Retornamos pra sala e continuou a mesma coisa o tempo todo, aula de matemática, a professora nos ensinou algumas contas de divisão que eram bem fáceis para mim, e o Daniel sequer fazia a lição, ficava lá brincando com as facas dele fazendo golpes no ar sem que ninguém percebesse.
As duas últimas aulas eram de português, algo que eu não gostava tanto, mas ainda assim minhas notas nunca eram abaixo de 8.
Deu 12:00 e tocou o sinal, estava na hora de ir embora, como de costume eu estava indo para a saída com o Daniel, ameacei esperar meu irmão no portão da escola para irmos embora juntos mas ele não estaria lá, então fomos só nós.
- Você deve morar perto de mim. – Afirmei pro Daniel, mas já de relance percebi ele negando com a cabeça.
- Eu moro um pouco longe daqui, mas da pra fazer o caminho da sua casa, pra você não ir sozinho, qualquer caminho eu consigo chegar lá em casa. – Ele comentou.
Estávamos andando vagarosamente, quando percebemos 5 meninos nos seguindo.
- Acho que você já viu eles né? – perguntei enquanto mantínhamos o mesmo passo.
- Faz tempo que vi eles, estão nos seguindo desde que saímos da escola, um deles é o menino trapaceiro do truco, acho que se ficarmos assim do jeitos que estamos eles desistem. – comentou Daniel enquanto aparentava estar bem tranquilo, só querendo fugir da luta.
- Hey vocês ai, seus babacas! – O menino do truco chamou. – acha que eu esqueci de você moleque?
Daniel virou sorrindo pra ele, já abrindo a mochila.
- O que você quer cara? – Ele aparentava estar neutro perante a situação, já eu estava com um pouco de medo, eram 5, e nós éramos 2.
- Eu quero o que eles me tomaram, aquela partida estava sendo apostada, era 20 reais de cada um, e você me fez perder. – o menino estava avançando num passo acelerado, à uns 15 metros, e nós nos mantínhamos parados.
- Não nos culpe se você não sabe jogar, vem pedir pra mim dizer a carta do cara, se coloca no lugar dele, acha que ele também me bateria se eu tivesse feito aquilo com ele? Vai embora cara. – Daniel deu um tchau com a mão e continuou andando, sem perceber eu também estava o seguindo.
- Nada disso! – o menino começou a correr atrás de nós, e nós continuamos andando devagar, sem pressa alguma.
- Fique calmo, já estou com elas prontas, mas talvez vou ter que usá-las. – sorriu pelo canto da boca Daniel.
- Não cara, não faz isso não, você disse que nunca as tinha usado, vai que se machuca. – Eu estava desesperado com aquela situação.
- Pode deixar, eu já usei elas sim, e nunca me machuquei, quem vai se machucar são eles se continuarem nos perseguindo. – Ele apontou pra frente da rua. – Falta muito pra chegar na sua casa?
Eu observei a rua e percebi que não, não faltava, estávamos bem perto aliás, mas não chegaríamos a tempo antes do menino nos alcançar junto com o grupo dele.
- vai me ajudar nessa amiga? – perguntou Daniel, mas eu mais prestei atenção na palavra amigo do que se ajudaria ele, mas já que eu tinha um amigo agora, não poderia deixa-lo na mão.
Olhei ao redor da estrada, era cercada por um bosque, e nos bosques existem árvores, das árvores surgem troncos e galhos, alguns parecidos com porretes.
Corri até a beira da estrada, joguei a mochila no canto e segurei um porrete, conseguia saber que era duro o suficiente e que não quebraria com uma pancada, como eu soube isso é que eu não sei.
E então retornei até ele.
- Boa arma. – Disse Daniel rindo. – vamos lá, venham seus desgraçados!
E eles chegaram, Daniel com suas duas facas, uma em cada mão, fazendo uma posição de ataque, que eu não conhecia mas ele devia saber muito bem como ela funcionava.
Os cinco meninos vieram de uma vez, eu ainda estava meio em choque, e só um deles veio me atacar, os outros 4 foram pra cima do Daniel, inclusive o trapaceiro.
O menino que veio pra cima de mim, um gordo que devia pesar 90 quilos, era tão lento que o soco dele poderia ser desviado por umas 30 vezes até alcançar o alvo, eu desviei de seu soco e bati com o porrete no queixo do garoto, que sem perceber caiu no chão e apagou.
Aquele dali ficaria um bom tempo desmaiado, minhas mãos e meus braços tremeram tanto com o impacto que quase deixei cair o porrete.
Enquanto isso olhei pro lado Daniel estava que nem um furacão atingindo os meninos, alguns já estavam com alguns cortes, tinha um que tinha o corte da orelha até o pescoço, e estava sangrando razoavelmente, e eles aparentavam estar amedrontados com meu amigo, nenhum ousava sequer aproximar um metro dele, nem eu poderia, pois eles tinham fechado o círculo.
- Venham seus desgraçados! – Daniel chamou apontando uma das adagas pro rosto do trapaceiro. – não gostam de trapacear, pode vir os 4, dou conta de todos.
E os meninos não estavam armados, somente com seus punhos, Daniel devia ter sofrido só alguns socos no abdômen e no estomago, mas seus braços não seriam facilmente atingidos.
Rapidamente eu percebi que eles estavam distraídos demais tomando cuidado com as adagas do Daniel, e então avancei em cima do trapaceiro e bati nele com o porrete nas costas.
Ele caiu no chão chorando de dor, os amigos dele rapidamente viraram na minha direção, mas não fizeram nada, simplesmente saíram correndo levando o amigo nas costas, o outro que eu havia desmaiado ainda estava lá, todos com alguns cortes na perna e nos braços.
- É, você realmente não me abandonou. – Daniel veio em minha direção e tocou minha mão com um toque forte demais na minha opinião, meus braços ainda tremiam do peso do tronco.´
- Não posso abandonar um amigo, vamos.- e continuamos pela estrada, até chegar na minha casa, ambos um pouco cansados.
- Quer entrar? Minha mãe ainda está no trabalho, mas jaja ela chega, posso te mostrar a nossa plantação no fundo da casa.
Ele aceitou.
- vamos lá então.

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Elemental
MaceraNão posso dizer exatamente toda a história do meu livro porque já escrevi um e quem também já escreveu sabe, a cada 10 palavras pensadas, 30 são escritas. Mas posso lhes dar uma ideia de que esse livro vai te gerar muitas emoções. Quando bebê, seu...