3 - Exuberante morte

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Aaaah - Soltei um grito - Mas... como? Isso não pode estar acontecendo.... Esta doendo muito.

Eu havia caído em cima de correntes com ganchões de ferro usado para pendurar carne, um deles perfurava minha perna direita, outro gancho se afundava em meu peito e logo fui perdendo o ar, enrolado em muitas correntes a 2 metros do chão.

- Me... ajude - Implorei.
- Vejo que você ainda não aprendeu nada, desculpe filho, não posso ajuda-lo, você já esta morto.

E aos poucos fui perdendo a consciência, aquilo não poderia ser o fim, era besteira morrer daquele jeito.

Meus olhos se fechavam, a dor sumia, meu sofrimento estava no fim.

Uma luz me incomodava, senti meus olhos coçarem para abrir, e fiz. Podia me ver em um quarto, com pisos e paredes brancas, com um grande piano preto na minha frente.

Júlia estava sentada no banco do piano de costa para mim, com um longo vestido preto que chegava ao chão, apenas seus dedos tocavam em cada nota, mas não saia som algum, tentei gritar, mas nem eu mesmo me ouvia, tentava andar, mas não conseguia me mover.

Júlia parou de movimentar seus dedos, olhou para cima, e um relógio surgiu caindo ao lado dela e se despedaçando -Vincent, você falhou, chegou a hora de voltar - Disse ela, aparecendo em minha frente num piscar de olhos.

- Do que você esta falando. Hora de voltar para onde? Por favor me explique, aonde estou? - Perguntei a ela.

Mesmo ela na minha frente, parecia não querer me falar nada, com um olhar de medo olhando para mim. Seus olhos se reviraram e surgia apenas o branco dele, lagrimas de sangue escorria pelo seu rosto, o que era branco se tornava preto, como se uma névoa escura tomasse conta de seus olhos.

Júlia então aproximou suas mãos em seu rosto e começou a arrancar sua pele.

- O que você esta fazendo? Pare! - Tentei interrompe-la sem sucesso
- Pare de fazer perguntas, seu animal tolo - Se irritou.
- Sua pele... - Falei assustado.

Ela continuou a arrancar sua pele até seu rosto ficar com toda sua carne amostra e com muito sangue escorrendo.

Tudo se apagou.

- Aonde estou? - Perguntei ao vazio.

Nada mais eu via, apenas o escuro dominava minha visão, o bater do meu coração ecoava pelo lugar, fiquei em dúvida, qual a necessidade dele bater, se não tenho mais a vida?

- Acho que funciona assim, deve demorar muito para você aceitar que esta morto.

Bom, acho que eu estava morto, não consegui entender o que tinha acontecido comigo, pelo menos, tudo aquilo tinha acabado, não pude me despedir da Júlia, não fazia ideia da onde ela poderia estar, mas eu sabia que ela estava bem.

E então meus olhos se abriram, uma luz me segou por alguns segundos. Eu estava deitado em uma cama, sentei, pude tocar os pés no chão de madeira. Aquilo era o céu?

Naquele quarto, havia duas janelas, uma de frente para a outra também de madeira, levantei e fui até a janela meio desorientado, então pude notar que estava em minha casa, no meu quarto no segundo andar.

Tinha um grande limoeiro na fachada de casa aonde eu gostava de brincar quando criança, estava cheio de limões os galhos batiam na janela do meu quarto, já batia a vontade de fazer uma limonada com muito açúcar.

- O que diabos esta acontecendo? - Disse, olhando para a cama - Aquilo tudo foi um sonho? não pode ser.

Saí do carro, desci as escadas e peguei um calendário que ficava na bancada ao lado da tv na sala, era 1° de Janeiro. O que eu vivi parecia tão real.

Domínio da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora