O resto do mês de maio passa voando. Acordo hoje cedo e olho no calendário colado na minha parede, ao lado do poster do Elvis. Dia 1 de Junho. De acordo com o papel que George Harrison entregou para mim, falta exatamente um mês e dez dias para o baile, o que significa que as garotas da escola provavelmente começarão a se desesperar em breve.
A única coisa que eu consigo pensar sobre o baile é a tal banda de Harrison.
Me arrumo para a escola e, como de costume, me encontro com Pete para irmos juntos para a mesma. Imagino um jeito de perguntar ao garoto se este quer me acompanhar no baile, e como somos melhores amigos, isso não teria problema e eu não deveria estar nervosa ou com vergonha. Por que estou nervosa? A pergunta não sai bem como o planejado:
-- Hum, é... Pete, com quem você está pensando em ir ao baile? -- Digo isso enquanto viramos a esquina de nossa rua, tomando a rua que leva à entrada da rua da escola.
-- Bom, Má, a verdade é que eu ainda não sei bem... Estava pensando em chamar Jessie... -- Peter responde olhando para os pés, e eu sinto um nó no estômago, mas fico surpresa.
-- Jessie? Jessie Foster? -- Pergunto, ao me lembrar que Pete anda faz um tempo suspirando por esta garota... Tipo, uns cinco anos já.
-- É... O que você acha? Ah, acho melhor não... Vou acabar passando vergonha... Acho melhor ir com alguém que fico mais a vontade... tipo você... -- O menino me responde e eu sinto uma pequena vontade de chorar, mas controlo, engolindo um seco e dou apoio ao meu amigo.
-- Pete, você tem que chamá-la, ela vai adorar... Você é um garoto incrível! Não irá passar vergonha! -- Tento soar ao máximo sincera.
-- Mas, e você? -- Ele pergunta, notando a angústia que transparece um pouco em meu rosto. Olho para o chão.
-- Não... não se preocupe comigo. Vou arranjar um par também! -- Sorrio e olho para ele, que sorri de volta, no exato momento em que chegamos aos grandes portões da escola e avistamos Keith sentado na escada, nos esperando.
-- Olá, meus queridos amigos! -- Ele diz, fazendo um gesto exagerado com os braços. Noto que está segurando uma carta escrita com garranchos meio ilegíveis, a letra de Keith.
-- Oi Keith... O que é isto? -- Pergunto enquanto Pete acena para o amigo.
--Ah, isto? É que eu descobri que podemos levar pessoas de fora ao baile, então acabei de escrever uma carta para Jullia, convidando-a para ir comigo. -- Keith responde timidamente, me entregando a carta. Leio-a em voz alta e Pete ri do amigo, e eu também, porém, acho fofo o texto.
Querida Jullia
Como vai? Espero que esteja bem. Caso esteja se perguntando, também estou bem, só estou chateado por ainda estar de castigo. É, aprendi que é melhor olhar para onde você joga as bombinhas, e que é melhor não fazer isso perto de coisas de porcelana, ainda mais se o vaso favorito de sua mãe estiver junto com essas coisas.
Mas enfim, não é por isso que estou te escrevendo, pela quarta vez esta semana. Aposto que minha carta de segunda-feira chegou ontem aí. Olha, perdi o foco outra vez (estou rindo aqui). Bom, mês que vem, no dia 10 de Julho, haverá um baile na minha escola e descobri que podemos levar pessoas de outras escolas para serem nosso par... Você me concede essa honra?
Aguardo ansioso a sua resposta! A propósito, gostaria de te levar na sorveteria novamente, mas gastei a minha mesada de Maio inteira em bombinhas e explosivos diferentes e só irei receber a mesada de Junho mês que vem, aí a gente sai!Prometo enviar mais cartas! Abraços calorosos, do seu amigo,
Keith John Moon (1 de Julho de 1960)
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I Can't Explain
RandomÉ o início dos anos 60, na Inglaterra. Maria Giulia, uma garota de 15 anos, ajuda seu melhor amigo, que também é seu vizinho, Pete Townshend, a conseguir realizar seu sonho de poder tocar em uma banda famosa. O que era apenas uma amizade pode ir se...