O Assassinato

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- Morto, como assim?! O Dr. Brian não pode ter morrido dessa maneira!- exclamei perante tal absurdo.

- É verdade, Elise. O corpo dele foi encontrado no Primrose Hill, debaixo de uma árvore, decepado...- repondeu o Dr. Moon.

- Eu vou já para aí averiguar o resto da situação.- e desliguei rapidamente o telemóvel.

Era difícil de acreditar como uma pessoa tão decente como ele pudesse ter morrido de uma maneira tão bárbara. Não havia motivos alguns para o assassinarem, contudo era esta a realidade, e nós tinhamos de a enfrentar.

Enquanto conduzia não parava de imaginar o seu corpo desmenbrado, a jorrar sangue... Presenciar isso era o meu trabalho, sendo eu médica, mas ver um amigo nesta condição era algo totalmente diferente, algo que eu não conseguia imaginar.

Quando cheguei a realidade saltou-me rapidamente aos olhos. Era ainda mais horrivel do que pensava. Os seus olhos vidrados, a olhar para o vazio faziam-nos sentir amedrontados. Tentando não mostrar o meu lado horrorizado analizei por uns segundos o corpo. Nas extremidades onde antigamente estavam os membros agora haviam poças de sangue a coagular.

O Dr. Moon, que tinha ficado uns tempos ainda a verificar o cadáver antes que o recolhecem encontrou um pedaço de papel. Institivamente meteu-o ao bolso. Em seguída, notando o estado em que eu estava, veio ter comigo.

- Porque é que não vamos tomar qualquer coisa? Tu pareces não estar muito bem.- perguntou-me ele.

Como é que achas que devia estar depois de ver o que vi? Aquela pergunta parecia-me totalmente descabida naquele momento. Tudo aquilo que me apetecia era voltar para o hotel, fazer as malas e voltar para a minha casa. Contudo não tinha escolha possível, o Dylan já me estava a levar para o carro dele.

Eram 06:30 da amnhã quando chegamos ao café Rounge, perto da loja Harrods. Um café forte vinha mesmo a calhar, pensei eu. Como ainda não estava muita gente o nosso atendimento foi rápido.

- Então, estás melhor? Não é de imaginar como uma médica como tu pudesse ficar num estado tão alterado...- brincou ele. Era extraordinário como mesmo naquelas circunstâncias ele tinha algo irónico a dizer.

- Eu não estou alterada, apenas... é difícil ligar com casos destes quando está relacionado com um amigo...- reclamei, aborrecida.

- Já conhecias o Brian há muito tempo?

- Trabalhei com ele algumas vezes, era um bom profissional.

- Sabes, eu não te queria dizer isto quando estavamos no Primrose Hill, porque estava muita confusão lá, mas enquanto eu estava a observar o corpo do Brian, eu reparei que estava um papel no chão. Estava manchado de sangue, por isso o assassino deve de o ter escrito...- informou-me o Dylan, mostrando-me o papel ensanguentado.

- E achas que aqui também é seguro?! Isto é um lugar público!- adverti eu, susurrando-lhe.

- O melhor será irmos para um síto privado, uma vez que lá já não nos chateiam.- sugeríu-me.

- Muito bem, para onde vamos?- perguntei, sem mesmo querer saber a resposta.

- Vamos para a minha casa, não fica muito longe daquí.

A casa do Dylan ficava no nº 56 da Brompton Road, num prédio laranja. A casa era relativamente grande e bem mobilada, mas isso não era importante, nós apenas precisavamos de um sítio para pensar.

Sentamo-nos na mesa do escritório dele e, ansiosos abrimos o papel. A princípio não fazia sentido algum, tinha escrito apenas a morada da sede da ONU na Europa.

O bilhete foi escrito pelo Brian, foi o que me veio à cabeça, eu reconhecia a letra dele. Já o Dylan estava mais interessado na parte inferior do papel, parecia que o tinham rasgado.

Passamos a manhã toda a analisar o estranho papel. Que sentido faz um microbiologista da Onu escrever a morada da própria sede na Europa da instituição para que trabalha?

Bom, sozinhos não iriamos descobrir o que se passava, por isso decidimos encontar-nos com um dos melhores amigos do Brian, o Dr. Vladimir.

Fomos ter com o Dr. Vladimir ao Knightsbridge Hotel, onde eu estava hospedada. Nunca o tinha visto, mas aquele rosto não me inspirava confiança. Ele era russo, mas tinha vindo para Inglaterra com 5 anos. Conhecia o Brian dos tempos da escola e, mesmo tendo seguído carreiras completamente diferentes continuaram a ser amigos... até ontem.

- Estou certo de que já soube o que aconteceu ao Brian... Os nossos sentimentos.- disse o Dylan.

- Obrigado, e quem é esta senhora que traz consigo?- inquiriu desconfiado o Dr. Vladimir.

- Chamo-me Elise Bernet. Tal como o Dr. Moon sou médica e faço parte da ONU e da mesma equipa de investigação em que trabalhava o Dr. Brian.

- Umas semanas antes de morrer, o Brian contou-me que ia para Genebra, para a sede da ONU, infelizmente não pôde realizar tal viagem.

- A sério, isso parece-me estranho, porque quereria o Dr. Brian ir à sede da ONU?- perguntou o Dylan.

- Pareceu-me que ele queria discutir algo pessoalmente com os chefes da organização, mas não sei de detalhes.

De imediato despedimo-nos o Dr. Vladimir. O nosso próximo passo era certo, porém poderia não ser muito conveniente. Deixar este assunto para a polícia era algo que nós não poderiamos fazer, isso iria por em causa a nossa pesquisa... e a minha vida. O próximo passo era irmos a Genebra.

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