Capítulo 3❤

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Melissa narrando

Passamos a tarde toda nos arrumando. Quando a noite chegou estávamos praticamente prontas. Ficamos conversando até ouvirmos uma música de funk ser tocada bem alta e o barulho de motos e de pessoas subindo ficar intenso. Era o sinal de que o baile já estava no fluxo. Era á hora de subirmos.

— O que está achando gata?    

— Nossa, até que pra uma festa em favela tem bastante gente e ta animado. — Falei observando o movimento.

—  É sempre assim gata, agora vamos logo que na sorte pegamos um gato no primeiro tempo! —Emylle como sempre, nos arrasta para o meio da multidão.

—  Vocês não prestam!

— Nós que não prestamos ! — Anninha levanta um copo com alguma bebida e me entrega outro, enquanto isso Emylle olha para todos os lados de forma sutil.

Por um breve momento tenho a impressão que alguém me observa. Olho para cima e vejo o que seria a área VIP, ela tá cheia de homens, não dá para ver daqui os seus rostos, mas dá para ver que tem uns armados.

— Cuidado Melissa! Não os encare, são os donos dos morros, eles não gostam disso. — Me avisa Anninha e por um momento eu sinto um calafrio percorrer o meu corpo.

—  Tudo bem. Mas será que não podíamos dá uma olhadinha?— faço uma cara de safada e beicinho, mas elas negão com a cabeça.

A festa é animada. O funk é tocado alto e alternado entre proibições e músicas mais amenas. As mulheres dançam descendo até o chão e sarrando em homens que ficam próximos á elas. Eles ficam loucos quando elas dançam de forma provocativa e erótica,  em alguns momentos eu posso jurar que nos lugares mais escuro rola até um sexo ao ar livre, mas eu não pergunto nada as meninas. É tudo novo pra mim, embora eu sabia que nos bailes pode rolar tudo, a realidade é sempre um impacto.

Andamos entre aquele mar de pessoas, que gritam, bebem, beijam e pedem músicas aos funqueiros e aos poucos — com a ajuda de bebidas alcoólicas — Eu vou me enturmando.

Minhas primas dançam descendo até o chão. Elas rebolam, quicam e descem até o chão provocando e chamando a atenção. Aos poucos eu vou me achegando e logo eu já estou descendo até o chão e fazendo quadradinho. A bebida já chegou a minha cabeça e lá está fazendo festa.

Alguns caras se aproximam de nós e dançam próximo. Sinto mãos em minha cintura e uma respiração quente em meu pescoço me desperta. Estou indo longe de mais. Afasto o cara e olho á minha volta : As minhas primas sumiram.

Largo o copo de bebida em qualquer canto e ando até a saída. Paro no final da quadra e as procuro com o olhar. Nada. Elas não estão no meu alcance.

Naquele momento á festa para de ter alguma graça. A minha cabeça da sinais de que vai ter uma puta de uma enxaqueca e depois de procura-las por mais alguns segundo eu desisto e decido ir para casa.

— Tá cega? — Perguntou um homem armado ao qual eu esbarrei.

Fiquei com medo de responder. Além de está acompanhado por mais 5 homens, todos estavam armados.

— Te fiz uma pergunta garota. Qual foi? O gato comeu sua língua?— insiste.

— Eu... é... Desculpa.

Os caras começam a rir de minha atitude e eu fico perdida.  Talvez tenha sido melhor se eu tivesse o xingado. Ou não.

— Melissa!

Me viro rapidamente e um alívio percorre o meu corpo ao me deparar com a Anninha e a Emylle vindo em minha direção.

— O que você fez? — Anninha me pergunta alternando o olhar entre mim e o cara na qual eu esbarrei.

— Nada! — Falo e dou de ombros. Mas uma risada baixa parte do grupo de homens ao meu lado.

— Nada de mais. So quase derrubou o chefe! — Se meteu na conversa um baixinho gordo que pelo visto adora uma treta.

— Eu já pedi desculpas!

— Isso não vai acontecer de novo BH. — Falou Emylle enquanto me puxava discretamente para perto delas duas.

Antes que eu pudesse falar algo, algumas mulheres passaram esbarrando em nós e se agarraram aos homens armados. Uma mulher de vestido curto se aproximou do "chefe" que também foi chamado de "BH" e tentou beija-lo a face, porém ele virou o rosto, mas esse ato não a impediu de passar um braço em volta dele e ficar ali feito uma " segurança " — Como se ele precisar-se.

— Espero mesmo. Hoje ela me pegou em um dia sossegado. Mas não espere esse bônus da próxima.

Eles passam por nós como uma tropa e seguem baile á dentro enquanto o pessoal vai dando passagem para eles.

— Ele é o tal BH, o chefão, dono da porra toda que vocês falaram pra mim ficar longe?

— É ele sim. — Confirmou Anninha.

— E qual parte do " fique longe " você não entendeu? — Falou Emylle enquanto fazia aspas com os dedos.

— Eu não o vi! Foi sem querer!

— Você podia ter levado um tiro!

— Ou pior né Anninha!

Depois de muito tentar argumentar com elas, nós voltamos para a quadra e nos encontramos com algumas amigas das meninas. Ficamos um tempo ainda bebendo e conversando,  até que as minhas pernas reclamaram e a minha cabeça  — Com toda certeza irá explodir no dia seguinte — parecia que ia se desprender do corpo de tão pesada que eu a estava sentindo.

Me afastei um pouco das meninas e me sentei em um banco no barzinho sem as perde de vista. Observo as meninas rindo e dançando junto da multidão,  mas quando eu olho para cima eu me deparo com um par de olhos negros me encarando. Aquele moreno, o mesmo cara que eu esbarrei, o dono da porra toda me encarava da área VIP enquanto em sua mão um líquido rodava dentro de um copo de vidro antes de ser bebido.

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