Música recomendada: Beautiful Crime - Tamer
.....................................
2 meses depois...
Cemitério Green-Wood – New York
Estava um inverno rigoroso sobre New York naquele período do ano, mas nada comparado à frieza que emanava de dentro de Lauren.
A respiração era vista em vapor cada vez que era expirada de seu corpo e a roupa estava coberta por flocos de neve. A morena usava um gorro cinza, um sobretudo preto e um cachecol de tricô na mesma cor. As botas de couro estavam imóveis há pelo menos uma hora e meia, acumulando a neve que caia naquela manhã. Ela tirou uma das mãos do bolso e a passou pelas mechas da franja que estavam visíveis, para tirar o acumulo de neve. Foi o primeiro movimento desde que chegou ali.
Os olhos verdes estavam fixados na placa do túmulo Cabello.
A dor que ela sentia por dentro era dilacerante. Não existiam mais partes inteiras em Lauren desde o seu erro. Mas ao longo daqueles meses, ela tinha aprendido a não transparecer isso externamente. Ela tinha aprendido a ser completamente fria em suas feições, o que a tornava inacessível.
Mas a falta que ela fazia era o que mais a machucava.
Tinha virado uma rotina doentia e dolorosa ela estar ali quase que todos os dias. Mas ela achava que merecia aquela dor. Ela queria o máximo de dor que pudesse carregar. E ela a acumulava diariamente naquele mesmo lugar. Afinal de contas, ela errou com ela.
- Me perdoe! – Disse a frase rotineira, mas não menos carregada de verdade. Deu meia volta e começou a andar para fora do cemitério.
Escalar prédios, voar por meio de teias, dar saltos... Nada disso fazia mais parte de sua vida. Agora andava entre a multidão de pessoas, como qualquer ser humano normal.
O que mais lhe confortava era o fato de ninguém olhar para ninguém, todos cuidavam apenas de seu próprio espaço e não se importavam com a vida que passa ao lado. Ninguém mais olhava para ela. Apenas vidas que se esbarram levemente e seguem em frente. Tudo parece meio mórbido demais, mas era o que fazia ela se sentir melhor.
Alguns, ás vezes, olhavam para o céu entre os prédios, a procura de quem estava no chão naquele momento.
O dia continuava nublado e a neve ainda caía quando ela chegou ao prédio, deu um leve aceno de cabeça para o porteiro que lhe sorriu triste, ele sentia falta da garota sorridente e cheia de frases cômicas.
Ela pegou o elevador e respirou fundo ao tirar o gorro da cabeça, assim que as portas se fecharam e o elevador entrou em movimento. Chegou a seu andar e assim que abriu a porta do apartamento deu de cara com Dinah vendo qualquer coisa na TV.
- Você demorou mais hoje. – Não obteve resposta além de um murmúrio, enquanto a morena ia até a cozinha e pegava um copo de água. Lauren agora era assim, impessoal. O que irritava uma Dinah já sem paciência.
A loira levantou com um rompante do sofá e andou firme até a amiga, que não deu muita importância enquanto ficava de costas e colocava o copo sobre a pia.
- Lauren, até quando vai ser isso? Até quando você vai se afundar nessa depressão sem lógica e ficar se machucando assim? Machucando quem ama você. Já passou, você tem que seguir em frente. – Viu as costas da morena tencionarem e ela virar devagar, respirando fundo e com os olhos verdes transbordando dor.
- Sem lógica? – Fechou os olhos com força e respirou fundo novamente. – Desculpe, Dinah. Mas já conversamos sobre isso dezenas de vezes. Você deveria saber que não se pode simplesmente seguir em frente. Se você me ama tanto assim, apenas me deixe em meu espaço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Spider Girl
Science FictionLauren Jauregui como apenas mais uma estudante do ensino médio, sem os privilégios da tão supervalorizada popularidade, em uma escola qualquer nos subúrbios da Upper West Side, NY. Uma adolescente apaixonada por fotografia, ciências e, secretamente...