Quinta-feira, 16:18
Kaliana Narrando
Completou duas semanas desde que passei a morar aqui no complexo, raramente eu saia de casa pra alguma coisa, Deco não permitia e por mais entediada que ficasse eu entendia o seu lado, ele não deveria nem estar me ajudando sendo ex mulher de quem sou.
Passo a maior parte do meu tempo cuidando da casa e desenhando, Mari me emprestava seu notebook no período que ela não estava usando e eu assistia algumas aulas online do meu antigo curso e relembrava de algumas técnicas básicas. Só essas últimas duas semanas desenhei quatro peças de vestidos.
— Você deveria investir nisso, teus desenhos são bons.
Me assusto com o tom de voz próximo, tanto que deixo até o lápis cair, Grego se aproxima e pega pra mim, me entrega e aponta pra o local vago do meu lado.
— Posso sentar aí?
Deco inventou um churrasquinho aqui em casa, estava começando a conhecer os seus parceiros e a maioria parecia ser gente boa mas o Grego é o único que vem tropar papo comigo, sem mencionar que todo santo dia ele vem trazer doces pra essas crianças, Kalicia me pertuba a cabeça esperando ele aparecer e o pior é quando ele deixa de dá as caras.
— Você trampava com isso antes?
—Não cheguei a começar a trabalhar, parei o curso.
— Mas da pra vê que tu pegou um conhecimento maneiro.
— Precisei assistir algumas aulas pra relembrar um pouco, mas é a prática né? Leva a perfeição.
Ele abre um sorriso e concorda, molha os lábios terrivelmente atraentes e eu tento não olhar muito, tento não pensa maldade com esse cara mas é impossível.
Nosso contato visual é quebrado pelo ruído do seu áudio, ele pega o aparelho e leva próximo a boca.
— Manda, Jorginho.
— Escobar passou a visão da situação da rota doze, possível engarrafamento, nada confirmado mas na dúvida melhor avisar.
Finjo não estar ouvindo, deslizo a ponta do lápis por alguns traços no papel enquanto ouço a conversa.
— Já saíram?
— Não, tamo esperando a ordem.
Grego fica calado por um instante.
— Deixa essa mercadoria pra amanhã, Jorginho, é muito produto pra arriscar cair em mãos errada. Vou avisar o jota.
— Firmeza. Fé aí.
Silêncio. Ouço ele puxar o sino do WhatsApp.
— Jota, da uma moral aí nessa mercadoria, segura esse carro até amanhã de manhã, consigo segurar as pontas aqui com o produto que tá no estoque. Jorginho tá seguindo praí nativa.
—Mamãe..— ele envia o áudio logo após ouvir o chamado da Kali vindo até a gente com a expressão aborrecida — Vitinho pegou minha tiara.
— Pega de volta.
— Taí o problema, mamãe, ele fica levantando o braço assim ó — gesticula
— pra eu não pegar, ele é um chato dos grandes. — Suspira aborrecida, olha pra o Grego do meu lado e finge não vê.—E ae boneca, não existo não é?
—Oi. — Diz simplesmente e se volta pra mim — Mamãe..
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Meu Recomeçar [MORRO] (No Telegram)
Novela JuvenilApós uma briga doméstica, Kaliana Mendonça foge da sua casa toda ensanguentada carregando consigo a filha de dois anos. Sua única esperança é ir em busca de ajuda, como a polícia não pode a ajudar, sua única saída é ir atrás do seu irmão, Deco, sub...