Revelação e Esposa?

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Esperava que ela usasse de força física para obrigá-la a render-se, mas Lauren tinha armas mais sutis e eficientes. Mantendo-a presa junto ao peito, beijou-a várias vezes nos lábios antes de inclinar a cabeça para alcançar seu pescoço, provocando-a com sua sensualidade. Devastada, Camila não tinha alternativa senão suportar a tortura e admitir a força da atração que ainda sentia por ela.

— Não é tão fácil, certo? — ela sorriu, fitando-a com um brilho triunfante nos olhos verdes.

Se queria matar o que ainda restava do amor que sentira por ele, não podia ter escolhido maneira melhor.

— Jamais pensei que pudesse desprezar um ser humano com tanta intensidade. O que estava tentando provar? Que ainda é capaz de me excitar? Talvez seja e talvez até possa me levar novamente para sua cama. Mas teria de me possuir sabendo que odeio cada toque de suas mãos. Minha reação não tem nenhuma relação com o que sinto, e a única coisa que posso sentir por alguém capaz de fazer o que fez comigo é ódio! — e virou-se para sair.

— Onde pensa que vai?

— Quando estiver disposta a conversar como uma pessoa normal e adulta, eu estarei no quarto.

— Se quer mesmo saber toda a verdade, terá de jantar comigo.

Derrotada, Camila respirou fundo e virou-se para encará-la. Gostaria de nunca mais vê-la, mas não seria capaz de continuar vivendo sem conhecer os motivos que o levaram a feri-la tão profundamente.

Resignada, sentou-se no sofá mais próximo e tentou imprimir um tom sarcástico à voz:

— Muito bem, se minha companhia a satisfaz... Acho que vou tomar aquele drinque.

— Não sei se sua companhia me satisfaz — ela respondeu enquanto servia o Martini, sua bebida preferida.

Ao aceitar o copo, Camila evitou seus olhos e tomou cuidado para que as mãos não se tocassem. O silêncio os envolvia como um manto escuro, e não tinha a menor intenção de estabelecer uma conversa polida e amistosa. Não estavam mais em lua-de-mel, não era mais a noiva vivendo um conto de fadas, e o amor que antes transbordava numa cascata de felicidade transformara-se em ódio, um sentimento que a envenenava lentamente.

Vivia uma situação de conflito, e recusava-se a fingir. Assim, foi com alívio que ela viu a Srta.Brooke entrar e avisar que o jantar estava servido. No entanto, a simples visão da comida a fez sentir náuseas, e foi com grande esforço que conseguiu sentar-se à mesa e suportar a companhia da estranha com quem se casara.

— Devia experimentar a sopa querida — Lauren sugeriu. — Está deliciosa!

— Isso é uma ordem?

— Pretende morrer de fome?

— Por sua causa? Nunca!

— Então prove a sopa. A Srta. Brooke disse que passou o dia todo sem comer. Vai querer que eu me levante e vá até aí para obrigá-la a se alimentar?

— Qual é o problema? Tem medo que eu desmaie de fome e arruíne sua reputação?

— Não tenho medo de nada. Só estou fazendo o que deve ser feito. Nunca tive a intenção de fazê-la adoecer.

— Então é melhor sair da minha frente, porque olhar para você é o suficiente para me deixar doente.

— Não se preocupe — ela sorriu. — Não pretendo prolongar nossa breve convivência. Assim que conseguir o que quero, nunca mais terá de me ver.

— Gostaria de jamais tê-la visto!

— Teríamos nos encontrado de qualquer forma, Camila. Algumas coisas são inevitáveis.

Cruel Fate (MiniFic)Onde histórias criam vida. Descubra agora