Hope I Die Before I Get Old!

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      O que está acontecendo? Estou seguindo Pete por um corredor estreito, quando de repente este entra em um cômodo, onde dentro há uma corda pendurada. Pete sobe em uma cadeira e coloca a corda em volta do pescoço e ameaça se jogar no chão. Eu tento impedir o ato, mas é tarde de mais. Dou um berro e choro. Como ele pode fazer isso comigo, me deixar para sempre? 

       Mas então tudo some, dando lugar a claridade matinal que sempre adentra a janela de meu quarto. Devido o susto, ainda não percebo que tudo não passou de um sonho, e continuo liberando lágrimas incessantes. Por um mísero momento, imagino minha vida sem Peter. Triste, vazia... Escura. Olho pela janela, tentando, sem sucesso, enxergar meu amigo, mas tudo o que vejo são as cortinas azuladas que tapam suas janelas. A visão ainda embaçada devido o choro. Me acalmo. Respiro e inspiro, repetindo para mim mesma "Foi tudo um sonho... Pete está bem!".

    Por ainda estar muito cedo, resolvo tentar dormir mais um pouco, mas sempre que fecho os olhos, a imagem de Peter morto aparece, me fazendo chorar novamente. Desisto disso e levanto de uma vez por todas. Resolvo tomar um banho para esfriar a cabeça. Cinco minutos depois saio do banheiro com o vapor atrás de mim. 

   No quarto, já vestida com minha calça boca-de-sino, uma blusa florida e meu all-star inseparável, penso em colocar um disco, para tentar me distrair, porém, me lembro que todos em minha casa ainda dormem, ou acabam de acordar. Penso em fazer algo muito mais... silencioso, como terminar de ler meu livro da Agatha Christie. Passadas mais ou menos duas horas, ou talvez apenas uma e meia, acabo o restante que faltava do livro, porém, agora já é possível escutar barulhos na cozinha, no andar de baixo.

    Desço as escadas e vejo minha mãe, colocando pratos na mesa.

-- Bom dia, minha querida! -- Ela diz, levantando os olhos para mim.

-- Bom dia mamãe! -- Respondo, a abraçando. A ajudo a terminar a arrumação, antes de meu pai acordar. -- Mãe, você já... Teve sonhos estranhos? -- Pergunto, meio distraída.

-- Mas é claro! Todos temos sonhos loucos de vez em quando... Mas que tipo de sonhos? -- Ela responde, como se fosse algo muito natural.

-- Sonhos do tipo ver seu melhor amigo morrendo na sua frente... -- Um calafrio percorre a minha espinha.

-- Credo! Não diga uma coisa destas! -- Ela me olha, meio assustada.

-- Eu não consigo parar de ver a imagem de Pete morto, sempre que fecho os olhos, para tentar dormir e... -- Novamente as lágrimas escapam e minha mãe me abraça, tentando me acalmar.

-- Peter está bem, calma... Foi só um pesadelo. Logo você irá encontrá-lo, não é mesmo? -- Ela me dá um de seus sorrisos mais ternos.

-- Sim, mas... Eu tenho medo de perdê-lo, medo que ele morra e medo de ter que viver o resto da vida sem as suas brincadeiras bobas... -- Controlo um pouco o choro, ainda deixando algumas poucas lágrimas caírem.       

-- Você não irá perdê-lo... Vocês possuem uma ligação mais forte que o medo ou até mesmo, que a morte! -- Ela limpa minhas lágrimas, e eu dou um sorriso, como forma de agradecimento.

-- É muito estranho eu me preocupar tanto com ele? -- Pergunto, preocupada. Minha mãe solta uma risadinha antes da resposta.

-- Claro que não, minha filha! Ele é teu melhor amigo! Isso é muito normal! -- Ela me aperta mais um pouco em seus braços.

-- Obrigada mamãe! Você está certa! -- Dou um beijo em sua face e nos desvencilhamos, nos sentando a mesa. Logo, meu pai aparece e se junta a nós.

Depois de comer, lavo a louça e subo ao meu quarto, postando me na frente da janela, aguardando qualquer sinal de movimento vindo da propriedade dos Townshend. Quando estou prestes a desistir e procurar algum outro livro para começar a ler, a porta da frente da casa se abre, e o alto garoto sai, se dirigindo para a garagem da mesma. Sem pensar duas vezes, saio correndo, quase caindo na escada. Assim que coloco o pé na rua começo a gritar o nome de Pete.

I Can't ExplainWhere stories live. Discover now