Cruel Fate (MiniFic)

Episódio Piloto

Bom dia pessoas, comecei a escrever essa fic e gostaria de saber se vocês acham a história legal o suficiente para eu continuar. Comentem o que acharam e principalmente se eu devo continuar com os capítulos. Obrigado. Boa leitura. :D

Camila Cabello desceu do táxi e respirou fundo antes de entrar no hotel. Gostava de bailes e festas, mas esta noite estava cansada. Havia sido um dia longo e infrutífero, precedido de uma série de outros dias iguais, e se não tivesse que comparecer ao baile de caridade para manter as aparências, a esta hora estaria em casa.

Um recepcionista cuidou de seu casaco e Camila se dirigiu ao salão. Apesar do vestido de noite, um St. Laurent original, dos sapatos italianos feitos a mão e das jóias Cartier, Camila sabia que seus dias estavam contados. Se não conseguisse o suporte financeiro para a empresa familiar, em pouco tempo teria de desfazer-se de tudo. Não era o fato de abrir mão das jóias e vestidos que a incomodava, mas a certeza de que a coletividade dos bens da família não eram suficientes nem para amortizar as dívidas.

Ao passar pela porta do salão, olhou em volta e reconheceu muitos rostos. Na verdade, passara longas horas das últimas semanas enfrentando a frieza desses mesmos rostos através de mesas imponentes de todas as formas e tamanhos. E agora, os que a viam chegar se viravam depressa, certamente comentando os rigores econômicos que se abateram sobre sua família.

Camila correu os olhos castanhos pelo salão e ergueu a cabeça num gesto de dignidade. Os cabelos longos e negros contribuíam para o ar sofisticado e elegante, e as pessoas a observavam como se fosse difícil acreditar que em breve aquela linda mulher seria apenas mais uma mendiga.

Servindo-se de um copo de vinho, Camila cumprimentou os poucos que ainda tinham coragem para encará-la com um sorriso cínico. Há seis meses era tudo tão diferente! Agora a máscara caíra, e tinha de lidar com as conseqüências das ações mal planejadas de seu pai Alejandro.

— Por que o ar surpreso? — uma voz perguntou às suas costas. — Quando o navio começa a afundar, os ratos são os primeiros a abandoná-lo.

O tom baixo e vibrante era inconfundível e, gelada, Camila  virou-se para encarar a mulher que preferia nunca mais ver.

— É verdade — respondeu. — Os ratos fogem, mas os urubus aparecem imediatamente atraídos pelo cheiro das carcaças. Por que tenho a sensação que seria hipocrisia dizer que é um prazer revê-la?

Lauren Jauregui, bela como uma princesa e dona de um coração negro como a noite sorriu com arrogância.

— É melhor recolher as garras, Camila. Vejo que as desenvolveu, afinal...

A ironia do comentário a fez sentir vontade de gritar. E o que esperava? Que continuasse vivendo indefesa, incapaz de proteger-se contra os perigos do mundo? Não. Aqueles dias de inocência acabaram, e felizmente conseguira erguer uma muralha de defesas em torno do coração.

— Do meu ponto de vista, a temporada de caça aos Jauregui é eterna! — exclamou.

O que Lauren estaria fazendo na Inglaterra?

— Sempre recebe uma velha conhecida com armas em punho? Relaxe, Camila! Pode estar disparando contra uma aliada.

— Aliada! Você é a inimiga, Lauren, e como tal, não merece minha consideração. Se me der licença — e preparou-se para afastar-se. — Tenho me tornado mais seletiva com relação às companhias.

Camila caminhou pelo salão com pernas trêmulas, sem saber para onde se dirigia. Continuou andando até que, eventualmente, descobriu-se numa pequena saleta de onde não se podia ir a nenhum outro lugar. Então parou e respirou fundo, tentando conter os tremores e as batidas aceleradas do coração. Por que Lauren havia voltado? Já não tivera o bastante? A odiava com a mesma intensidade com que a amara.

Lauren Jauregui ainda tinha aquela aparência capaz de enlouquecer a todas as pessoas, a mesma beleza que um dia a fizera esquecer todas as precauções e mergulhar no sofrimento. Não conseguia resistir aos cabelos negros e brilhantes, aos penetrantes olhos verdes e à feminilidade que a atraíra como um ímã. Lauren a levara para jantar e dançar, tratando-a como um ser precioso e querido, envolvendo-a em gentilezas que, tola que era, interpretara como sinais de amor.

A amargura era como fel em sua boca e, inconsciente, Camila segurou o copo de vinho com mais força. Lauren transformara seu amor em ódio com todas aquelas mentiras. Sim, porque fora tudo uma grande mentira, do princípio ao fim! A recordação amarga foi interrompida pelo estalo do vidro se partindo e por um grito de dor.

Assustada, Camila olhou para os cacos espalhados a seus pés e para o sangue que escorria de sua mão. Só então percebeu que não estava sozinha.

— Meu Deus! Se machucou? Me deixe ver.

Lauren a seguiu desde o salão, e agora tomava sua mão e a examinava como se tivesse direitos irrestritos sobre ela.Camila estremeceu e se surpreendeu olhando para aqueles cabelos negros, recordando momentos e situações que julgara enterrados para sempre no passado. Numa tentativa de controlar-se, respirou fundo e foi bombardeada pelo aroma do perfume. E como se não bastasse, o toque das mãos dela enviava pequenas correntes elétricas que percorriam seu braço e espalhavam-se pelo corpo todo. Horrorizada com a reação inesperada e inquietante, sentiu-se paralisada e incapaz sequer de afastar-se.

— Vai sobreviver.

A declaração de Lauren a arrancou do estado de choque, e quando ela a encarou encontrou novamente aquela expressão fria, distante e rancorosa.

— É só um arranhão. Por que fez isso? Pensou que o copo fosse meu pescoço?

Camila olhou para a própria mão e viu que Lauren improvisara uma bandagem com um lenço branco.

— Se existe uma pessoa que merece morrer enforcada, essa pessoa é você.

— Muitos tentaram, ninguém conseguiu.

— Um dia vai cair desse pedestal, Lauren. E eu espero estar perto para apreciar o espetáculo.

— Deve ser nossa herança genética. Não acha que essa história tem todos os ingredientes para uma tragédia grega ou espanhola? Mulher vingativa aplaude queda de sua esposa.

— Ex-esposa.

— Diz isso com tanta simplicidade...

— E o que esperava? Aquele foi o dia mais feliz de minha vida!

— Engraçado. Tenho a impressão de que disse a mesma coisa sobre o dia de nosso casamento.

E então pessoal, devo continuar a postar a história? Deixem comentários sobre o que acharam do Episódio Piloto. Beijos.