– Rápido, tragam-no para cá! – Gritou um dos soldados.
– A curandeira, chame-a depressa! – Falou Jordi ao ver seu amigo Mosheh extremamente machucado.
– Como isso aconteceu? – Perguntou Gale, um dos prodígios do ar.
– Agora não, Gale – Respondeu Jordi.
Poucos minutos depois a curandeira cegou e começou a analisar a situação daquele damaso. Sua face estava apreensiva, seus lábios cerrados e um olhar imensamente triste.
Terríveis horas foram aquelas que os damasos passaram sem ter qualquer resposta satisfatória daquela mulher. O império estava mais denso apreensivo e as notícias corriam como a luz que conseguia encandear qualquer lugar com um piscar de olhos.
Seria aquele o fim de Mosheh?
Nem mesmo os damasos sabiam. Os três olhavam apreensivamente cada movimento, cada retrucar daquela velha. Era poções, elixires, súplicas aos deuses. Olhando de soslaio, a velha retrucou:
– Chamem minha bisneta, precisarei de sua ajuda.
Eurípedes ordenou a um guerreiro que fosse chamá-la.
Mais algumas horas voaram como o vento e o medo ficava como um inquilino no coração daqueles homens.
Melchior já não conseguia ficar parado, suas mãos formigavam. Suas têmporas pareciam estar sendo esmagadas pelas mãos dos deuses.
O rosto daquela velha lhe era familiar.
Mas de onde?
Inquieto, dirigiu-se a janela daquele local e contemplou o choro da noite. As estrelas estavam tristes por correr o risco de perder um dos seus amantes.
Mosheh, caro Mosheh.., Quem diria que isso iria acontecer?
Poderia ser com qualquer um, mas ele era um ótimo guerreiro, nunca permitiria algo dessa forma.
– Mas o que aconteceu de fato? – Perguntou Melchior a um dos guerreiros.
– Não sabemos ao certo, estávamos em formação, iriamos ganhar. Mas por algum motivo Mosheh saiu de nossa visão. Não entendemos ao certo, ele não nos deu ordem para nada.
– Por acaso são anencefálicos? Ninguém o acompanhou? – Retrucou Jordi.
– Ora, quem iria comandá-los? – Continuou Eurípedes.
– Peço perdão, mas cabe a mim?
– Cabe a todos, quando se está em guerra, deve-se acima de tudo prezar pela vida de seu companheiro. Sua mão direita ataca, mas a sua esquerda defende. – Jordi estava nitidamente tomado pela ira, por pouco não acertou àquele homem alguns socos.
– Continue – falou Melchior.
– Nós os encontramos apenas de dia, estava muito ensanguentado. Nem acreditamos que era ele.
– Não entendo, porque permitiram que eles vivessem? Os vampiros sentem a nossa vitalidade. São capazes de ouvir o barulho de nossos sangues transitando em nossas veias. Se eles tivessem tal oportunidade de desmoronar nosso império, não fraquejariam. – Disse Jordi.
– Compaixão não foi – Melchior arquejou uma de suas sobrancelhas.
O soldado que fora buscar a bisneta da curandeira acabara de chegar e ao vê-la, Melchior sentiu seu corpo se arrepiando dos pés à cabeça.
Aqueles olhos felinos.
Um nó em sua garganta se formou. Ele pensara que já estava triste o suficiente para não conseguir sentir mais nenhum sentimento, mas aquela garota provou-lhe o contrário.
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Anjo da Água
FantasyEm meio aos escombros de uma guerra, são as crianças que carregam o fardo de seus ascendentes. Elas são as únicas capazes de transformar uma centelha em uma erupção. Possuem o potencial de iniciar uma revolução, mas também podem trazer o apocalipse...