Cheguei em casa sorrateiramente e, com a maestria de uma ladina, consegui chegar aos meus aposentos sem que ninguém me descobrisse. O fato é que: meus pais (lê-se: a corte que os manipula) nunca gostaram de eu me dedicar ao nosso povo a ponto de passar o dia inteiro com eles. Não que eles sejam maus governantes, longe disso. Mas preferem que eu fique em casa aprendendo política e bordado ao invés de ajudar as pessoas que, de alguma maneira, garantem o meu bem estar.
Acendi uma única vela e suspirei aliviada por não ter sigo pega. Tirei a grossa capa de couro que me revestia e a escondi rapidamente no compartimento secreto de meu guardarroupas junto com as “roupas de plebéia” que tinha usado para sair sem levantar suspeitas. Sobre o espartilho, achei prudente jogar o robe de cetim lilás que mamãe tanto gostava já que ela apareceria aqui a qualquer momento para me questionar sobre o sumiço do jantar. O problema é que eu não encontrava o tal robe em lugar algum.
O desespero se apossou de mim no momento em que ouvi a porta ranger. Então peguei o primeiro robe a vista e me joguei sob os lençóis, ainda ajeitando o robe em meu corpo. Me cobri por completo torcendo para que fosse somente um serviçal.
– Levante-se, Jade. Sou eu. - senti um leve pesar na cama enquanto a voz de meu irmão soava aos meus ouvidos trazendo alívio.
– O jantar acabou? - perguntei ainda sob as cobertas.
– Há algumas horas. Fiquei a sua espera perto da Praça D’Armas e quando vi seu vulto, lhe segui. - Zayn ajeitou seu corpo ao meu lado e sorri, repetindo seu ato.
Mas meu irmão me abraçou de súbito assim que me recostei ao seu lado, me assustando um pouco com sua ação. Principalmente porque não era um abraço qualquer. Era um abraço de despedida e ao mesmo tempo de incentivo.
– O que há? - perguntei em minha inocência, ainda abraçada à ele.
– Você foi entregue em casamento. - Zayn sussurrou.
Senti meu coração falhar uma batida e um sorriso se formou em meu rosto. Aquilo seria uma coisa boa. Talvez meu pai só visse uma aliança política. Minha mãe, talvez, um brasão e garantia de sangue azul aos seus futuros netos. Você, talvez, veja um absurdo. Mas tudo o que eu consigo enxergar é a oportunidade de ajudar meu povo de alguma forma, de honrar minhas raízes e fazer aquilo que eu nasci pra fazer. Mas isso só dependeria da família a qual estarei integrando.
Atormentada pelo pensamento de que não fosse tudo como imaginei, resolvi perguntar:
– À quem estou sendo entregue? - rompi o abraço e Zayn mordeu o lábio, ato que é quase uma herança de família quando há sinal de nervosismo.
– À Harry, primogênito da casa dos Styles. - suspirou. - Ao futuro Rei da Inglaterra.
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Meant to be Mine
FanfictionO destino, às vezes, usa as formas mais contraditórias existentes para fazer com que vivamos o amor.