E mais uma vez, eu consigo estragar todas as coisas que conquisto, seja boa ou ruim, eu sempre deixava tudo ir embora e eu não conseguia ver beneficio em perder coisas.
Depois daquele dia eu tomei mais algumas doses, enchi um pouco o copo, e desmaiei no colo de alguém, eu sentia tanta falta, mas mesmo sentindo falta eu não ia dar meu braço a torcer, eu via Otávio algumas vezes na rua, uma ou duas vezes no mercado, já se passaram 3 semanas desde o ocorrido, eu simplesmente não queria ir correndo para os braços dele, mas adoraria que ele corresse para os meus. Era uma situação de amor e orgulho e como sempre eu não sabia que escolha tomar, ou se tomar alguma decisão fosse minha obrigação, as únicas palavras que se repetiam era ele me mandando pro inferno como se eu fosse a pior pessoa do mundo pra ele. Arthur me ligou 3 vezes semana passada, em dias seguidos e eu não atendi e nem mandei nenhuma mensagem, eu queria sumir de vez, e isso inclui todos que eu poderia evitar, infelizmente meus pais eu não iria evitar tão cedo.
Eu fiquei todos os dias por 3 semanas, indo a aulas, ajudando nas compras, vivendo uma crise existencial, isso era uma grande merda e eu estava louca para me livrar dessa rotina sem graça que eu levava, eu nunca fui de me meter em confusão, Por mais que Otávio fizesse algumas merdas sozinho, ele odiava me envolver nas coisas que ele julgava erradas mas vivia fazendo, então eu precisava de alguém ao contrário dele, que gostasse de mim o suficiente para me deixar fazer minhas próprias escolhas, e com o celular na mão eu não pude aguentar:
- Quem é vivo sempre aparece, ou me liga no meio da tarde, não é anjo?
- Vem me buscar Arthur, eu mostro o quanto estou com saudade da sua voz me dizendo bobagens.
- Te buscar? alguma razão específica?
- Só saudades, não mando no meu coração.
- Coração?- ele ri- Hershey, não vem com essa.
- vai vir?
- me dá meia hora.
Eu iria fazer mais uma merda com certeza, mas eu faria algo por mim, pra manter minha sanidade ou perde-la de vez.
Meu pai dá três batidas na porta e entra, ele me olha com um sorriso que eu não via á alguns meses, logo me diz:
- Você tem visita.
- Nossa, ele me pediu meia hora, chegou rápido, manda Arthur subir?
- Arthur?
- É pai, Arthur, o menino que está na sala.
- Hershey, o garoto que veio te ver me disse pra chama-lo de Otávio e não Arthur.
- Q-que? Otávio?
Eu saio do quarto rapidamente e ele está sentado no meu sofá com uma cesta em suas mãos, eu desço as escadas e ele levanta e fica sorrindo pra mim:
- O que faz aqui?
- Hershey, olá, eu vim me desculpar pela minha atitude, eu sei que a culpa foi minha, eu não me assumo com você, nem te levo pra fazer parte da minha vida, e você tem todo direito de sair com aquele cara se ele te dá o que eu não dei, mas eu não suporto essa distância que nossos corpos estão ficando a cada dia, por falta de explicação, eu preciso ter você por perto.
Eu gelei em ter Otávio me pedindo desculpas, eu gelei em vê-lo admitir que me queria por perto, eu me aproximei, e passei minhas mãos no rosto dele, ele me pegou pela cintura e me beijou, largou a cesta no chão e me apertava enquanto beijava, se afastou um pouco e eu pude ver um sorriso tão profundo nascer dos seus lábios, do nada aquela paixão de garotinha me acertou novamente:
- Você é tão especial- ele sorri- eu faria de tudo pra acordar todos os dias ao seu lado.
- Ah, pela Hershey? eu atravessaria a cidade, ficaria preso no trânsito em um domingo, só pra vê-la, e vejam só? foi exatamente o que eu fiz.
Olhamos para a porta da sala e Arthur estava ali, eu havia esquecido que ele viria, eu fiquei sem falas olhando a merda que eu acabava de ter feito e mesmo não querendo eu sempre magoava alguém.
- Arthur, me desculpe, eu esqueci de te ligar cancelando, não posso sair hoje, castigo sabe?
Otávio mantém os olhos fixos em Arthur, e aquilo me preocupava.
- Claro!! você me parece doente e cansada, por isso estou aqui, tudo o que você não precisa é uma decepção amorosa não é? Manda seu ficante de vacilo vazar daqui- Arthur começou a provocar e eu sentia que aquela maré de ironia não fazia o perfil do Otávio, ele era do tipo que nunca ouvia o que não queria e deixava por aquilo mesmo.
- Arthur você bebeu?-perguntei- vai embora por favor.
- Claro meu amor, assim que você me acompanhar. ele agarrou forte no meu braço e começou a me puxar em direção a porta.
Otávio veio na minha direção e me puxou tão forte que o a mão do Arthur se desgrudou do meu braço e me empurrou em direção ao chão.
- A cada vez que a chamar de amor eu arranco um dente da sua boca, se tocar nela eu arranco seus braços.- a expressão de Otávio era a mais séria que eu já havia visto do mesmo.
Eu levantei do chão e abri a porta para ele ir embora, ele se dirigiu até mim, ele respirava tão fundo como se estivesse se controlando por pouco tempo, ele saiu pela porta sem dizer mais nenhuma palavra e eu me desculpei com o Otávio pelo desentendimento.
- Nossa, por um instante achei que você fosse mata-lo- eu ri.
- Talvez não hoje, mas isso vai acontecer.
- Dele morrer?
- Vou acabar com a vida merda que ele tem, vou poupar a família dele de um futuro suicídio que ele pode vir cometer.
Eu não conseguia ouvir aquilo e continuar bem, não quando ele falava tão sério, ele me beijou e disse que precisava ir, me pediu desculpas e montou na moto.
- Otávio, promete que não vai fazer nada?- pedi antes dele partir.
- Eu não vou fazer nada, seu amigo vai.
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As incertezas da minha vida.
RandomHershey é uma garota de 17 anos,que tem uma opinião formada sobre tudo, até ela se envolver em novas situações e descobrir que não é tão sabia como pensa, ela vai enfim revelar as certezas e incertezas de sua vida.