6. Will you forgive me?

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Holmes não queria ir para escola no dia seguinte; ainda estava preocupado com a discussão que ambos garotos tiveram no gramado da escola. Não queria ver o olhar irritado do loiro caindo sobre suas costas, quando estivessem ocupados resolvendo problemas complicados na aula de física. Já conseguia sentir a voz baixa e fria do menor, encharcada de mágoa.

Entretanto, o que recebeu quando encontrou o amigo nos corredores da escola foi completamente diferente. O loiro parecia estar feliz, mais animado do que antes, com o cabelo levemente bagunçado, usando um agasalho verde que de tão grande cobria suas mãos.

— Sherlock, - gritou animado, aproximando-se do armário do amigo, que o olhava confuso enquanto fechava o mesmo. - Você está melhor? Tomou café da manhã hoje? Por favor, não me diga que você esqueceu. Você sabe que comer vai te deixar melhor, e infelizmente eu não posso te lembrar de fazer isso todos os dias.

Sherlock permaneceu em silêncio, calado. Era verdade; Watson não podia lhe lembrar de fazer as coisas todos os dias. Algum dia, em um futuro não tão distante, ele iria simplesmente desaparecer, junto com os carinhos e os abraços, os risos e os sorrisos, os chocolates quentes nos dias de frio e os picolés de limão nos dias quentes. Esse futuro estava tão próximo, até já conseguia senti-lo, mesmo não querendo. Tudo iria simplesmente desaparecer, como se nada nunca tivesse existido.

— Você está bem, Sherlock? - perguntou arqueando uma sobrancelha, se aproximando do amigo que ainda não havia encontrado forças para responder as perguntas anteriores.

As pessoas estavam saindo dos corredores, indo em direção das salas de aulas. Watson suspirou cansado, pegando no braço do amigo e levantando de leve a manga de seu sobretudo preto. Então tinha razão; a pia havia se sujado novamente. E mais uma vez, não conseguiu deter isso.

Holmes olhava o amigo sem conseguir proferir uma palavra sequer; sabia que havia errado, sabia que havia decepcionado o loiro de novo. Queria pedir perdão, porém a única coisa que conseguiu fazer foi puxar seu braço das mãos delicados do menor, assustando-o.

— Vamos... Vamos para a enfermaria, Sherlock. - disse em um tom tão calmo que o cacheado não conseguiu identificar se a frase era verdadeira ou não. - Você não precisa ficar nas aulas também, se quiser. Certo? Eu posso te levar para casa se você não estiver se sentindo bem. É só me avisar.

— Eu quero ficar com você. - respondeu sem pensar, observando cada gesto confuso e cheio de felicidade que o amigo demonstrava. - Eu posso?

— Pode. - soltou junto com uma risada, segurando a mão do amigo vendo que o corredor já estava praticamente vazio e silencioso.

Watson insistiu em levar o amigo até a enfermeira da escola, porém o mesmo apenas queria ir para casa, e assim fizeram. Já estavam no meio do ano escolar e mesmo assim continuavam perdendo muitas aulas; mas aquilo não importava. John não se importava com as aulas, as matérias e os professores irritantes, nem mesmo com seu futuro. Porque, afinal de contas, ele não conseguia enxergar um futuro sem Sherlock Holmes.

— Sabe, John. - o cacheado disse envergonhado, ajeitando sua cabeça no peito do amigo. Estavam na casa dos Holmes, deitados na cama do moreno, sem muita coisa em mente para fazer.

— Hm? - murmurou sorrindo, acariciando os cachos bagunçados do amigo. Gostava de fazer isso mais do que tudo.

— Eu queria me desculpar, pela briga. - levantou-se, encarando o amigo nos olhos. Ah, aqueles olhos coloridos adoráveis. Únicos, como uma galáxia, o cacheado pensava com o sorriso mais besta de todo o mundo.

— Você não precisa se desculpar. - sorriu, acariciando a bochecha do mais alto. Ah, se pudesse, apenas uma vez, apenas por míseros segundos, descobrir como era beijar o amigo. Como deveria ser o toque tímido; ele queria muito descobrir.

— Então eu vou me desculpar por outra coisa de ruim que eu provavelmente vou fazer.

— Como o quê? - perguntou preocupado, com medo de que Sherlock fosse se machucar novamente.

— Eu não sei. - mentiu, sorrindo fraco. - Alguma coisa. Qualquer coisa. Eu vivo fazendo besteiras, você sabe. Não se preocupe com isso.

Depois disso, Holmes permitiu-se dormir um pouco, nos braços do amigo. Watson não queria pensar no que o cacheado disse alguns minutos antes; talvez fosse uma coisa qualquer, ou os mesmo machucados de sempre. Isso John perdoaria, e ajudaria.

O que ele não esperava era que a pequena besteira resultasse em uma cama de hospital e choros constantes. Isso John queria perdoar também, se ao menos o cacheado estivesse presente para escutar.

A boy like him・ShortficOnde histórias criam vida. Descubra agora