Capítulo III

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Essa mulher parecia incrível! Ela percebeu a satisfação nos nossos olhos e começou:

-Não fiquem tão animadinhos, tá bom? Vocês irão trabalhar com profissionais em homicídios e assassinos. É essencial que cobramos de vocês, coisas que talvez vocês não sejam capazes de fazer. -Pensei que esse fosse um discurso motivacional, enganei-me, ela queria nos apavorar por nunca termos trabalho com tal coisa. -Porém, eu acredito em vocês. E sei que no final irão calar a boca dessas pessoas que dizem que não são capazes.

Todos calaram por uns minutos. Talvez, fosse essa a vontade de Miandra. Ao contrário de Thomas, o chefe, ela não dava a colher de doce e depois dava a bronca. Ela dava a bronca e depois a colher de doce, como se dissesse "aqui um agrado, por serem tão corajosos".

-Essa é a Miandra Prescott que conheço. -Thomas colocou a mão em seus ombros, orgulhoso.

-Chega de frescura. Vamos fazer o que viemos fazer. Quero que sejam úteis. -Disse se levantando e apontando para nós.

-E o que podemos fazer? -Ela logo saberia que o Vincent era o tipo de pessoa que precisava explicar tudo.

-Eu sei o eu posso fazer: quero ir para casa, tomar um banho e tomar um café. -Ela inspirou fundo, como se procurasse coragem para abrir aquela porta e sair.

...

Todos estavam na calçada uns entravam nas viaturas e seguiam seus trabalhos outros iam para uma cafeteria qualquer como de costume. Mas minha equipe permaneceu naquele local. Aquele seria o começo de tudo, o verdadeiro começo, não o começo de uma manhã onde uma mulher entrou algemada vestida de pijama.

-Vamos até sua casa, você se arruma e iremos ao Presídio Scarlets. -Jackson falava para Miandra.

Mas ainda sim ninguém se moveu, ficamos encarando um ao outro até alguém tomar uma iniciativa.

-Ah esse é aquele momento em que eu saio para vocês falarem sobre o meu problema, não é? -Miandra pareceu sentida e deu as costas se distanciando com a jaqueta nos ombros, mas Jones foi atrás dela.

-Mia... -Jackson a chamou em vão. -Droga!

-Que problema? -Perguntou Melissa preocupada. E então Jessica se afastou, parecendo também ofendida.

-Não é um problema, Mel. Ela tem um dom, um dom muito especial... como uma psíquica ou uma médium. -Falou cabisbaixo

-Medium? Ela fala com mortos? -Perguntei irônico, nunca acreditei em coisas do gênero.

-Ela é a melhor no que faz. Sem suas habilidades nunca resolveríamos centenas de casos.

-E por que isso seria um problema? -Steven parecia curioso quanto à ela.

-Ela herda alguns traços da personalidade da vítima. Mia também herda visões que muitas vezes dão pistas sobre o assassinato. Essas visões podem ser geralmente desencadeadas pelo que ela viu ou ouviu. -Ele parecia orgulhoso enquanto dizia, mas a frase seguinte ele sussurrava. -Algumas vítimas eram bastante perigosas.

Antes mesmo que alguém questionasse ou até mesmo antes que eu acreditasse no que ele dizia, Jessica nos interrompeu perguntando com ignorância.

-Podemos ir agora?

Não foi dito mais nada. Entrei no meu carro junto as Prescott's e o garotinho Jones.

Quando chegamos em sua casa ela desceu e pegou a chave dentro de um vaso de orquídeas, ela colocou a mão na maçaneta e a porta abriu. Vi sua cara assustada e sai do carro junto ao Jones.

-Algum problema, Prescott? -Perguntei observando ela colocar o dedo indicador no meio dos lábios pedindo silêncio.

-Tenho certeza que deixei a porta trancada. Foi a única coisa que aqueles brutamontes me deixaram fazer. -Ela sussurrava. Quando colocou o pé porta à dentro, Jones segurou seu braço, pedindo passagem para entrar já com a pistola nas mãos.

Ele demorou uns 15 segundos para voltar correndo com um gato nos braços, pulando em cima de Mia e me empurrou para a calçada. Logo um estrondo pôde ser ouvido junto à uma grande chama, uma bomba havia sido plantada lá.

-Você tá machucada? -Jones perguntou à Miandra ajudando ela a se levantar alguns minutos depois, mas ela não disse nada. -VOCÊ TÁ MACHUCADA?

-N-não... o que que foi isso?! -Ela pegou o gato no colo.

Aconteceu tão rápido que só agora parei para observar uma pessoa encapuzada do outro lado da rua, olhando friamente para Miandra. Ele percebeu meu olhar sobre ele e se apavorou começando a correr.

-VINCENT! -Chamei o policial que estava agachado ao lado do seu carro por causa da explosão. -Pega o cara.

Ele era o melhor em perseguição de todo o departamento. Talvez por seu aspecto físico ou por ter sido um esportista antes de ser detetive. Ao perceber que eu me referia ao cara que corria desesperadamente ele foi atrás dele virando a esquina, sozinho, pois sabia que ele conseguiria sem qualquer ajuda.

-Quem era? -Perguntou Mel ao se aproximar de nós.

-Eu não sei, ele começou a correr e pensei que ele tivesse feito algo de errado.

-Vocês estão bem? -Ela perguntou referindo-se à Miandra, Jones e eu, pois estávamos mais perto da explosão.

-Ninguém se machucou... espera. -Mia parou subitamente e arregalou os olhos -Se alguém tentou me matar colocando essa bomba aqui, significa que alguém sabe que estou no caso, e sabe também que eu sou capaz de descobrir quem é esse alguém.

-Você tá bem? -Jackson chegou como um pai apalpando seu rosto e braços para ver se estava tudo realmente bem como ela dizia. -Que cara é essa?

-Tom, ninguém tem acesso ao Mr.Clean não é? -Ela dizia olhando em seus olhos.

-Não... quer dizer, agora que ele decidiu colaborar com as investigações eu já não sei. A imprensa tava louca querendo novidades ou alguma confissão.

-Eu quero respostas, se ele estiver morto não vai me dar. Liga pro diretor do presídio e diz para ele não deixar ninguém entrar nem com nem sem autorização, diz pra ele aumentar a guarda que Mr. Clean está correndo perigo. -Ela dizia rapidamente em um fôlego só -Eu quero somente eu e os funcionários de confiança lá.

Ela correu de volta pro carro puxando meu braço e o braço do Jones, Jessica já estava lá. Melissa, Wanda e William iam entrar no outro carro mas Mia os impediu.

-Vocês ficam aqui para dar apoio ao Detetive Vincent quando ele chegar. Quero que façam o possível para descobrir tudo sobre a explosão e o fugitivo. Eu confio em vocês!

Eu dei partida e fui o mais rápido possível para o presídio.

Enfim, ação.

...

Prenda-me se for capazOnde histórias criam vida. Descubra agora