Estava mais do que claro que não tivemos avanços, tirando o fato de sabermos da boate The Royals e do poderoso chefão Alexander II, que não temos como liga-lo às vitimas para conseguir um interrogatório ou algo do tipo. Com Thomas e Jessica por perto com certeza vai demorar muito pra conseguir qualquer coisa que eu conseguiria fácil burlando as leis.
-No que ta pensando? -Wast me perguntou, percebendo que eu não estava prestando atenção em todos os papeis nas minhas mãos.
-Sabe Agente Wast, você me parece um policial sério, daqueles que segue tudo como o ordenado e tudo mais... -Comecei pensativa. -...o que me faz pensar na seguinte questão: Até onde está disposto a ir para fazer o culpado pagar?
Ele pareceu analisar bem antes de responder, mas respirou fundo e seguiu em frente.
-Miandra Prescott... Ouvimos muito sobre você. Tentei saber mais do que boatos, mas os arquivos da policia só dizia que a senhorita foi uma grande psicologa renomada, ajudou a polícia em construir perfis psicológicos e até mesmo, fazer negociações com grandes criminosos. -Ele me surpreendeu com isso, mas algo me dizia que havia muito mais coisa nisso.
-A onde quer chegar, Agente Wast? -Perguntei logo para pular qualquer coisa desnecessária.
-Eu que deveria fazer essa pergunta. Soube que a senhorita entra com facilidade na cabeça das pessoas e as manipula sem dificuldade.
Me levantei da mesa onde eu e ele estávamos. Eu havia perdido aquela batalha. É claro que algumas pessoas são menos manipuláveis que outras, mas no final sempre acabam cedendo.
-Onde vai? -Thomas me perguntou quando coloquei a mão na maçaneta da porta.
-Preciso respirar um ar puro. Sem guarda costas, sem policiais me ameaçando com uma arma e sem pessoas me sufocando o tempo todo -Abri a porta e sai antes de escutar qualquer reclamação.
A vizinhança do Wast era bem tranquila, crianças brincando em um pequeno parque do outro lado da rua sendo chamadas pelas mães alertando que uma tempestade vinha ai.
Por um minuto me veio uma sensação de vazio, algo faltava ali. Talvez por Pandora Thompson estar na minha cabeça, fosse uma emoção dela e não minha mas comecei a chorar, por um motivo desconhecido por mim. Chorei como uma criança, como a menininha do outro lado da rua que chorava por não querer ir embora. Como se tivessem arrancado um pedaço de mim.
Uma ambulância passou quase voando me assustando e tirando aquela sensação de mim, finalmente.
-Mia! -Jackson gritou de lá de dentro por mim. -O Presídio Skarlets foi atacado, Mr.Clean foi gravemente ferido e o garoto que atirou fogo na sua casa, fugiu, parece que acharam um novo corpo.
-O que? -Mal contive minha surpresa com tantos acontecimentos.
-Jones vai levar você até o hospital onde Mr.Clean está, de lá você vai para um hotel, tem tudo o que precisa lá, comprei um celular para você e adicionei todos os números necessários. Não saia de lá okay? -Jackson falou tudo em um fôlego só me assustando com tantas ordens.
-E onde você vai? -Perguntei olhando para o céu que se iluminou com um raio, tampei os ouvidos sabendo do que trovão que viria logo em seguida.
-Preciso resolver algumas coisas, não se preocupe assim que eu terminar irei direto para o hotel.
-E os outros? -Perguntei novamente olhando todos os membros da equipe entrando em seus carros.
-Eles também precisam resolver algumas coisas. -Olhei indignada para ele perceber que eu não acreditei naquela história.
William pegou meu braço e me acompanhou até seu carro.
-Will o que está acontecendo? -Perguntei assustada. Ele nada respondeu apenas deu partida no carro indo em direção ao hospital.
...
-Detetive Jones, por aqui, por favor. -Uma enfermeira nos acompanhava assim que chegamos ao hospital. -Ele não parava de gritar pelo nome da Doutora Prescott.
-A senhora sabe o que houve? -Perguntei à ela.
-Parece que colocaram uma bomba que atingiu a ala dos presos com problemas psiquiátricos... e-eu não sei se ele sobreviverá. -Ela parecia nervosa.
Ela puxou a cortina que rodeava a cama onde Mr.Clean estava. Metade de seu rosto estava queimado, assim como parte de seu corpo.
-Ele estava muito agitado então nós demos um calmante, espero que não atrapalhe nas investigações. Ele precisa ir para a cirurgia assim que o doutor chegar.
-Sim, obrigado. -William agradeceu e a enfermeira retirou-se pedindo licença.
-Miandra... -Ouvi o senhor deitado na cama chamar com uma voz fraca.
-Senhor Blayne, queria falar comigo? -Sentei-me ao seu lado, era ruim vê-lo naquela situação, mesmo sem conhece-lo.
-Eu acho que sei demais... -Sorriu fraco. -Estão tentando me calar.
-E o que exatamente o senhor sabe? -Perguntei.
-Aproxime-se, senhorita. -Ele pediu.
William colocou a mão no coltre, atento à qualquer movimento brusco do paciente. Haviam também outros dois policiais do lado de fora do quarto. Me aproximei sem medo.
-Tenho algo para você! -Ele sussurrou rente ao meu ouvido. Eu engoli o seco, apreensiva com o que viria a seguir.
Mr. Clean mexeu a mão esquerda ao lado do meu corpo. Jones em um movimento rápido me puxou para trás colocando seu corpo em frente ao meu. O que separava o porte atlético do homem em minha frente do outro deitado na cama era apenas uma arma engatilhada.
-O que você tem ai? Me mostre, agora. D-e-v-a-g-a-r. -Jones exigiu e por mais que eu que tinha o direito de interrogar Mr.Clean, estava curiosa demais para interromper aquela ordem.
Blayne abriu a mão devagar como ordenado, exibindo um pedaço de papel laranja fluorescente. Antes mesmo que Jones averiguasse como era o protocolo, me dirigi até o homem acamado, pegando o post-it que me era oferecido.
-O que é isso Senhor Blayne? -Perguntei ouvindo o bipe da maquina ao seu lado soar mais alto e mais depressa.
-Meu depoimento, senhorita... eu disse que cooperaria com as investigações...-Sua voz ficava mais baixa e falha.
A enfermeira voltou as pressas, me afastando da cama.
-Ele está reagindo ao calmante. O cirurgião não está no hospital e há destroços no... Mrs. Clean. Vamos fazer o possível para mantê-lo estável até a chegada do doutor, mas... não sei se ele sobreviverá.
-O quê? -Senhor Blayne perguntou sorrindo com ironia. -Isso não é nada... Eu vou viver para sempre.
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Prenda-me se for capaz
Mystery / ThrillerEu sei que a maioria das pessoas nunca conheceu uma médium de verdade, e se conheceu, não acreditou nela. Até por que não é fácil acreditar em uma pessoa com um longo histórico psiquiátrico... Desvendar crimes nunca foi seu Hobbie favorito, mas gost...