te contaria?
-porque eu me importo, fer- uma lágrima caiu do rosto dela e ela disfarçou.
- Lembra do Arthur?
-Lembro, lembro sim, seu primo não é?
-É, o meu primo, nos beijamos e aconteceu algumas coisas a mais...
- O que? Fernanda- Eu não conseguia pensar em mais nada, Arthur mentiu pra mim.
- É, aconteceu.
- Ele é seu primo que coisa mais ridícula de se fazer e- ela me interrompe.
-Ta e daí? somos humanos e ambos quiseram, quer calar sua maldita boca?
Ela se irritou e levantou do balanço.
- Nos beijamos na festa que rolou em casa antes de você me ligar, ai eu pedi pra ele te buscar e... o fato é que ele não retorna meus telefonemas, e ele se apaixonou por alguma vagabunda que pisou no coração dele, sabe Hershey, eu o amo, sempre amei, e a maldita família nunca aprovaria mais quando eu e ele estávamos dispostos a ficar juntos ele se apaixona por outra.
Eu nunca soube desse amor da Fernanda pelo Otávio e estava na cara que se eu contasse que eu o beijei, deixei ele tocar meu corpo de depois parti o coração dele ela nunca ia me perdoar, e por mais que ela fosse minha melhor amiga e eu nunca quisesse magoá-la.... eu nunca diria algo assim.
- Eu vou matar ela, se eu descobrir..
- EI , dá pra parar? com certeza a garota foi culpada mas e ele? ele não me disse nada sobre você, como a garota saberia que ele estava comprometido ainda mais com a prima- ela me interrompe.
- Oi? ele não te disse nada? como assim Hershey?
MERDA, eu só falo merdaaaa.
- Ela, eu confundi.
- Sabe seu namoradinho drogado? descobri que ele investiga algumas coisas pra mim , pode até seguir o Arthur e descobrir com quem ele me traiu, deixei até o Otávio bater no Arthur um pouquinho pra ele nunca mais mentir pra mim.- ela riu.
- O que? deixa o Otávio longe disso Fernanda.
- Ele que veio me contar Hershey, Otávio me contou sobre a garota, viu os dois juntos num carro no estacionamento, mas segundo ele não conseguiu ver o rosto da vaca.
- O que isso significa?- Eu já paguei o serviço... Otávio já deve estar atrás deles, torce por mim amiga.
Ela me beijou no rosto e saiu, eu preciso fazer alguma coisa sobre isso.
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As incertezas da minha vida.
RandomHershey é uma garota de 17 anos,que tem uma opinião formada sobre tudo, até ela se envolver em novas situações e descobrir que não é tão sabia como pensa, ela vai enfim revelar as certezas e incertezas de sua vida.