Capítulo 10

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Os olhos da garota imediatamente se arregalaram ao ouvir a ordem do damaso da água. Timidamente, ela tentou reverter àquela ideia, suas palavras foram selecionadas cuidadosamente. No entanto, apesar de pensar muito antes de falar, elas saíram de uma forma totalmente diferente das que foram planejadas.

— Eu não quero fazer isso – Sachiel falou.

— Ela não precisa fazer isso, Mosheh – contestou Melchior – hoje foi seu primeiro dia, com certeza não conseguirá fazer nada!

— É por isso que eu quero que ela faça, os damasos devem ser capazes de realizar o impossível! – Mosheh segurou a taça com mais força a ponto de trincá-la.

— Mas ela ainda não é uma, tecnicamente! A garota ainda está sendo treinada e por questões de status, ela é apenas uma prodígio – Melchior parecia irado, lamentava por não ser o tutor de Sachiel, pois Mosheh parecia não entender muito bem a linha tênue entre a dedicação e o extremismo – Eu não permitirei isso.

Melchior se posicionou a frente de Sachiel, com certeza ele não sairia de lá até Mosheh desistir daquela ideia insana. Ele se perguntou se estava fazendo o certo. Caberia a ele interferir na forma como Mosheh ensinava a garota?

O olhar na menina era de desespero, ela pedia ajuda.

Isso era o certo a se fazer sim!

Ele continuou ali.

— Vamos, Melchior, saia do meu caminho, você não é o tutor de nenhum dos dois, eu sei a forma de como devo ensinar os dois. Eles são meus!

— Nenhum dos dois é sua propriedade. E você só os levará por cima de meu cadáver. Não vê que ela se machucará muito?

— É obvio que eu não permitirei isso!

— Como? – ele o olhou indignado – por acaso você dará vantagens a um dos dois? Irá proteger Sachiel dos golpes de Douglas? Isso não será um duelo, então!

— Quando um dos dois estiver visivelmente perdendo, eu interromperei.

— Você está levando a menina apenas para sofrer!

— Pois bem, serei mais benéfico, será um duelo de duplas. Quem quer formar par com o Douglas? – Sugeriu Mosheh.

Quase todos os prodígios se ofereceram e por isso Mosheh chamou Yvese para fazer dupla com Douglas, pois eram um dos que mais se destacava durante os treinamento.

Aquele momento era singular para os prodígios, pois era a primeira vez que iriam participar de um confronto desse tipo supervisionado pelos damasos. A única experiência que possuíam era a de lutas que eles mesmos combinavam, mas sem terem acesso ao local de treinamento, pois faziam às escondidas.

Por conta disso, embora temerosos, os dois garotos estavam entusiasmados, seus olhos brilhavam de tanta fascinação e o sorriso era evidente nas suas faces.

Essa felicidade, no entanto, não contagiou Sachiel. Suas mãos tremiam e sua expressão facial estava tensa. Milhares de imagens passavam em sua mente, mas nenhuma nítida o suficiente para lhe dizer o que fazer nesse momento. Seus devaneios foram interrompidos apenas pela voz estrondosa de Melchior.

— E quem fará dupla com a garota?

Ninguém se manifestou, pois lutar ao lado da garota serviria apenas para serem ridicularizados entre seus outros amigos. Alec, no entanto, estava distraído, perdido em sua imaginação. Por conta disso, Melchior o escolheu para compor a dupla.

— Maldição! – Falou o garoto.

— O que disse, rapaz? – O damaso do fogo o fitou, arqueando uma de suas sobrancelhas.

Anjo da ÁguaOnde histórias criam vida. Descubra agora