Não demorou muito para encontrarem o primeiro obstáculo, ou melhor, inimigo: o orc de momentos atrás. Leony olhou receoso para o grande ser, sabia das habilidades de Victor, afinal tinha visto como ele agira no bosque semanas atrás, contudo... Será que um vampiro conseguiria lutar contra quase 300 kg de gordura e mais de dois metros de altura? Pelo visto, Redcliff não compartilhava das preocupações de seu companheiro, empunhou suas espadas gêmeas ao mesmo tempo em um movimento, avaliado pelo ruivinho, quase artístico, semelhante ao um gesto de dança. Delicado, mas preciso... E mortal. Os passos do vampiro eram silenciosos, contrastando o andar desengonçado de Leony (não podia culpa-lo! Apesar de querer ajudar o seu irmão na batalha, ainda tinha medo daqueles javalis gigantes e vestidos de armaduras!) que alertou o orc da presença da dupla, este virou lentamente, ainda tendo o grande dedo no nariz.
– Eca! – lamentou Leony, desta vez não tivera a oportunidade de fechar os olhos, infelizmente.
– Hã? Mais humanos? E quando se pensa que o serviço acabou... – suspirou o orc inspecionando o dedo (sim, precisamente o dedo que tivera "trabalhando" na limpeza nasal segundos atrás) com muito interesse... O que ele esperava encontrar aí? O ruivinho nem queria imaginar.
– Errou na minha classificação. – foi a única coisa que Victor disse antes de se tornar um completo borrão na visão do aspirante a caçador. Um momento o vampiro estava ali, logo ao seu lado, e agora tinha surgido logo acima do orc, ou melhor, tinha escalado a muralha de banha suína e placas enferrujadas de metal (se podia denominar "armadura" para alguns), jazia sobre um dos grandes ombros do orc, uma das suas espadas tinha a lâmina sob a papada/pescoço do adversário.
O orc soltou um guincho de surpresa, mirou de relance o esguiou oponente.
– V-vampiro? O que está fazendo aqui?
– Eu meio que estou me perguntando isso já faz algum tempo... –resmungou Victor, mas era algo que dizia para si mesmo e não para o orc.
– Olha, meu chefinho não disse nada sobre capturar vampiros, sabe? Então... Não tem para que lutarmos!
– O que você quer com os humanos, afinal? Vocês só fazem pilhagem, logo, se a população fugir o processo se torna mais fácil, não? – questionou erguendo uma das sobrancelhas.
– O chefinho não concorda... Disse que humanos podem ser bastantes uteis quando capturados também.
– Vocês não comem humanos, não é? – quis saber Leony.
– Comer humanos? Bah! Que nojo!
O garoto franziu o cenho... Nojo? Para alguém que limpa tão bem a grande narina seu conceito sobre asco não deve ser bastante profundo, não é mesmo?
– Então, o que fazem? – insistiu Victor.
– Eu não preciso responder a vocês! – urrou levando uma das suas grandes mãos, tentando agarrar o vampiro, contudo havia uma grande diferença entre eles, não era precisamente relacionado a força e sim a rapidez, enquanto o guerreiro orc ainda levantava o braço, Victor já havia saltado, ainda dando uma cambalhota no ar, pousado a sua frente e fazendo a espada cortar...
– Não! Não o mate! – exclamou o ruivinho.
Inconsciente o vampiro obedeceu, sua lamina se reteve, errando propositalmente o alvo... Bem, mais ou menos.
Leony só ouviu o som do metal caindo no chão. Depois, seus sentidos ficaram incapacitados de detectar o resultado final do ataque de Victor. Sim, incapacitados pelo trauma.
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O caçador
FantasyEspecial de Halloween Leony é um jovem que busca por sua força! Não deseja ser sempre protegido por seus familiares...Mesmo que a sua aparência indique a sua fragilidade... Ele deseja mudar...Para isso, ambiciona se tornar um caçador, sendo esta uma...