Point of View – Vinicius
Era uma sensação única estar em casa novamente, depois de dois longos anos no Canadá.
Fui morar lá com um primo meu para estudar. Ganhei uma bolsa integral de medicina, e não podia deixar essa oportunidade passar.
Enquanto morei lá, o primeiro ano foi o período em que me desviei da igreja, fui experimentar o mundo: muitas festas, bebidas, drogas, mulheres etc, e fazia isso principalmente pelo vazio causado pela ausência dos meus pais, e na necessidade de encontrar a felicidade constante.
Flashback – um ano atrás
Eu já estava há um ano longe da casa dos meus pais, e longe da casa do Pai. Quis experimentar o porquê de muitas pessoas gostarem tanto das festas, bebidas etc, mas depois que o efeito do álcool passa, a festa acaba, e as mulheres vão embora, o vazio volta e aí que você vê que nada disso adianta.
– Deus, eu sei que me afastei de você, e que fiz muita merda esse ano, mas eu preciso saber o que é felicidade verdadeira e constante, eu preciso entender qual o sentido da vida... Deve ter algo a mais do que festas, bebidas e mulheres! – eu preciso entender o sentido de estar vivo, e procurei no mundo e não encontrei, e a minha última opção agora é Deus. Me sentei na sacada do apartamento onde eu morava, de lá eu tinha a visão perfeita da cidade. Fechei meus olhos, e de repente algo muito intenso invadiu meu coração com uma voracidade, e eu que estava sentado, não tinha força nem para me sustentar, então caí deitado no chão da sacada. As lágrimas rolavam sem nenhuma pausa, os soluços com certeza estavam audíveis para qualquer um que passasse perto da porta do apartamento, meu coração queimava como se ele estivesse fritando em óleo quente, e doía muito! Era uma dor quase que insuportável. E de repente parou de doer e agora era uma sensação boa, sabe? Uma alegria como nunca senti antes, uma certeza de tudo, um otimismo enorme crescia em meu peito, e eu me senti amado, sem nem ao menos ninguém me dizer "eu te amo", e então uma voz doce e suave ressoou em meu quarto para eu abrir a bíblia em João três dezesse, e assim o fiz: – Porquanto Deus enviou seu filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele... – isso foi a coisa mais linda que já em toda a minha vida! Deus me amava, ele se importava comigo, e o melhor... Não me julgava pelo o que fiz, ele me aceita, me perdoa e me salva.
Atualmente – Um ano depois
E foi ali, no chão da sacada do meu apartamento que eu conheci Deus, encontrei aquele que primeiro me amou, e a partir daquele dia eu não fui mais o mesmo, passei a ansiar por conhecer mais ainda seu reino e tudo que o envolve.
– Mãe, o que aconteceu de verdade com a Melissa? – indaguei minha mãe que estava comendo pipoca, sentada no sofá assistindo Keeping Up withThe Kardashians.
– Ela e seu irmão sofreram um acidente há dois anos atrás enquanto voltava de uma festa... – respondeu tirando o olhar da TV, se direcionando a mim – Melissa começou a vomitar no carro, e ele tirou o seu próprio cinto de segurança para a alcançar e segurar seu cabelo enquanto ela vomitava, e então atravessaram o sinal vermelho e foram atingidos por outro carro.
– Meu Deus! – exclamei a interrompendo – E o irmão dela? Onde está?
– Huh... Ele morreu, filho. – respondeu crispando os lábios. Era literalmente uma história terrível para alguém carregar, e chega ser até compreensível o jeito frio e retraído dela.
Melissa é uma moça linda. Morena, cabelos pretos longos, tinha um sorriso perfeitamente branco e alinhado, algumas tatuagens no braço, que não consegui ver de perto, e seus olhos não pude saber a cor, ela usava óculos escuros por conta da cegueira.
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O Que os Olhos Não Podem Ver
RomantikAs pessoas costumam dizer que o que os olhos não vêem, o coração não sente; mas eu discordo, pois o que os meus olhos não podem ver, e então sentir, o meu coração faz esse papel por mim.