Uma estadia indesejada e uma visita inesperada

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Sentia algo na minha mão, uma pequena dor nas costas da mesma como se estivesse a ser espetada. Abri os olhos devagar, tudo ainda estava bastante turvo e demorou breves segundos até a minha visão se focar no que eu tinha à minha frente. As paredes eram brancas e nuas e havia uma janela grande à minha direita. Vi um homem que segurava a minha mão e percebi que era um enfermeiro pelas roupas que trazia vestidas. Ele estava a meter-me soro na veia o que doía um pouco, mas nada se comparava com a dor que sentia na barriga. "Que se passa?" Perguntei com a garganta seca e rouca.
"Finalmente acordaste, estás internada no hospital." Ouvi-o dizer, largando finalmente a minha mão. "Tens visitas. Vêm cá desde o primeiro dia que ficaste aqui."
"Quem?" perguntei incrédula.
"Um homem e uma mulher." Fiquei super curiosa sobre essas visitas surpresa, só tinha em mente que poderia ser o Jonah uma das pessoa que me vinha visitar. "Deixe-os entrar." Pedi, sentando-me na cama com bastante dificuldade. "Por favor."
"Muito bem." Dizendo isto, o enfermeiro deixou o pequeno quarto e fechou a porta por trás de si. Cá estava eu novamente, num horrível hospital, detestava cá estar, as pessoas a sofrer e a comida era horrível. Queria sair, mas sabia que não me deixariam, toquei na minha cintura e foi como se me estivessem a espetar uma faca. "Fodasse." Momentos depois a porta abriu-se e um homem entrou, era o Jonah tal como suspeitava. O enfermeiro dissera que era um homem e uma mulher e ele vinha sozinho. Fiquei um pouco desanimada. "Lara, como estás??"
"Jonah... estou bem..." Lembrei-me do meu abdómen. "estou bem dentro dos possíveis para ser sincera." O Jonah deu-me um abraço, podia ver que ele estava a ser cuidadoso comigo para não me magoar.
"A Reyes quer falar contigo." disse ele.
"A sério? Onde é que ela está?" "Ela queria fazer uma chamada pelo Skype mal soubesse que estavas acordada." Sorri para ele e vi-o pegar no telemóvel e desbloquear o ecrã. Uns breves minutos depois a Reyes estava a olhar para mim através da câmara do computador.
"Boa tarde, finalmente estás acordada rapariga. Pensei que não irias acordar, mas sempre acreditei, afinal de contas és uma Croft, não é verdade?"
"Reyes, olá. Sim, mas não acho que tenha sido graças ao meu nome que me salvei. Como se encontra a tua filha?"
"A Alisha está bem, está ali no quarto dela a jogar PS4, aquela rapariga não pára de jogar The Last of Us 2.
"Não é 2, é segunda parte! É diferente!" Ouvi a filha dela a gritar do quarto.
"Sim, sim!"
Gostava de um dia ter a relação com um filho meu semelhante à delas, elas são tão unidas. Era algo bonito de se ver e ainda mais egoísta de se imaginar atingir. Nunca tive uma relação fácil com o meu pai e nem da minha mãe me lembro.
"Afinal o que é que te aconteceu Lara?" A Reyes perguntou, interrompendo o meu raciocínio.
"Nem eu sei bem, Reyes... foi tudo tão rápido."
"Não te aparece uma bala no abdómen assim do nada, Lara!" Sabia muito bem que a Reyes já se encontrava irritada, pois quando se preocupa ela fica assim. "Tu estavas sozinha quando foste encontrada e um guarda estava morto."
"Como assim sozinha?!" perguntei estupefacta. "E a mulher?"
"Qual mulher?" Jonah perguntou com uma expressão confusa. Não lhes podia dizer que tinha morto uma mulher que afinal desaparecera do mapa.
"Esquece Jonah, já estou a começar a imaginar coisas, desculpem." Menti.
"Não faz mal Lara, é normal, precisas de descansar." Disse o Jonah acariciando o meu ombro.
"Lara eu agora tenho de desligar."
"Não faz mal Reyes. Obrigada por esta visita virtual."
"Sempre às ordens miúda, vá as melhoras, quero-te ver rija." Ri-me.
"Obrigada!"
"Daqui a nada já poderás estar em casa, vais ver. Vai ser mais rápido do que imaginas." Não tinha muita fé no que a Reyes dissera, contudo fiz um esforço em acreditar. Depois disto a Reyes desligou tal como avisara, fiquei só eu e o Jonah naquele quarto que mais parecia uma sela. "Lara, não te queria chatear com estas coisas pois eu sei que ainda estás vulnerável e fraca, mas tens que explicar o que aconteceu à polícia, sabes disso certo?" Revirei os olhos, não estava mesmo com disposição nenhuma para falar do assunto. "Sim Jonah eu sei, podíamos falar disto noutra altura?" Era bem visível o meu desconforto ao tocar no assunto.
"Claro, desculpa, só queria que tivesses isso em mente." Acenei com a cabeça e encostei-me para trás, ficando com as costas apoiadas no colchão, que surpreendentemente era confortável.
"O enfermeiro disse-me que vinhas com uma mulher, onde está ela?" perguntei curiosa e de modo a criar motivo de conversa.
"Ah! Sim...ela está lá fora, não tinha coragem para entrar."
"Porquê? Diz-lhe para entrar. Eu não mordo..." disse-lhe mesmo estando um pouco consciente de que na realidade eu era capaz de morder... tornei-me um autêntico monstro... isso era certo. Vi-o franzir o sobrolho, ele não parecia muito seguro com a minha decisão, era frustrante. Ele abriu a porta e disse para a tal pessoa entrar. Quando vi quem era podia jurar que o meu queixo teria caído ao chão se tal coisa fosse possível. A minha respiração ficou acelerada, tal como o monitor cardíaco podia comprovar.
"Eu vou deixar-vos sozinhas, penso que têm muito sobre o que falar." Dizendo isto o Jonah saiu do quarto. O silêncio tomou a divisão como sua. Fui eu que quebrei o silêncio, era enervante olharmos uma para a outra sem dizer nada, ainda por cima depois de tanto tempo sem falarmos.
"Olá, Sam."
"Lara..."

Shadow of the Tomb RaiderOnde histórias criam vida. Descubra agora