Intervalo

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O sinal tocou e começou a correria, crianças carregando lanches, raquetes de ping pong, brigas, etc.
A escada para chegar até o segundo andar era extensa o suficiente para passar dois elefantes, mas ainda assim era complicado subi-las.
- Vamos, vou te apresentar meu irmão e depois iremos comer. – Eu comentei enquanto andávamos no meio da multidão empurrando alguns maltrapilhos que ficavam no nosso caminho.
Eles começaram a subir a escada, tinha lado para subir e para descer, mas no intervalo não existia isso, era alguns pulando 3,4 degraus, outros escalavam as paredes pra subir mais rápido, e nós íamos lentamente e segurando no corrimão para não sermos empurrados e cairmos escada abaixo rolando.
- Aqui é mais animado do que na minha escola antiga. – Disse Daniel, que não parava de sorrir vendo o ambiente acelerado. – Esse povo parece doido, porque tanta pressa será?
Virei pra trás e olhei pra ele rindo também.
- É porque lá na cantina do nosso andar, são mais gostosas as comidas, os salgados, por isso a maioria vai lá, mas tem que ir rápido, porque tudo acaba muito rápido. – comentei enquanto a escada já estava esvaziando.
Eram 40 degraus, uma longa subida, ou descida, pra quem iria descer.
Enfim chegamos ao segundo andar, onde era bem mais cumprido, espaçoso, os alunos mais velhos, barbas, cabelos cumpridos, todos tinham seu estilo único, e a sala do meu irmão era a última do corredor, a ordem era pra aqueles que fossem mais novos, os mais velhos, ou seja, as turmas mais antigas que estavam prestes a acabar seu vínculo com a escola, ficavam nas últimas salas. E lá estava ele, me esperando em frente a porta, mas tinha mais alguém com ele, algo que não era de costume, uma menina.
Ela era linad ao meu ver, e ao ver do Daniel também, pois ele assim que me viu apontando para o Jerry, ele cutucou meu braço e começou a pular de animação, pois  ela realmente o deixara animado.
- Vamos cara, vamos lá conversar com seu irmão. – Ele falava enquanto eu fiquei parado no corredor, eu que sou irmão não poderia dar uma brecha dessa com o Jerry, deveria dar cobertura a ele.
Eu parei e puxei o Daniel pra uma sala que estava com alguns alunos jogando truco.
- Não cara, não podemos ir lá falar com ele agora. – E não era difícil de saber porque, até o Daniel que era meio distraído conseguiria saber o motivo. – Espera ela sair de lá, e se ela sair, a gente vai lá falar com ele.
Ele concordou, desanimado mas concordou.
- Tudo bem então cara, seu estraga prazeres. – ele voltou a sorrir. – ela é muito atraente né?!
E realmente a menina era atraente, com seus cabelos ruivos, os olhos eu não pude ver a cor, porque ela estava de costas para nós, e de frente ao meu irmão, ele deve até ter nos visto indo em direção a ele no começo, mas não demonstrou nenhuma reação.
O fato do Daniel estar muito animado já era explicável, porque ela tinha um corpo muito atraente, suas curvas eram singelas, simples, mas de uma forma escultural, deveria ter a minha altura mais ou menos, a pele branca que nem a neve.
Ficamos na sala esperando até que alguém entrasse na sala e nos mandasse sair, mas isso não aconteceu, até mesmo fomos ver os garotos jogar truco.
- Eai muleque! – chamou atenção um dos caras sussurrando – se me falar que carta ele tem eu te pago um lanche lá embaixo, que tal?
Ele começou a rir enquanto o Daniel foi disfarçadamente ver quais cartas um cara negro de boné verde escrito YANKS.
- Qual foi muleque sai daqui. – Disse no mesmo instante o cara negro, bravo, escondendo as cartas na mesa, mas pela reação do Daniel, ele tinha cumprido com a missão.
Ele voltou e disse
- Ele tem um zap cara, sai fora. – Daniel tinha piscado a dupla do cara negro, e eu não entendi muito bem.
Naquele momento a partida estava valendo 6, e o menino para quem Daniel piscou pediu 9.
- Vamo seu zé, ta com medo? – disse o menino, e o que pediu para ver as cartas já estava tremendo.
E ele correu.
No mesmo instante o cara negro mostrou as cartas na mesa, não tinha sequer um J pra ganhar uma rodada, foi um blefe, e o Daniel fez parte disso.
- Desculpa ai mano, não gosto de trapaceiros, fora que você nem ia pagar o lanche mesmo. – o menino levantou da cadeira e começou a correr atrás dele, eu já estava na porta esperando o Daniel passar pra fechá-la na cara do menino para salvá-lo.
No mesmo instante o Jerry apareceu na porta.
- E ai maninh... – ele começou a dizer e então o Daniel trombou nele correndo do garoto do primeiro ano.
Jerry prevendo o que estava acontecendo, segurou o menino que queria bater no Daniel e disse pra sair.
Como naquela escola sempre os melhores era os alunos do terceiro ano, o menino só saiu irritado e ameaçou o Daniel depois, mas ficou elas por elas.
- Eu te vi entrando nessa sala aquela hora que passou por mim, me desculpa não ter falado contigo. – Jerry estava com as bochechas rosadas. – eu estava um pouco ocupado
- Ocupado, sei. – Daniel estava esborrachado no chão, choramingando da queda,  Jerry já tinha se levantado. – acha que a gente não viu você com aquela menina ruiva é? Vimos sim!
Eu só estava observando a cena.
- Não faz mal irmão, mas e ai, pegou o número dela? – Perguntei animado, mas a reação do Jerry foi outra.
- Você tem muito que aprender ainda maninho, antes de olharmos a bunda da menina, temos que olhar seus dedos, sabe porquê? – perguntou Jerry, pra ver se eu tinha entendido a lição, mas ainda não, então me mantive quieto até ele me falar e entender que aquilo tinha sido um não.
- Porquê nos dedos ficam as alianças, e meninas que usam aliança namoram, e os namorados delas não gostam muito que elas conversem com outros meninos. – Ele perguntou olhando para trás e para os lados, um pouco suspeito. – mas ainda assim ela conversou comigo, me disse algumas coisas que me achava bonito e tal, mas eu não dei muita bola, não quero meninas compromissadas, mas ainda assim vou ajuda-la num trabalho de física na saída da escola.
E então o sinal tocou.
- Você comeu? – mas neguei com a cabeça.
- Não me espere na saída hoje, vou ir mais tarde pra casa, tudo bem? – Jerry passou a mão na minha cabeça e saiu andando. – ah, e foi legal te conhecer...
- Daniel, sou o Daniel. – ele ainda estava frustrado da queda, mas já tinha se levantado.
- Daniel, depois conversamos, até mais! – E ele disse isso voltando pra sala dele.
- Vamos, temos que ir pra nossa sala logo, é aula de matemática agora!

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