Hunt

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Lauren havia chegado tarde naquela noite e agora estava desenhando um "disfarce" melhor, errou algumas vezes, outros ficaram ridículos, até em cinto de utilidades ela pensou. Bufou contrariada, encostou-se a cadeira e olhou para a prateleira de livros, viu alguns de seus antigos quadrinhos e teve uma ideia, por que não? Sorriu e passou a desenhar padrões em forma de teias, vermelho e azul foram usados, uma aranha vermelha nas costas e uma preta na frente seriam perfeitas. E lógico, se era para se inspirar em seus antigos heróis, ela usaria um tecido colante.

Pesquisou alguns tecidos e o único apropriado seria lycra ou elastano. Ela não queria nem imaginar sua bunda em um tecido desses. Mas era necessário criar uma roupa melhor e mais flexível, as pessoas já sabiam que era uma mulher, não poderiam saber mais que isso.

Ao terminar o desenho viu que estava ótimo, padrões corretos, cores vivas, se movimentaria melhor e o principal, estava de acordo com seus poderes e apelido pela cidade. O dia seguinte à morena reservou para comprar o tecido, pintar, costurar... Queria que ficasse perfeito, além de ser perigoso e totalmente inconcebível dar para outra pessoa costurar.

Levantou a roupa na altura do rosto e sorriu para o que tinha conseguido fazer. Ela ainda seria reconhecida como mulher por causa dos seios e formato do corpo, também já era quase noite, mas ela não aguentou a ansiedade. Vestiu o disfarce novo e depois uma roupa normal por cima, saiu de casa e andou até um beco deserto. Tirou a roupa comum, guardou na bolsa e colocou a máscara. Agora estava completamente vestida. Estava na hora de testar.

Escalou na parede até o terraço do prédio, deixou a bolsa por ali, depois correu e se jogou do prédio, entrando em queda livre. Lançou uma teia para o lado que se fixou em outro prédio, impulsionou para o meio da rua e passou entre os carros sem tocar no chão. Gritava de euforia, aquilo era muito incrível e a roupa lhe deixava mais livre para movimentos mais ousados. Pisou no teto de um dos carros, impulsionando o corpo para cima e jogando outra teia no prédio do outro lado da rua, se lançou para ele, fixando os dedos na vidraça refletora do vigésimo sexto andar. Conseguia se ver com perfeição, estava magnífica e com certeza já tinha dado o que falar só com esse pequeno passeio por New York.

Voltou para a cobertura do prédio onde tinha deixado à bolsa e sentou na beirada do mesmo balançando os pés para fora. Conseguia ver o sol se despedindo atrás da Liberty Island e foi tomada por uma nostalgia forte, Ben amava o pôr-do-sol.

O toque de celular interrompeu seu pensamento, olhou para o identificador de chamadas e era May.

- Oi, tia May.

- Onde você está?

- Ah, estava passeando um pouco. – Olhou para o movimento de carros na rua lá embaixo, pareciam tão pequenos.

- Tudo bem. Quando voltar para casa traga ovos.

- Ovos?

- Ovos orgânicos.

- Certo, pode deixar. – Era cômico ver alguém falando no celular, com uma roupa colada e vermelha, quase caindo de um dos maiores prédios de uma das maiores cidades do mundo.

Lauren resolveu dar logo inicio a sua caçada pela cidade. Estava passando pelo estacionamento de um dos hotéis perto do centro e visualizou um loiro suspeito. Chegou mais perto, escalando pela penumbra da parede ali perto. Ele estava escondido em uma coluna da parede e observava o manobrista deixar um dos carros luxuosos ali, parecia uma Ferrari esportiva. Ela deduziu que o homem era um ladrão de carros, acontecia muito em New York.

Lauren foi bem mais rápida que ele, e deu um jeito de entrar no carro no banco traseiro, sem ser percebida, enquanto o manobrista ainda não o tinha travado. Assim que o homem ligou o alarme e saiu do estacionamento, o loiro andou até o automóvel e colocou na porta uma espécie de maquina de reconhecimento de códigos. Esperou alguns segundos até o carro ser destravado, sorriu orgulhoso. Uma pena não saber que estava sendo observado. Entrou no carro, sentou no banco de couro do motorista e começou a fazer a ligação direta entre os fios que davam a partida do veículo, mas antes disso foi surpreendido por um pigarro.

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