Não há mais o que temer! As coisas realmente voltaram ao normal... Agora, Keith não é o único começando os assuntos e falando sem parar... Chega de ficar encarando meus pés! O clima de felicidade do domingo continua presente no decorrer da semana. Keith, que recebeu um "sim" como resposta de Jullia, pelo convite ao baile, está ainda mais ansioso pelo dia 10 de Julho do que qualquer outra pessoa da nossa escola. Não para de falar do tal baile nem no meio da aula de química... A Sra. Stwart, professora de química, já de saco cheio da falação do Moon, achou uma forma de tirá-lo da aula:
-- Sr. Moon, creio que a Sra. Vallery está te esperando para a sua visita semanal na sala dela... -- Sra. Stwart diz, mantendo a calma. A Sra. Vallery é a psicóloga da escola. Keith é "obrigado" a ir uma vez por semana na sala dela, por isso, quando o professor tem a sorte de ele ainda não ter ido, usa essa desculpa para tirá-lo da aula. Ele está em grande progresso esta semana, já é quinta feira e ele ainda não foi para lá... Quer dizer, até agora.
Keith se levanta, passa ao lado da carteira em que estou sentada e se dirige para fora da sala... Olho para Pete, com um olhar um tanto quanto triste... Tenho dó de quando isso ocorre com Keith, afinal, as pessoas gostam de usar essa "loucura" dele contra ele... E noto como fica constrangido sempre que algum professor comenta das suas "idas" à psicóloga da escola. Pete me retribui com um olhar igualmente melancólico. Escuto alguns garotos rindo de Keith no fim da sala... E é claro, Humbert está entre eles. Lanço um olhar mortífero para estas pessoas, mas isso não adianta muita coisa.
Tenho vontade de me levantar e dizer várias coisas para a professora e para todos os alunos ridículos que continuavam a rir do meu amigo. Mas o bom senso me impede.
Logo, a aula insuportável chega ao fim, mas eu continuo na minha carteira, emburrada, rabiscando com raiva em meu caderno. Sinto uma mão no meu ombro... Peter.
-- Ei... Você está bem? -- Ele pergunta.
-- Estou ótima... -- Respondo com raiva. Pete pega meu caderno, dá uma risada.
-- Estou vendo... Ótima a ponto de desenhar a Sra. Stwart com chifres de demônio... -- Pete observa o desenho feito com raiva do meu caderno e volta seus olhos para mim, que começo a reclamar.
-- Por que todo mundo é tão cruel? E daí que o Keith tem sérios problemas de loucura? Ele continua sendo um ser-humano! Todos estavam conversando mas só ele foi mandado pra fora, e é sempre assim, toda semana! -- Digo, cruzando os braços.
-- Eu sei, todos vêem só o lado ruim disso... Ninguém procura o lado bom! Por isso, o melhor que temos a fazer é continuarmos defendendo ele, e sempre deixar claro que somos amigos dele e que gostamos deste lado não tão normal da personalidade dele... -- Pete passa uma das mãos de leve no meu ombro, para tentar me acalmar. Sua voz soa terna e sensível, me fazendo acreditar na bondade das pessoas.
-- É, acho que você tem razão... -- Respondo, dando uma profunda respirada.
-- Melhor a gente ir... Vamos procurar o Keith, nos despedimos dele e vamos para casa. -- Peter estende a mão e me ajuda a levantar da carteira. Guardo meu material na mochila e sigo Pete até o corredor.
Logo de cara, parado na frente da porta da sala, Keith nos espera, encostado na parede. Sem pensar muito, dou um abraço apertado no menino, que, um pouco confuso retribui.
-- Você está bem Moonie? -- Pergunto, preocupada.
-- Ah, estou sim Má... É normal isso acontecer! É assim já faz três anos! -- Keith responde, se desvencilhando de mim.
-- Keith, só uma coisa... -- Pete começa a se pronunciar, postando-se na frente do mais baixo... -- Não deixe as pessoas fazerem você pensar só sobre o lado negativo da sua personalidade...
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I Can't Explain
De TodoÉ o início dos anos 60, na Inglaterra. Maria Giulia, uma garota de 15 anos, ajuda seu melhor amigo, que também é seu vizinho, Pete Townshend, a conseguir realizar seu sonho de poder tocar em uma banda famosa. O que era apenas uma amizade pode ir se...