11 - A vida é mais que isso

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— Fecha a porta. — Diz Ás.

Nós quatro entramos na sala de dispensa da cafeteria, onde existia apenas uma porta, a qual acabamos de entrar, a porta é de ferro, precisou do Will e Ás para podermos fechar.

Não demorou muito para ouvirmos arranhões e batidas na porta.

— O que vamos fazer? — Pergunta Dalila com as mãos na cabeça, a mais assustada entre nós.
— Devemos esperar um pouco e se acalmar. — Will tenta acalmar Dalila.

A dispensa era pequena, cheio de potes com café em pó e variedades de sabores de chá. Credo.

Ás matou aquele cara, Zeta estava segurando uma cabeça, o que estava acontecendo.

As coisas estavam ficando mais perigosa, e o medo está voltando a me comandar.

— Quem era Zeta? E aquela cabeça, era de quem? — Sentei perto de Ás para entender melhor a história — Clarice não era?
— Zeta e Clarice eram nossos amigos, entraram juntos com a gente no grupo de dentro da sala, eles sempre foram os alunos mais dedicados do Mestre.
— Mestre? Meu avô?
— Isso, vocês já jogaram jogos de tabuleiro né?
— Sim.
— Então, os jogos tem em base um conceito fantasioso que tem sua inspiração na vida real, e nisso usamos eles para referenciar nossas ações. A vida é um jogo, quantas vez você já não ouviu isso? Até nos pequenos jogos temos escolhas a se fazer, não é assim a vida? Ter que passar obstáculos ou mesmo apreciar uma boa história? Seu avô era o grande Mestre, ele nos ensinou a usar nossas habilidades.
— Habilidades, tipo poderes? — Aquilo era muita loucura para minha cabeça, mas eu acreditaria em tudo.
— Não, os poderes são para os super heróis e vilões. Somos apenas a população que enxerga tudo isso e fica com medo, sempre esperando que alguém nos salve. — Ás começar a sorrir.
— Qual a sua habilidade Ás?
— Eu sou um líder nato, tenho idéias para a sobrevivência.
— Tipo um escoteiro?
— Não — Ás da um pequeno sorriso virando seus olhos para baixo. — Vincent, o mundo é muito perigoso, ainda mais onde vivemos, você tem uma missão, de trazer um pouco de paz para todos nós, você foi o projeto número 1 de seu avô, você é quem mais sabe sobre tudo isso, mas você tem esse apagões der repente, sempre parece que você está em outro universo. Nós confiamos em você naquele dia, você quis descobrir a verdade por trás da máscara de todo mundo. Eu, Dalila, Will, Clarisse e o resto do pessoal, esperamos que a carta na manga tenha dado certo.
— Eu juro que estou tentando lembrar de tudo, mas parece que a um bloqueio em minha cabeça, mas por que eu? Por que jogaram todas as esperanças em mim se eu não sei nem quem eu sou direito?
— Você tem que se esforçar, pessoas morreram para te ajudar.
— O que aconteceu lá atrás? Quem eram aqueles bichos atrás da gente?
— Eram Corrompidos, em seu primeiro estágio chamamos de Ctros, seguido de mais duas transformações, Ectros e Pectros. Todos são perigosos, sendo a última a pior, nunca vimos um de perto, só o seu avô, que foi o único que viu.
— Por que eles estão atrás de nós?
— O homem que pegou seu avô, Dia, ele é quem controla eles, e querem pegar a gente, por sermos os únicos com habilidades sobre humanas.
— Por que você está dizendo isso de novo a ele? — Diz Will meio confuso.
— O Mestre disse que o número 1 poderia ter perdas de memória constante, e lembrar ele não seria um opção, temos que faze-lo lembrar do que aconteceu.

Fico olhando o rosto de todos, pareço ser um intruso naquele local, sou o único que não lembra de nada, do passado… Do futuro? Seria possível isso?

O que o futuro representa para nós?

Alguma consequência de nosso passado e presente? O que é o futuro se sempre estamos no presente? Uma viagem para o passado não seria o meu presente? E o meu presente visto do passado seria o meu futuro?

Que viajem.

— Qual as habilidades dos outros? — Pergunto curioso.
— Will tem uma força sobre humana, além de seu corpo ter uma resistência para lá de invejável. Dalila, tem um coração forte, capaz de sentir o que cada um de nós está sentindo, uma empatia poderosa que pode se tornar uma maldição.

Ás olha para Dalila, e baixa a cabeça. A moça parecia incomodada.

Ficamos por volta de 30 minutos lá dentro, aquilo já estava nos perturbando, não sabíamos se ainda era dia ou se já era noite, nem sabíamos se aquelas coisas estavam lá fora.

As luzes se apagam.

— Meus Deus! — Exclama Dalila.
— Alguém tem alguma lanterna? — Pergunto com um pouco de esperança.

O escuro me dava muito medo, e a sensação de claustrofobia parecia me admirar.

— Escuro te dá medo?
— O que? Ás?
— Ei, por favor, não me confunda com esse verme, sou eu, Dia, espero não está te atrapalhando.
— Como… Como você entrou aqui?
— Ou, como você saiu de lá? Meu caro Vinícius.
— Não me chame assim, não te dei esse direito.
— A escuridão, ela é meu lar, foi por ela que eu te encontrei, e mandarei meus bichinhos atrás de você, será divertido, você e seus amigos não terão nenhuma chance, então dê adeus para eles. Ah, eles não podem nos ouvir, essa transmissão é exclusivamente sua.
— Cadê o meu avô? Não toque nenhum dedo seu nele?
— Hm, dedo? Você acha que sou um lixo como vocês? Patético.
— Eu não me importaria com o seu avô, não apenas ele, sei que você se importa com quem mais te amou nessa vida. Vamos, dê "Oi" para seu filho.

Uma pequena pausa, correntes se arrastavam, uma respiração se ouvia bem baixa, e uma voz doce de quem esperava seu nome ser ouvido enquanto seu bebê crescia.

— Filho?
— Mãe?
— Já chega, tirem ela daqui. Então Vinícius, essa voz, é de alguém que vale apena você salvar? — HAHA — Você é ridículo, continue atrás de mim, que trarei sua cabeça e jogarei nos braços de sua mãe, e dar seu corpo para os cachorros.
— SEU FILHO DA PUTA! Toque nela e eu matarei você, eu juro que te matarei.
— Pobre porquinho amedrontado. Adeus.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, a dor é grande, de ver sua família presa em um lugar que não passado pela minha cabeça nada que relacione um local de onde podem estar. Eu sou incapaz de ajudar, eu sou um inútil.

Perdoe me avô.
Perdoe me mãe.

Eu tento lutar contra isso, mas quanto mais eu tento entender, mais coisas não fazem sentido, minha vida parece de um recém nascido, eu quero ajudar, mas sou fraco.

Essa dor, essa agonia, tudo isso me sufoca, quem eu sou para ser destruído toda vez que abro os olhos? Sou algo importante, ou sou um porco em um abatedouro?

O que é essa vida? Como posso viver?

Quero apenas que isso acabe, não quero que ninguém sofra mais por minha causa, minha vida, minha família, tudo se destrói a cada segundo.

Eu respiro para sofrer.

Não é algo meu, eu não escolhi isso.

Por que isso está acontecendo? Eu sempre tratei todo mundo bem, nunca maltratei ninguém, sempre fiz tudo direito, obedeci meus pais sempre que podia.

*Suspiro*

— Mas eu não vou desistir, eu vou, eu quero vencer isso, eu descobrirei onde você está, seu monstro, e lhe mostrarei o quão forte sou, salvarei minha família, e é isso o que importa.

A VIDA É MAIS QUE ISSO, a luz sempre ganha.

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⏰ Última atualização: Jul 30, 2019 ⏰

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