Ella e seu tempo

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   Muitos chegaram a comentar que o tempo era apenas algo programado em nossas cabeças, sendo assim, inexistente.

   Mas para Ella, tempo significava mais que contar, mas que uma programação pré-estabelecida, mas que um sinal, mas que uma passagem, tempo era também um dom.

   O dom de cronometrar o passado e o futuro com o peso do presente, no qual a balança tem que estar pendendo não para a direita, não para a esquerda, mas sim em seu centro.

   Ella acreditava que saber domar o tempo era muito além de preestabelecer suas metas, era também checar a veracidade e precisão.

É saber o momento certo de agir mas também de abrir mão.
  

   Saber a diferença entre o tempo de fazer agora com o tempo de agora é apenas para sentir, nem sempre palavras são capazes de transmitir todo o nosso sentimento, sensação e gosto.

   O tempo nos passa correndo, para nos confundir e nos deixar atordoados. Mas Ella sabia. Sabia que se a hora era propensa e adequada para erros, ela o faria, sabia que teria que o fazer, pois os erros daquele momento são os erros que a faria crescer, expandir sua visão e notar, nem tudo são acertos, nem tudo vem de um sonhar, mas que temos que ter força e coragem para não desistir.
   Ser o suficiente para si, para então ver que o tempo é mero detalhe das nossas vidas, às vezes nem tanto incomuns.

   O tempo não te dirá um "não", não te dirá "sim", nem muito menos um "talvez". O tempo não fala, apenas quer ser sentido, da mesma forma que o vento, o equilíbrio perfeito entre tocar nossos rostos, e também chegar até nossos cérebros.

   O tempo em forma de segundos, minutos, horas, nos transforma em loucos, obcecados pelas voltas dadas do ponteiro, a ansiedade do viver e o medo de se perder o que ainda não se teve.

   O tempo geralmente nos doma mas do que pensamos, mas do que deveriam. O certo seria o inverso.

   Somos donos do tempo certo de nossas vidas, temos tempo para viver e também sabemos o destruir quando queremos, perdemos ele tantas vezes e no fim nem esquecemos de que somos realmente os verdadeiros culpados. Somos os imprudentes e perdedores ao mesmo tempo que vitoriosos por lidar à todo momento com ele.

   Temos amor à vida mas pavor à falta dela, e isso nos transcorre.
  
   Nossas veias se enchem, nossos peitos batalham por equilíbrio no mesmo momento que lidamos com a perda. Sempre queremos ganhar, ganhar, ganhar, mas a vida é assim, inesperada.

   Às vezes a gente ganha, tantas outras a gente perde. E nesse tempo confuso de perder e superar, vivemos.

   Sobrevivemos e esperamos ter novas chances para novas conquistas valerem a pena quando nossos olhos finalmente se fecharem.

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