O começo

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Chegara ao meu apartamento em Londres depois de mais um dia a revistar a mansão de meu pai, finalmente conseguira provar que eu era a herdeira do património dele. O que decidir fazer agora em relação a este é que já era mais complicado, tinha em mente restaurar a mansão e ir lá passar uns dias de vez em quando para manter esta debaixo de olho, para ver se tudo se encontrava em bom estado e no seu lugar; Não iria permitir que alguém fosse interromper o sono de minha mãe ou roubar as pesquisas do meu pai ou as pinturas da minha mãe. Tudo aquilo tinha um valor grandiosamente incalculável, era tudo o que me restava dos meus pais e não me iria atrever a chegar ao ponto de ter de vender tais pertences.
Coloquei a exausta chave na fechadura da porta e entrei no apartamento, com vontade de me atirar ao chão e ficar imediatamente ali sem me mexer nem mais um milímetro.
O apartamento encontrava-se vazio, era tão monótono e frio, a solidão é algo difícil de suportar, mas quando nos habituamos, só fica uma nostalgia relativamente aos momentos em que tínhamos companhia, se é que alguma vez tivemos, claro.
Liguei a luz de um pequeno candeeiro e deixei-me cair na poltrona, completamente exausta, física e mentalmente. Fechei os olhos por um instante e foi o que bastou para acordar atordoada duas horas depois.
"Era só o que me faltava, tenho o corpo todo dorido. Tens de te aguentar mais Lara, agora sofres as consequências."
Levantei-me debilmente e olhei em direção à parede que tinha várias fotos e pesquisas penduradas. Aproximei-me das solitárias memórias e foquei-me nas fotos em que a Sam aparecia com aquele seu sorriso tão característico e icónico. As saudades bateram-me forte nesse instante. Queria sentir o seu corpo no meu, sentir o seu calor e cheiro. Não pedia mais nada neste mundo, só isto.
Quando fui para a Sibéria não consegui dizer nada à Sam, mas presumo que ela descobriu através do Jonah ou da Reyes, não me atrevia a leva-la comigo, ela nao se encontrava em condições para tal aventura e eu não suportaria perdê-la, isso quase se tornou uma realidade e não poderia deixar isso acontecer novamente. A verdade é que a Sam ainda não me dissera nada... ainda estou um pouco magoada por isso... somos melhores amigas e neste momento nem sabemos do paradeiro uma da outra, ela pelo menos não sabe do meu, pois eu sei que a Sam está de momento no Japão na mansão do pai, nem sei como é que ela está a reagir a isso, pois ela e o pai nunca tiveram uma relação chegada. Nisso temos algo em comum...
Retirei a foto da nossa graduação da parede e pressionei-a contra o meu peito, não conseguia olhar para a foto agora, conti as lágrimas que queriam cair, mas lembrei-me do que a Sam me dissera uma vez "não há nada de errado em chorar, quem chora é mais forte do que pensas" e ao lembrar-me disso foi a gota de água. Comecei a chorar descomunalmente.
Depois de ter estado a chorar durante uns longos e agoniantes minutos decidi ir-me deitar, o meu corpo já não aguentava tanta emoção. Abri a porta do quarto, tirei e atirei a roupa para o fundo da cama, vesti umas calças de pijama e uma t-shirt e enfiei-me debaixo dos lençóis e acabei por adormecer.
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"Este ritual precisa de ser concretizado! Deixemos a nossa rainha fazer a sua parte e tomar conta deste corpo!"
"Tu vais morrer! Não vais vencer!"
"Junta-te a mim Lara e seremos invencíveis, dava-nos jeito alguém como tu."
"RAWWW! Arrrrr! GRRRR!"
Que se está a passar, onde estou?! Porque é que está tanto frio aqui? Não consigo ver nada...
Tentei focar-me em algo, qualquer coisa, mas fora em vão, só via diferentes tonalidades de branco e azul e ouvia sons ensurdecedores e confusos que se fundiam. De repente lembrei-me onde poderia estar, na Sibéria.
Tentei mexer-me, mas a neve funda não me deixava ir muito longe e fiquei exausta rapidamente. Não muito distante de mim, uma mancha preta começava a tornar-se visível, semicerrei os olhos para tentar ver melhor e quando consegui ver o que era fiquei aterrorizada e apavorada. Um urso gigante trazia a Sam pendurada pelo pescoço na sua enorme e mortífera boca. Deixei-me cair, ficando ajoelhada na neve. Já nada valia a pena... a Sam estava morta... jorrando sangue pelo pescoço, senti-me agoniada e acabei por vomitar. Enrolei-me numa bola o máximo que pude. Sentia-me tão fraca e inútil, o que é que tinha acontecido à Lara que sobrevivera a todas as adversidades de uma ilha? Está morta, e tu em pouco tempo também estarás! Dissera-me uma voz na minha cabeça. Não percebera onde é que a voz queria chegar, mas ao levantar a cabeça percebera. O urso largara o cadáver da Sam no meio da neve como se nada fosse e lançara-se a mim. Peguei no meu arco e fui em direcção à bolsa que tinha nas costas para retirar uma flecha, pelo menos conseguiria abranda-lo. Vazia, não tinha nenhuma flecha na minha posse, nada estava a correr como planeado. O urso saltara para cima de mim, rugira perigosamente e enchera-me a cara de baba antes de me esmagar um braço com a sua gigantesca e pesada pata.
A última coisa que vira foi a sua boca a envolver a minha cabeça.

Shadow of the Tomb RaiderOnde histórias criam vida. Descubra agora