Gaston Leroux

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Fantástico e Bon Vivant

Geraldo Galvão Ferraz

Gaston Leroux, autor de tantas histórias estranhas, não podia nascer de
modo convencional. No dia 6 de maio de 1868, seus pais estavam indo de Le
Mans para a sua casa na Normandia, onde o pai, Julien, era empreiteiro de obras
públicas. Tinham de fazer uma baldeação de trens em Paris e, ao atravessar a
cidade, as dores do parto chegaram para a mãe do escritor, Marie-Alphonsine,
que teve de ser levada às pressas para uma casa onde o bebê nasceu.
Anos depois, Leroux, já adulto, voltou a Paris para conhecer a casa em
que nascera. No andar térreo funcionava uma funerária. Seu comentário foi
cortante: “Ali, onde eu fui procurar um berço, encontrei um caixão”.
Gaston-Louis-Alfred cresceu na Normandia, sobretudo no pequeno
porto de St. Valéry-en-Caux, onde vivia nos veleiros de pesca e ajudava a tirar os
arenques das redes. Na escola, era um ótimo aluno que ganhava prêmios atrás de
prêmios e era visto como um promissor candidato a advogado. Mandado para
Paris, onde foi cursar a faculdade de Direito, o jovem Gaston aproveitou para
escrever contos e poemas, alguns publicados em pequenas revistas. Em 1889,
formou-se, seu pai morreu e lhe deixou uma apreciável herança de um milhão de
francos. Em seis meses, Gaston torrou o dinheiro com bebida, mulheres, jogo e
investimentos desastrosos.

 Em seis meses, Gaston torrou o dinheiro com bebida, mulheres, jogo e 
investimentos desastrosos

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Bon vivant, jogador e talentoso romancista, Gaston Leroux tinha o estranho hábito
de comemorar o fim de um texto disparando um revólver de sua varanda.

O advogado que virou repórter

O bon vivant, gordinho e sempre com um pincenê pendurado no nariz,
desistiu do Direito e foi trabalhar como jornalista no L’Écho de Paris; usou seu
amor ao teatro para escrever críticas e seus conhecimentos de tribunal para cobrir
julgamentos. O sucesso foi imediato e logo ele estava ganhando muito mais no
jornal Le Matin. Uma de suas reportagens abalou Paris: ele disfarçou-se de
médico da prisão para conseguir entrevistar um condenado, usando para tanto
documentos falsos. Provou que o prisioneiro era inocente e isso o tornou
famoso. É verdade que teve de presenciar algumas execuções, que o
transformaram num inimigo da pena de morte pelo resto da vida.
O jornal, então, fez dele repórter itinerante, o que o levou a viajar
constantemente pela Europa toda, para a Rússia, a África e a Ásia, muitas vezes
incógnito ou disfarçado para conseguir boas histórias. Assim cobriu a guerra
russo-japonesa e o famoso segundo julgamento do capitão Dreyfus, acusado de
traição. Seus textos eram cheios de colorido e pitoresco, fazendo crescer a
circulação do jornal. Leroux virou uma celebridade, descrevendo como era ficar
na beira do vulcão Vesúvio em erupção, o massacre dos armênios pelos turcos,
os motins do mar Negro, um encontro secreto do Czar com o Kaiser Guilherme
II.

O Fantasma Da Ópera - Gaston LerouxOnde histórias criam vida. Descubra agora