Dois anos atrás
– Ei Mel, vamos logo! – meu irmão Lucas gritou lá da sala.
– Já estou indo, me dê mais dez minutos! – gritei em resposta enquanto passava a última camada de rímel.
Hoje era o aniversário do meu irmão, então convenci ele e todos os nossos amigos a comemorar numa casa noturna no centro da cidade.
Era uma terça-feira, início de semana, ninguém gosta de ir para noitadas em dias assim, mas nos dias de hoje tá se tornando quase raro um jovem completar vinte e quatro anos de idade, ou seja, devemos festar!
– Melissa, eu vou te deixar! – Lucas gritou novamente enquanto eu calçava meu sapato – Vou contar até dez, se não estiver aqui... – terminei de calçar os sapatos, mas ainda faltava o batom e o perfume – Um... Dois... Três... Quatro... Cinco... Seis... – peguei meu batom vermelho, passando-o com cuidado para não borrar, pois é daqueles matte que se secar já era! Corri para dentro do closet, para procurar meu perfume, e ainda podia ouvir a voz do meu irmão contando. – Sete... Oito... – espirrei o líquido em meu pescoço, pulsos, ombros, colo, e saí do quarto correndo parando no topo da escada – Nove... Dez!
– Oi, tudo bom? – disse um pouco ofegante pela rapidez que desci as escadas. Lucas se virou para mim e gargalhou.
– Vamos ô gata borralheira! – ele disse me abraçando de lado, enquanto eu dava os últimos toques em meu vestido – lê-se arrumando o decote – Você não acha que está demais não, borralheira?
– Gata borralheira? Faça-me o favor... – disse com desprezo já abrindo a porta da sala e a trancando, pois estávamos sozinhos em casa, nossos pais estavam a trabalho numa cidade vizinha, voltariam somente no sábado, por isso Lucas não queria sair hoje. – Sou a própria cinderela, seus amigos que o digam...
– Como é que é dona Melissa? – Lucas indagou indignado enquanto entrávamos em seu carro – Meus amigos o quê? – gargalhei alto recebendo um olhar de reprovação do mesmo – Você pegou todos os meus amigos?
– Fazer o que se você só tem amigos gatos... – dei de ombros enquanto Lucas dava a partida no carro, saindo da garagem.
– Eu vou ter que te proibir de sair comigo quando eles estiverem junto... Você só tem dezessete anos!
– Dezessete anos de pura gostosura meu amor! – dei uma piscadela para ele que revirou os olhos.
Enquanto Lucas dirigia a caminho da boate, cantávamos loucamente "22" da Taylor Swift, como se ele estivesse de fato comemorando vinte e dois anos.
A boate é perto de nossa casa, não perto para irmos a pé, mas moramos há cinco quarteirões do centro da cidade, e a boate ficava literalmente no centro, portanto chegamos logo. Lucas estacionou o carro no estacionamento da boate, e já conseguíamos ouvir a música alta ecoando. Um segurança pediu as chaves para o colocar num lugar melhor e guardá-la, enquanto fomos guiados por outro segurança para a entrada da casa noturna.
– Documentos senhor... – um outro segurança que ficava na portaria disse. Lucas abriu a carteira e o entregou sua carteira de identidade. – Tudo bem, pode entrar...
– Essa é minha irmã, Melissa... – Lucas disse ao segurança segurando minha mão – Ela é menor de idade, mas está sob minha responsabilidade...
– Preciso do documento dela. – abri minha bolsa de mão, peguei minha carteira de identidade e o entreguei. Ele analisou por alguns instantes e me devolveu. – Pode entrar. – assentimos e eu guardei o meu documento novamente na bolsa e então entramos.
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O Que os Olhos Não Podem Ver
Storie d'amoreAs pessoas costumam dizer que o que os olhos não vêem, o coração não sente; mas eu discordo, pois o que os meus olhos não podem ver, e então sentir, o meu coração faz esse papel por mim.