O passado que me persegue

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Data : 11 de abril de 1996
Hora : 01:38

   Passei por alguns momentos difíceis ultimamente, não pude escrever no diário, mal pude entra em casa, pois estou sendo perseguido, um homem que conheci no passado, recebi vários avisos que eu serei caçado e morto por ele, o primeiro aviso veio uma carta pelo correio dizendo que ele sabia onde estou e um número 226, o segundo aviso veio uma fita de vídeo que me gravaram durante uma salvação que estava fazendo naquele momento, e o último aviso, veio um olho de verdade de uma pessoa e uma mensagem.
   " estou observando em você , cuidado "
   Isso me assustou pois não faço mau a ninguém, sempre tento fazer o bem, mas vou contar quem é essa pessoa, eu não sei o nome dele, todos chamavam ele de prisioneiro 226, ele tem um olhar diferente, um olhar de assassino, psicotico, doentio e me deixava com medo, seu corpo era repleto de cicatrizes, ele não tinha cabelos e nem barba, sua altura e tipo físico bem parecida com a minha.
    Éramos parceiros de cela, e dividiamos a cela com outras duas pessoas, que foram assassinadas pelo prisioneiro 226, e eles não foram os únicos,  todos os prisioneiros colocados na nossa cela, acabam sendo mortos por ele, não sei porque ele nunca tinha me feito mal, todos achavam que éramos parceiros de crimes e sempre que alguém morria pelas mãos do prisioneiro 226, os guardas colocavam a gente na solitária, não sei porque eu ia também, não matava ninguém, apenas salvava algumas pessoas mas sempre escondia meus rastros, mas ele não escondia, até tinha orgulho do que fazia, arrumamos várias brigas por isso, mas ele sempre me protegeu, o primeiro dia quando ele apareceu, foi estranho, eu acordei e ele estava sentado na minha cama me olhando, eu fiquei assustado, pensei que era alguém que queria me matar, mas ele parecia calmo e até triste e me falou olhando para os outros colegas de cela.
-como é que você consegue dormir com tanto lixo a sua volta ?
    Eu meio sem saber o que ele queria respondi.
-eu não sei, já faz muito tempo que estou aqui, já me acostumei.
    Ele sorriu com um olhar estranho e me disse.
-pode deixa, vou me livrar de todo esse lixo.
   Então ele me deu um soco bem forte no nariz e acabei apagando, fiquei desacordado por um tempo, e quando acordei, estava amarrado na cama, meus braços e pernas, tava um pouco escuro, mas vi, que ele tambem tinha amarrado um dos homens que estava na cela, o Ricardo, um homem de 32 anos que tinha sido preso por tráfico de drogas, eu sabia que ele merecia ser salvo mas não podia fazer isso na cela, mas o prisioneiro 226 queria mata-lo sem salva-lo antes, eu ainda tava tonto e tentava entender o que estava acontecendo, Ricardo estava com as mãos amarradas na janela da cela, sua boca amordaçada. O prisioneiro 226 estava sentado na minha cama me olhando novamente e me disse.
- viu, eu disse que ia me livrar do lixo.
    Eu olhei para ele e perguntei.
- o que você fez com o Nilton ?
   Nilton era o outro prisioneiro que dividia a cela,  um homem de 40 anos preso por matar sua esposa.
-Nilton ? Ah ... o gordão que tem cheiro de vômito de cachorro ? Ele está ali.
     Ele apontou para a outra cama onde Nilton estava em pé com os braços abertos e as mãos amarradas na lateral da cama de cima, também amordaçado, eu não sabia o que fazer e sabia que se eu chama - se os guardas  eles não iriam vir pois de madrugada eles dormem, e não iriam escutar os gritos. O prisioneiro 226 levantou mexeu embaixo do colchão de Ricardo.
-vejamos o que temos aqui .... ah olha só.
   Ele pegou uma barra de ferro que Ricardo tinha guardado em baixo de seu colchão para caso tive-se uma rebelião.
-que ironia, ele achava que essa barra de ferro iria proteger ele um dia, e agora é ela que vai tirar sua vida.
    Ele se aproximava de Ricardo arrastando a ponta da barra de ferro no chão, eu não podia fazer nada além de olhar, então ele segurou a barra de ferro com as duas mãos, e deu o primeiro golpe nas costas de Ricardo, as pernas de Ricardo tremiam e ele tentava gritar pedindo ajuda mas não conseguia.
-você é homem ou é um monte de merda?
   Novamente ele golpeava Ricardo com a barra de ferro com força, o silêncio naquela cela e eu escutava apenas os gritos abafados de Ricardo, e o que me deixou mais agonizado ao escutar os ossos das costelas de Ricardo se quebrando, por causa da dor Ricardo desmaiou mas ficou pendurado pelos braços, e mesmo assim o prisioneiro 226 não parava de bater em Ricardo com a barra de ferro, depois de um tempo ele parou, e caminhou em minha direção, e se sentou na cama ao meu lado, e sorria e me falava com a voz ofegante.
- cara, isso cansa, mas é tão divertido, você deveria tentar um dia desses.
   Ele ria e contava piadas que eu não achava a mínima graça. E eu disse apenas uma vez.
- você é o pecado em forma....
    Antes de eu terminar de falar, ele me deu outro soco mas dessa vez continuei consciente.
- cala a boca! ... eu não mandei você falar merda nenhuma, e é melhor obedecer se quiser continuar vivo.
    Aos poucos Ricardo acordou e o prisioneiro 226 percebeu, olhou pra mim e disse.
- com licença vou voltar a brincar.
  Ele levantou, pegou a barra de ferro e caminhou até Ricardo, e com um golpe muito forte, atingiu a parte de trás do crânio de Ricardo, o golpe foi tão forte que a barra de ferro entrou dentro do crânio de Ricardo, seu corpo ainda tremia e enfim ele morreu, senti muito por ele ter morrido daquele jeito.  Então o prisioneiro 226 largou a barra de ferro e foi caminhando em direção a Nilton.
-É gordinho é sua vez.
     Conseguia ver claramente o medo nos olhos de Nilton, mas eu não tinha o que fazer a não ser observar, então o prisioneiro 226 ficou frente a frente com Nilton, e rasgou a camisa de Nilton e ficou falando.
-olha essa coisa gorda cheio de pelos, dizem que gordos não sentem dor quando alguém bate em sua barriga.
    Ele começou a dar socos na barriga de Nilton, e continuou a socar até se cansar, e então voltou a se sentar na minha cama e me dizia.
-alguma idéia de como eu possa me divertir mais com esse saco de areia cheio de pelos ?
   Eu fiquei calado e nem olhava para ele.
-nenhuma idéia ? Esperava mais de você.
  Ele levantou e foi até a parede atrás da cama de Nilton, e mexeu no buraco onde Nilton guardava suas coisas, e foi quando ele achou, uma faca que Nilton tinha roubado da cozinha.
-olha só, que gordinho safado, o natal chego mais cedo esse ano.
   Ele ria debochando do Nilton, e ele levantou chegou perto da minha cama e disse encostando a faca no meu rosto.
-eu sempre quis ser atirador de facas.
  Ele levantou e ficou a 3 metros de Nilton,  se preparou para lançar a faca, e atirou, Nilton ficou apavorado, a faca passou perto da perna esquerda dele.
-a droga errei
     Ele foi pegou a faca e voltou a pegar distância, se preparou e aturou a faca.
-Aeee... acertei
   Ele sorria e comemorava ao acertar a faca no braço direito de Nilton, ele foi e retirou a faca, e fez isso novamente, eu ficava olhando como se fosse um espetáculo bizarro da própria morte, eu tentei me solta e consegui soltar minha perna direita, e quando ele chegou perto da minha cama de novo para tacar a faca em Nilton, quando ele se preparou para lançar a faca eu chutei suas costas, ele lançou a faca desequilibrado e caiu no chão, mas a faca foi certeira e acertou o olho direito de Nilton.
- olha só o que você fez, acabou com a minha diversão.
   Eu fiquei parado olhando para Nilton, e então o prisioneiro 226 me desamarrou e disse.
-não conta isso para ninguém.
    Eu levantei e agarrei seu pescoço e começamos a brigar, e durante a briga ele bateu minha cabeça no chão e acabei apagando de novo. Acordei algemado na enfermaria, onde conheci o Sr. Walter,  um médico que atendiam os presos, eu tive uma perda de memória temporária e não sabia o que tinha acontecido, ele me explicou que dois colegas de cela tinham sido brutalmente mortos, eu fiquei em choque e a primeira coisa que lembrei foi os números 226....
    Mas não sei como hoje ele ainda continua vivo, vi claramente ele morrer no incêndio, o que será que o prisioneiro 226 quer comigo, mas seja lá o que for eu irei tentar ajuda - lo.  Espero encontrar ele antes que ele me encontre, amanhã irei contar mais sobre ele, irei dormi agora e sei que amanhã terei um longo dia pela frente.

O Diário de Andrei VincentOnde histórias criam vida. Descubra agora