Tree

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Não sei o motivo deles quererem entrar na minha vida assim de uma hora para outra, mas se realmente querem mudar meu jeito, e entrar na minha vida, vão ter que provar que não são como os outros.

Point of View - Melissa

– Algum avanço doutor? – minha mãe perguntou ao fisioterapeuta que me acompanhava desde o acidente, doutor Júnior.

– Tivemos sim... – ele disse sorrindo – O dedo do pé esquerdo dela está reagindo ao tratamento de choque, ele se contrai quando liberamos a carga elétrica... – minha mãe soltou um "graças a Deus".

– Mas eu continuo não sentindo nada! – exclamei, e mesmo não podendo vê-los, sabia que estavam me encarando. Como podem comemorar uma coisa insignificante dessas? Só vou comemorar quando de fato eu estiver andando – Continuo na cadeira de rodas, paraplégica!

– Melissa, você tem que acreditar nesses pequenos avanços... É aos poucos. – soltei uma risada de deboche e ouvi um suspiro longo.

– Eu quero ir embora!

– Filha nós ainda temos que ir ao oftalmologista...

– Eu quero ir para casa. – disse pausadamente interrompendo minha mãe.

A partir de hoje eu desisto da fisioterapia, desisto dos exames e remédios para restaurar minha visão. Chega! Eu estou me conformando com a desgraça que me aconteceu.

O que não sai da minha cabeça é o porquê que isso aconteceu comigo, tanta gente ruim no mundo, que fazem mal aos outros, psicopatas, ladrões etc, por que com eles não acontece isso, mas comigo aconteceu? Sei que estava bêbada, e que se não tivesse bebido estaríamos bem, tanto eu quanto meu irmão, mas é injusto!

– Antes de irem, eu posso ver seu olhos Melissa? – doutor Júnior questionou. Não entendi o porquê, já que ele nem é oftalmologista. Dei de ombros tirando os óculos escuros que sempre usava. Senti o doutor se aproximando do meu rosto, pois sua respiração batia em mim. – Eles continuam azuis... Um perfeito e vivo azul... – ele soltou um riso abafado. Eu lembrava da minha aparência antes de perder a visão, porque dizem que depois de um ano e meio sem enxergar, você começa a esquecer como as coisas são, mas eu ainda me lembrava. Cabelos longos castanho escuro, olhos azuis, uma estatura não tão alta, boca rosada, pele dourada... – Você devia guardar um pouco esses óculos, Melissa... Você tem olhos lindos. – ao ouvi-lo dizer isso, deixei escapar um sorriso, e sei que eles notaram. Provavelmente minha mãe nunca me viu sorrir após o acidente, até porque eu não tinha motivos para isso. Coloquei os óculos novamente, e fiquei brincando com minha mãos, enquanto minha mãe e o doutor se despediam.

Point of View - Vincius

Se existe um lugar que eu amo estar é na casa do meu Pai. Eu amo essa atmosfera que ele cria quando o adoramos.

Era encontro de jovens hoje a noite. Nós íamos para um lugar rodeado de pedras, que ficava na praia, e fazíamos uma noite de adoração.

Estávamos ensaiando os louvores para hoje a noite, e mesmo no ensaio, Jesus se faz presente e nos vê ensaiar.

– É quem tu és, é quem tu és, é quem tu és... Eu sou amado por ti. É quem eu sou, é quem eu sou, é quem eu sou... Tu és um bom, bom pai... Sim Deus, tu és um bom pai, maravilhoso pai... É quem tu és pra mim, é quem tu és, é quem tu és... Eu sou amado por ti, Deus! – os instrumentos pararam, e ficou somente os vocais cantando, e eu que ministrava o louvor. – Mais uma vez... Huh... Tu és um bom, bom pai, oh... Tu és! Tu és o meu bom pai... – fechei meus olhos com força, abri os braços, e deixei que o espírito santo me levasse pra onde quer que fosse através dessa canção. Ainda me pergunto como duvidam da realidade de Deus se quando o buscamos, ele sempre se manifesta. – Obrigado Deus, por ter me dado a oportunidade de ser seu filho... Oh... Eu sou amado por ti... Obrigado pela cruz, porque através dela hoje eu sou seu filho! – voltei a dedilhar a guitarra lentamente, assim como os outros instrumentos voltaram – É quem eu sou, é quem eu sou, é quem eu sou... Tu és um bom, bom pai!

O Que os Olhos Não Podem VerDonde viven las historias. Descúbrelo ahora